Lourenço Caetano Cortela Marques nasceu em S. Lourenço a 7 de Agosto de 1811 e faleceu na sua casa do Largo Luís de Carmões, a 14 de Dezembro de 1902. É da quarta geração da Família Marques de Macau, o segundo filho de Domingos Pio Marques. Almotacé do Leal Senado em 1839; vereador em 1842, juiz de paz substituto das freguesias da Sé e St.º António em 1846, sendo pouco depois eleito procurador da cidade. Ainda em 1846 cooperou com o Governador Ferreira do Amaral na formação do Batalhão Provisório de Macau. Como procurador do concelho deve-lhe a cidade grandes melhoramentos, pois mandou iluminar e pôr nomes às ruas e numerar as casas. Exerceu o cargo de procurador de 1851 a 1856 e de 1859 a 1861. Em 1865 foi eleito vice-presidente do Leal Senado, passando a presidente em 1871. Foi também membro do Conselho do Governo e exerceu, interinamente, o cargo de procurador dos Negócios Sínicos. Sócio fundador da Associação Protectora da Instrução dos Macaenses (APIM), fundada em 1871. Quando foi presidente da Câmara, mandou levantar o 'Monumento da Vitória', celebrando a vitória contra os holandeses. Herdou de seu sogro a quinta onde se encontra a gruta de Camões e, durante os 47 anos em que ela esteve nas suas mãos, sofreu grandes transformações e melhoramentos, tendo ele a glória de ser o primeiro a honrar a memória do épico, mandando colocar em 1866 o actual busto em bronze executado na oficina de Manuel Maria Bordalo Pinheiro. Este facto mereceu-lhe ser condecorado com a comenda da Ordem de Cristo. Foi um dos mais ricos proprietários de Macau, arrolado como um dos 40 maiores contribuintes no ano de 1871. No fim da vida, porém, experimentou algumas dificuldades financeiras e vendeu ao Estado a quinta anexa à sua casa, deixando assim a gruta de Camões de pertencer a particulares. Foi um último gesto nobre de homenagem a Luís de Camões, pois recusara uma proposta muito mais elevada feita pelos jesuítas franceses, em benefício de uma muito mais modesta oferta do Leal Senado, permitindo assim que a gruta e a quinta subsistissem através dos tempos em mãos portugueses. Era muito respeitado e estimado por todos quantos o conheceram, que afluíam à sua casa e mesa, onde, ricos ou pobres, eram sempre bem acolhidos. Chamavam-lhe o 'Tio Lourenço', e os chineses davam-lhe o carinhoso nome de 'Pakapung', o 'homem dos pombos', porque a sua casa (actual sede da Fundação Oriente' tinha um segredo piso na zona central que fazia lembrar um pombal. Falava e escrevia correctamente português, francês e inglês e interessava-se muito pela história de Macau. Foi ele que relatou a Montalto de Jesus, o autor de Macau Histórico, todos os acontecimentos que se passaram durante os anos em que teve responsabilidades administrativas.

Informações relevantes

Data de atualização: 2019/09/19