Informações relevantes
Data de atualização: 2020/09/03
Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515
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Historiador, geógrafo e pensador pioneiro do reformismo moderno da China, natural de Shaoyang 邵陽, Província de Hunan 湖南. Cognominado Hanshi 漢士 e com o nome literário de Moshen 默深, Wei Yuan 魏源 nasceu em 23 de Abril de 1794 e aos 15 anos alcançou o grau académico de Xiucai 秀才 [Licenciado]. Em 1814, foi mandado estudar para Pequim, onde conseguiu o grau académico de Juren 舉人 [Graduado Provincial], em 1822. Em 1844, aos 50 anos, tornou-se Kinshi (Jinshi 進士) [Doutor]. No ano seguinte, foi nomeado magistrado distrital de Xinghua 興化, Província de Jiangsu 江蘇. Em 1849, tomou posse como magistrado distrital de Xinghua 興化, na mesma Província. Possui uma fértil produção literária e, de entre as suas obras mais conhecidas, pode-se destacar Haiguotuzhi 海國圖誌 [Tratados Ilustrados de Reinos Marítimos], que teve a sua primeira edição em 1844, com apenas 50 capítulos. A segunda edição, datada de 1847, foi aumentada para 60 capítulos. A terceira versão, de 1852, foi a mais volumosa, com 100 capítulos. Como o próprio autor reconhece, para o significativo enriquecimento da obra sucessivamente aumentada, serviu- se de informações recolhidas nas Sizhouzhi 四洲 誌 [Crónicas dos 4 Continentes], de Lin Zexu 林則 徐 e noutras fontes ocidentais. A obra Haiguotuzhi 海國圖誌 esclarece imensas dúvidas sobre as muitas variantes da palavra Portugal em chinês. [J.G.P.] Bibliografia: FAIRBANK, John K., The Cambridge History of China, vol. 10, Late Ch’ing, l800-l911, parte 1, (Cambridge, 1978); GAO Hong, Fangyan Shijie Wei Yuan yu Haiguotuzhi, (Shenyang, 1997); HUANG Liyong, Wei Yuan Nianpu [Biografia Cronológica de Wei Yuan], (Changsha, 1985); HUMMEL, Arthur W., Eminent Chinese of the Ch’ing Period, vol. 2, (Taipei, 1991); LEONARD, Jane Kate, Wei Yuan and China’s Rediscovery of the Marítime Word, (1984); LI Hanwu, Wei Yuan Zhuan [Biografia de Wei Yuan], (Changshan, 1988); LI Hu, Wei Yuan Yanjiu [Estudos sobre Wei Yuan], (Pequim, 2002); NA Yu; LIU Xu, Wei Yuan Zhuan [Biografia de Wei Yuan], (Pequim, 1998); TANG Si, Aomen Fengwuzhi (Xupian) [Crónica de Coisas de Macau (Continuação)], (Pequim, 1999); VONG Tak Hong, Aomen Xinyu [Crónicas de Macau], (Macau, 1996); WEI Ying, Wei Yuan Zhuanlue [Breve Biografia de Wei Yuan], (Pequim, 1990); WEI Yuan, Haiguotuzhi [Tratados Ilustrados de Reinos Marítimos], (Xangai, 1898); WEI Yuan, Wei Yuan Quanji [Obras Completas de Wei Yuan], (Changsha, 1989); WU Zhiliang; IEONG Wan Chong, Aomen Baikequanshu [Enciclopédia de Macau], (Macau, 1999); YANG Jibo; WU Zhiliang; DENG Kaisong (dirs.) Mingqingshiqi Aomenwenti Danganwenxian Huibian [Colecção Documental de Arquivos das Dinastias Ming e Qing relativos a Macau], vol. 6, (Pequim, 1999); YANG Shenzhi; HUANG Liyong, Wei Yuan Sixiang Yangjiu [Estudos sobre o Pensamento de Wei Yuan], (Changsha, 1987); Zongguo Jindaishi Cidian [Dicionário da História Moderna da China], (Xangai, 1982).
WEI YUAN 魏源 (1794-1857)
BRAGA, MARIA ONDINA SOARES FERNANDES (1932-2003). Maria Ondina Soares Fernandes Braga nasceu em Braga em 1932 e estudou na Alliance Française em Paris, licenciando-se em língua inglesa pela Royal Asiatic Society of Arts de Londres. Foi professsora de Inglês e de Português em Angola, Goa e Macau, residindo em Lisboa desde 1965. Macau e a China estão bem patentes na obra da escritora, que viveu em ambos os locais: entre 1961 e 1965 em Macau, onde foi professora no Colégio Santa Rosa de Lima, e em 1982, em Pequim, tendo leccionado na Secção de Português do Instituto de Línguas Estrangeiras. Em 1965 publicou o seu primeiro livro, Eu Vim para Ver a Terra, no qual reune crónicas de Angola, Goa e Macau. Três anos depois é a vez de dar à estampa alguns contos de inspiração chinesa, escritos em Macau, na obra A China Fica ao Lado, com diversas edições, e traduzida para chinês em 1991. Nesse mesmo ano publicou Nocturno em Macau, obra galardoada com o Prémio Eça de Queirós, da Câmara Municipal de Lisboa. A notória ligação de Ondina Braga à China passa ainda pelo facto de, mesmo a sua autobiografia romanceada, que mais tarde viria a constituir o livro Estátua de Sal, ter sido escrita em Macau (1963), sem, naturalmente, deixar de referir a sua Angústia em Pequim, publicada em 1984. Ciclo este da vida da escritora de alguma forma fechado com Passagem do Cabo (1994), em que, tal como no seu primeiro livro, reune crónicas de Angola, Goa e Macau, sendo, no entanto, patente uma postura de despedida dessas terras que viu. Em Março de 1990, Ondina Braga voltou a Macau, o que se repetiria no ano seguinte, por ocasião do lançamento da versão bilingue de A China Fica ao Lado. As impressões que então colheu da terra que lhe fora tão familiar estão registadas em diversos artigos, crónicas e entrevistas publicados na imprensa local e nacional, de que também foi colaboradora assídua. No Território, Ondina Braga tem publicação dispersa, ao nível literário e ensaístico, nomeadamente na Revista de Cultura e na Macau. Sendo uma das contistas portuguesas mais prestigiadas e galardoadas da actualidade, Maria Ondina Braga, desenvolveu, com igual êxito, a novela, a crónica, a narrativa, a biografia, o ensaio e a tradução. A sua colectânea de contos, A Filha do Juramento, composta por três livros, sendo o segundo deles dedicado à China, publicada em 1995 na cidade de Braga, assinalou a passagem do 30.° aniversário da carreira literária da autora que, entretanto, retomou a vertente autobiográfica e memorialista ficcionada em Vidas Vencidas. – Principais Obras. Romances: Nocturno em Macau, 1991 (2.ª ed., 1993); A Personagem, 1978. Contos: A China Fica ao Lado, 1968 (4.ª ed., 1991); Amor e Morte, 1970; A Revolta das Palavras, 1975; A Filha do Juramento, 1995. Crónicas: Eu Vim para Ver a Terra, 1965; Passagem do Cabo, 1995. Novelas: Os Rostos de Jano, 1973; A Casa Suspensa, 1982; Lua de Sangue, 1986. Narrativa: Angústia em Pequim, 1984 (2.ª ed., 1988). Autobiografias e memórias romanceadas: Estátua de Sal, 1969 (3.ª ed., 1983); Vidas Vencidas, 1999. Publicação de conjunto: A Rosa-de-Jericó (contos escolhidos), 1992. Bibliografia: SENA, Tereza; BASTO, Jorge, Macau nas Palavras, (Macau, 1998).
BRAGA, MARIA ONDINA SOARES FERNANDES (1932-2003)
Poeta e historiador de renome de Guangdong 廣東. Juntamente com Chen Gongyin 陳恭尹 e Liang Peilan 梁佩蘭, eram conhecidos como os “3 Mestres Literários de Lingnan 嶺南 (Guangdong 廣東)”. Primeiro nome Shaolong 紹龍, cognome Jiezi 介子 e outro cognome Wengshan 翁山. Natural de Panyu 番禺, Guangdong 廣東. Em 1646, quando os manchus atacaram a cidade de Cantão (Guangzhou 廣州), participou na resistência organizada pelo seu mestre Chen Bangyan 陳邦彥. Após a segunda ocupação tártara de Guangdong 廣東, ocorrida em 1651, converteu-se em bonzo daoista para não ser perseguido. Após algum tempo de vida retirada num pagode em Panyu 番禺, percorreu o Norte da China, onde mantinha estreitos contactos com os chineses da etnia Han 漢 que resistiam à dominação tártara, numa tentativa de restabelecer a Dinastia Ming 明, pelo que foi objecto de uma ordem de captura nacional. Viu-se obrigado a se refugiar no mais restrito anonimato. Em 1662, voltou à sua natal Guangdong 廣東 e visitou Macau. Com a conquista tártara de Taiwan 臺灣, viu definitivamente perdida a causa da recuperação da Dinastia Ming 明 e passou a dedicar-se às letras. Da sua fértil produção literária, pode-se destacar Guangdongxinyu 廣東新語 (Novos Tratados de Cantão), que possui, além de uma entrada dedicada a Macau, múltiplas referências aos Portugueses desta região e uma vintena de poesias referentes a Macau nas suas antologias poéticas. [J.G.P.] Bibliografia: OU Chu; WaNg Guichen, Qu Dajun Quanji [Obras Completas de Qu Dajun], (Pequim, 1996); PTAK, Roderich, “Notes on the Kuang-Tung Hsin-Yü”, in Boletim do Instituto Luís de Camões, vol. 15, n°s. 1-2, (1981); QU Dajun, Guangdongxinyu [Novos Tratados de Cantão], 2 vols., (Pequim, 1985); TAN Kaijian, Mingqing Shidaifu Yu Aomen [Mandarins das Dinastias Ming e Qing e Macau], (Macau, 1998); WANG Zongyan, Qu Wensha Xiansheng Nianpu [Biografia Cronológica do Senhor Qu Wensha], (Macau, 1970); WU Zhiliang; IEONG Wan Chong, Aomen Baikequanshu [Enciclopédia de Macau], (Macau, 1999); ZHANG Wenqin, Aomen Yu Zhonghua Lishi Wenhua [Macau na História e Cultura Chinesas], (Macau, 1995).
QU DAJUN 屈大均 (1630-1696)
Orientalista e professor dos departamentos de História e Geografia da Universidade de Paris, que 1900 recebe dessa mesma instituição, uma bolsa de estudo para viajar à China, publicando posteriormente Chine Ancienne et Nouvelle: Impressions et Réflexions (1902), cujo terceiro capítulo da primeira parte é dedicado a Macau. O “colorido” e “feliz” enclave, mais agradável que Hong Kong, agrada ao viajante, que descreve a paisagem humanizada dos palacetes da Praia Grande dos grandes mercadores chineses. O passeio marginal, adornado por postes do telégrafo, é o “orgulho de Macau”. Tal como muitos outros europeus, Weulersse visita a Gruta de Camões, afirma que o poeta aí terminara Os Lusíadas e descreve a vegetação e o observatório que então se encontrava junto do monumento, já em ruínas, bem como a Ilha Verde. As (quase) desertas calçadas estreitas, as cortinas nas janelas e uma missa transportam o visitante para a Idade Média, enquanto a igreja de São Paulo é descrita minuciosamente, embora os portugueses a deixem ao abandono. Weulersse assiste ainda a um funeral na cidade económica e comercialmente decadente, ao contrário de Hong Kong, mas bem guardada por sete fortes e militares e assistida por inúmeros religiosos. A maioria dos grandes negócios já não pertencem aos portugueses, mas aos chineses e ingleses, descrevendo o autor uma “quinta” de ópio e uma fábrica de tabaco e outra de chá, bem como uma “Casa di Jogo”, marcas da imagem do território referidas e descritas por inúmeros outros visitantes ocidentais. [R.M.P.] Bibliografia: WEULERSSE, G., Chine ancienne et nouvelle: impressions et réflexions, prefácio de Pierre Foncin, (Paris, 1902); WEULERSSE, G., Asie, Insulinde, Afrique, (Paris, 1925); CASTELO- BRANCO, Fernando, «Macao During the Last Year of the Last Century», in Review of Culture, n.° 30, 2.a ser., (Macau, Janeiro-Março de 1997), pp. 65-78.
WEULERSSE, GEORGES ou WEULERSSE, G. (1874-1950)
BOCARRO, ANTÓNIO (1594-?). António Bocarro nasceu em 1594, provavelmente em Abrantes. Filho de cristãos-novos, teve uma educação católica no colégio Jesuíta de Santo Antão. Mas, em 1610, foi convertido ao judaísmo por Manuel Bocarro Francês, um dos seus irmãos mais velhos. Em 1615 embarcou para a Índia, tendo prestado serviço militar em diversas expedições navais portuguesas. A determinada altura estabeleceu-se em Cochim, onde veio a casar e a estabelecer relações com a comunidade de judeus de origem portuguesa daquela cidade indiana. Por volta de 1624, contudo, depois de um período de sérias dúvidas existenciais, abraçou de novo o catolicismo, fazendo uma confissão voluntária perante a Inquisição de Goa, que o absolveu do seu passado judaizante. Em 1631, D.Miguel de Noronha, conde de Linhares, que tomara posse do governo do Estado da Índia dois anos antes, nomeava-o para o cargo de cronista e guarda-mor da Torre do Tombo goesa, com o propósito explícito de dar continuação às Décadas da Ásia, que haviam sido interrompidas com a morte de um dos anteriores cronistas, Diogo do Couto, em 1616. No exercício das suas novas funções, António Bocarro começou por preparar um Livro das plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do Estado da Índia Oriental, vasta e rigorosa compilação, concluída em 1635, dirigida a Filipe IV de Espanha e III de Portugal, onde se fazia um levantamento exaustivo das possessões portuguesas no Oriente, bem como de todas as rendas de lá provenientes e de todos os cargos de nomeação régia. Este trabalho fora expressamente encomendado pelo monarca ibérico, poucos anos após a sua subida ao trono de Espanha e Portugal, em 1621, com o intuito de ficar a conhecer em maior detalhe a extensão das suas possessões orientais portuguesas, que, na realidade, se estendiam desde Sofala, na costa oriental de África, até Solor e Timor, nas mais remotas paragens da Insulíndia. Bocarro teve a valiosa colaboração de Pedro Barreto de Resende, secretário do conde de Linhares, que se encarregou de elaborar o magnífico conjunto de desenhos que ilustram a obra. Uma das descrições e um dos desenhos incluídos no Livro das Plantas são dedicados precisamente a Macau, porto luso-chinês que é apresentado como “uma das mais nobres cidades do Oriente, por seu rico e nobilíssimo trato para todas as partes, de toda a sorte de riquezas e coisas preciosas em grande abundância, e de mais número de casados e mais ricos que nenhuns que haja neste Estado” da Índia. Este trabalho de Bocarro ficou na época manuscrito, tendo apenas recentemente sido objecto de uma edição crítica. A Década 13, extensa crónica dos feitos portugueses no Oriente, entre 1612 e 1617, também preparada por Bocarro no período que vai desde a sua nomeação para cronista até 1635, ficou igualmente inédita, só vindo a ser impressa em 1876, pela Academia das Ciências de Lisboa. António Bocarro trata nesta obra dos cinco anos do vice-reinado indiano de D. Jerónimo de Azevedo, embora inclua igualmente bastante material sobre os anos imediatamente anteriores. Trata-se de uma fonte preciosíssima para o conhecimento da presença portuguesa na Ásia, na primeira metade do século XVII, período especialmente mal estudado pela historiografia recente, durante o qual se assistiu na Ásia à chegada em força de potências europeias como os Países Baixos e a Inglaterra, que desde cedo começaram a disputar muitas das posições estratégicas até então dominadas por Portugal. O cronista português, entretanto, dedica especial atenção à Ásia Oriental, revelando, à semelhança de tantos outros escritores europeus da época, especial fascínio e interesse pela China. A primeira e única edição da Década 13 é hoje uma obra extremamente rara, só disponível em bibliotecas especializadas, pelo que a volumosa obra do cronista português mereceria decerto uma nova edição. Até à sua morte, em 1642 ou 1643, Bocarro continuou a exercer o cargo para que fora nomeado em Goa. A documentação seiscentista permite atribuir a António Bocarro duas outras obras: uma Reformação do Estado da Índia, cujo paradeiro hoje se desconhece; e uma Relação dos feitos de Sancho de Vasconcelos, capitão português da fortaleza de Amboíno entre cerca de 1571 e 1591, publicada por Artur Basílio de Sá em 1956. Na realidade, esta última obra parece ter sido escrita por algum autor anónimo e apenas transcrita por Bocarro. Bibliografia: BOCARRO, António, O Livro das Plantas de todas as Fortalezas, Cidades e Povoações do Estado da Índia Oriental, 3 vols., (Lisboa, 1992); BOXER, Charles R., “António Bocarro and the Livro do Estado da Índia Oriental”, n.° especial, (Lisboa, 1956), pp. 203-218.
BOCARRO, ANTÓNIO (1594-?)
Pensador moderno chinês, industrial e economista. Nasceu em 1842, no seio de uma família tradicional da Vila Yongmu 雍慕, Distrito de Xiangshan 香山. Estudou em Macau e, aos 17 anos, tendo sido reprovado no exame académico imperial a nível distrital, suspendeu os estudos, passando a dedicar-se a actividades comerciais. Durante a sua estadia em Xangai, aprendeu línguas estrangeiras e recebeu alguma educação de estilo ocidental. Nessa altura, constatando as dificuldades que a China atravessava, sentia intensamente a crise em que se encontrava esta nação, o que lhe inspirou um forte patriotismo e a ideia de salvar a nação com actividades mercantis. Como a sua terra natal ficava perto de Macau, localidade que visitara na adolescência e onde estudara, adquiriu profundos conhecimentos acerca das “tecnologias avançadas europeias”. Deste modo, lançou ideias sobre as “vias de se enriquecer”, afim de se poder contribuir para o desenvolvimento do capitalismo nacional chinês. Simultaneamente, apresentou propostas para melhorar os costumes sociais, revelando forte ódio contra o consumo do ópio. Durante o seu repouso em Macau, dedicou-se, de alma e corpo, à elaboração de Shengshi Weiyan (盛世危言) [Palavras Amargas para uma época Próspera], que é considerado o melhor documento teórico de todos os tempos do pensamento do reformismo moderno chinês. Apresentou, com base em informações muito pormenorizadas, os mais variados temas das reformas modernizadoras da China, alertando os chineses para a necessidade de urgentes reformas políticas. Assim, solicitava-lhes que dessem importância ao mercantilismo e à promoção da educação, de forma a possibilitar o enriquecimento da nação e o fortalecimento das forças armadas. A obra deste pensador beneficiou as reformas sociais da época com imensas mensagens inspiradoras, exercendo profunda influência nos movimentos reformistas que conduziram à queda da última Dinastia Imperial. Em 1907, Zhen Guanying 鄭觀應 viria a dar continuação à sua obra, tendo organizado a colectânea Shengshi Weiyan Houbian 盛世危言後編 [Palavras Amargas para uma época Próspera-Continuação]. [J.G.P.] Bibliografia: DENG Jingbin, O Primeiro Poeta do Meio Empresarial – Um Estudo sobre a Poesia de Zheng Guanyin, (Macau, 2000); DENG Jingbin, Zheng Guanyin Shixuan [Antologia Poética de Zheng Guanyin], (Macau, 1995); LI Jingquan; WU Xizhao; FENG Dawen, Lingnan Sixiangshi [História do Pensamento de Lingnan], (Guangdong, 1993); LIU Xianbin, “Zheng Guanyin Shengshiweiyan Zhengjia Dawu” [Shengshiweiyan (Palavras Amargas para uma época Próspera) e a Casa Grande da Família Zheng], in Revista de Cultura, n.° 6, (Macau, 1988); VONG Tak Hong, Aomen Xinyu [Crónicas de Macau], (Macau, 1996); WANG Jie, “Zheng Guanyin Yu xianggang” [Zheng Guanyin e Hong Kong], in Xueshu Yanjiu (Academic Research), n.° 10, (2002); WU Zhiliang; IEONG Wan Chong, Aomen Baikequanshu [Enciclopédia de Macau], (Macau, 1999); WU Zhiliang, Segredos de Sobrevivência: O Sistema Político e o Desenvolvimento Político de Macau, (Macau, 1999); XIA Dongyuan, Zheng Guanyin Ji [Obras de Zheng Guanyin], 2 vols., (Xangai, 1982-1988); XIA Dongyuan, Zheng Guanyin Ji [Sobre Zheng Guanyin], (Guangzhou, 1995); XU Xin, “Aomen Zheng Guanyin Guju Yiwu Chongde Houshi Hengbian Kao” [Um Estudo sobre a Placa Horizontal com a Inscrição de Respeito pelas Virtudes e Generosidade em Doações], in Revista de Cultura, n°s. 13-14, (Macau, 1993); YI Huili, Zheng Guanyin Bingzhuan [Biografia Crítica de Zheng Guanyin], (Nanjing, 1998).
ZHENG GUANYING 鄭觀應 (1842-1922)
BRAGA, JOSÉ MARIA ou BRAGA, JACK (1897-1988). Intelectual que se destacou na história Extremo Oriente, igualmente conhecido por Jack Braga, nasceu em Hong Kong a 22 de Maio de 1897, filho de conhecido membro da comunidade macaense da colónia inglesa de Hong Kong e de Olive Pauline Kollard, violinista, australiana de nascimento, que se havia fixado em Hong Kong por 1890. Foi o filho mais velho de uma família de treze filhos. O bisavô de J.M. Braga foi um dos pioneiros da comunidade lusa de Hong Kong, que ali se fixou após a sua ocupação pelos ingleses. Naquele território fundou a editora Noronha e Co., cuja actividade se prolongou por mais de cem anos, acabando por ser comprada pelo Governo de Hong Kong. O seu pai, José Pedro Braga, seguiria as mesmas pisadas e viria a ser impressor, editor e, posteriormente, director do Hong Kong Telegraph e de várias companhias locais, membro activo do Conselho Sanitário, hoje conhecido por Conselho da Cidade, e do Conselho Legislativo.Frequentou o St. Joseph’s College. Apesar de ter sido um dos melhores alunos da colónia de Hong Kong e ter o sonho de ser médico, o seu pai contrariou o desejo, pois queria que começasse a trabalhar para ajudar a família. Casou com Augusta e foram pais de sete filhos. A família deslocou-se para Macau e José Maria Braga foi leccionar as cadeiras de Língua e Literatura Inglesa no Seminário de S. José, na década de 1920. Tendo grandes dificuldades na expressão da língua portuguesa, comprou o seu primeiro livro a Viagem de Vasco da Gama. Ao dedicar-se ao estudo e investigação das primeiras relações entre a China e o Ocidente, deu origem a uma vasta obra que o realçou como um especialista no tema. Era conhecedor dos arquivos e bibliotecas de várias partes do mundo, como Japão, Inglaterra, Itália e Portugal, tendo encontrado muitos originais que deu a conhecer. Seria ali que o futuro padre Manuel Teixeira, com apenas 12 anos, o viria a encontrar. Professor durante vários anos no velho Seminário, coube-lhe o mérito de ter preparado algumas gerações de jovens macaenses no conhecimento da Língua e Literatura Inglesa, tão necessárias para um futuro mais adequado. Enquanto esteve em Macau foi conselheiro não oficial de vários governadores, no que tocava às relações entre Macau e Hong Kong. Foi correspondente da Reuter e do South China Morning Post. Ocupou também o lugar de gerente da Watco, empresa de fornecimento de água à China para ser usada em Macau, bem como desenvolveu outras actividades no campo da exportação e importação. Muitos dos seus alunos notabilizaram-se nas mais variadas actividades em Hong Kong, Xangai e outras cidades importantes do Extremo Oriente. Outros emigraram para a Austrália, Estados Unidos da América e Canadá, contribuindo para a divulgação da cultura de Macau nessas zonas. Durante a II Guerra Mundial, e apesar da sua família ser numerosa, pois incluía duas tias e uma avó, Jack Braga recolheu na sua casa muitas famílias refugiadas de Hong Kong, obrigando mesmo à venda de diversos bens pessoais para poder sustentar toda a gente. Segundo o jornal de Hong Kong, South China Morning Post, desenvolveu actividade em prol dos Aliados durante a Guerra do Pacífico, tendo sido o elo de ligação entre vários grupos dos Serviços Secretos, incluindo o governo chinês e o grupo de apoio ao Exército britânico. Jack Braga emigrou para a Austrália e, mais tarde, em 1973, para os EUA por motivos de saúde, onde fixou residência. Veio a falecer em São Francisco, a 27 de Abril de 1988, com 90 anos de idade. A sua vasta biblioteca, com cerca de 9000 livros, algumas primeiras edições raras, manuscritos, mapas, fotografias e desenhos, encontra-se na Biblioteca Nacional da Austrália, em Camberra. Alguns dos seus trabalhos estão sob o pseudónimo de J.A. Kollard, segundo o historiador macaense Luís Gonzaga Gomes, como, por exemplo, Early medical practice in Macao, publicado cerca de 1935 ou “Macao-Shekki Highway”, na Macau Review datada de 1930. Muitos dos seus artigos foram publicados nas revistas Boletim Eclesiástico de Macau, Arquivos de Macau, Mosaico, Studia, Renascimento, Boletim do Instituto Português de Hong Kong, Boletim do Instituto Luís de Camões, Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, Anuário de Macau. Segundo o seu amigo de longa data, Jeoffrey Bonsall, deveu-se a Braga a doação da casa e biblioteca de Robert Ho Tung (Hedong Tushuguan 何東圖書館). Este, quando regressou a Hong Kong após a II Guerra Mundial, foi persuadido a ceder a sua casa para efeitos culturais. Igualmente através de Braga, uma colecção completa do Hong Kong News, jornal de língua inglesa publicado pelos japoneses durante a ocupação de Hong Kong, foi comprada para a Biblioteca da Universidade. A sua vasta bibliografia encontra-se referenciada por Luís Gonzaga Gomes em Bibliografia Macaense, obra republicada pelo Instituto Cultural de Macau em 1987, bem como no n.º 2 da Revista de Cultura, 1988. Devido à sua contribuição para a cultura macaense, o Instituto Cultural de Macau propôs que, no dia 10 de Junho de 1988, lhe fosse atribuído o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, galardão que destaca personalidades cuja acção tenha contribuído para a expansão da Cultura Portuguesa no Mundo. Bibliografia: GOMES, Luís Gonzaga, Bibliografia Macaense, (Macau, 1987); José Maria Braga, Vida e Obra, (Catálogo, Macau, 1988).
BRAGA, JOSÉ MARIA ou BRAGA, JACK (1897-1988)
Personagem: | Pessanha, Camilo de Almeida |
Tempo: | Época da República entre 1911 e 1949 |
Após o estabelecimento da RPC em 1949 até 1999 | |
1916 | |
1990 | |
Local: | Portugal - Lisboa |
Palavra-chave: | Poeta |
Português |
Fotografia: | Pires, Daniel |
Fonte: | Arquivo de Macau, documento n.º MNL.01.09f.Icon |
Entidade de coleção: | Arquivo de Macau |
Fornecedor da digitalização: | Arquivo de Macau |
Idioma: | Português |
Tipo: | Imagem |
Fotografia | |
Preto e branco | |
Formato das informações digitais: | TIF, 1324x2000, 7.58MB |
Identificador: | p0001240 |
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