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Data de atualização: 2020/09/04
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A Portaria Provincial n.º 74 de 26 de Setembro de 1881 aprova os Estatutos do Club 'Sang-Li'. Segundo os estatutos, a fim desta associação é promover divertimentos para recreio dos mesmos sócios. Os divertimentos consistirão em jogos permitidos por lei como jogos carteados, dominó (kuat-pay), Chom-iun-chau, xadrez chinês, leitura dos jornais e livros, banquetes, concertos musicais. No recinto do clube não será permitido jogar o fantan, a roleta chinesa, ou outro jogo de azar, não mencionado acima. O capital desta associação consiste em $1,000, dividas em 50 acções de $20.
Criação do Club "Sang-Li"
No oitavo dia da quarta lua do calendário lunar, os comerciantes de peixe de Macau organizam uma festa de feições insólitas, conhecida por“festividade do dragão embriagado”. A data corresponde ao mês de Maio docalendário gregoriano, pelo que a original celebração coincide com as chuvadas torrenciais da Primavera, que lendas chinesas interpretam como odespertar do dragão marinho e a sua saída das profundezas dos oceanos. Os festejos, a cargo das “lanes” de peixe, restringem-se à comunidade chinesa ligada ao comércio do pescado, motivo porque as respectivas bancas ficam fechadas nos mercados durante três dias. Conta a lenda que os habitantes de uma cidade assolada por terrível e pidemia decidiram sacrificar um dragão (também se diz serpente, que se chama “dragão menor”no sul da China) marinho, cortando-o em três partes.Todos os que beberam água do mar misturada com sangue do dragão ficaram curados. O corpo do dragão desapareceu nas águas revoltas, mas foi ainda possível recuperar a cabeça e acauda. Para celebrar o milagroso evento, as gentes do mar organizam anualmente um cortejo composto só por homens que, em dança ritual e consumindo quantidades exageradas de vinho de arroz, empunham simulacros de cabeças e caudas de dragão, fabricadas de madeira, agitando-as sem cessar, numa busca ébria do corpo desaparecido. As bebidas alcoólicas simbolizarão as águas do mar onde o dragão foi sacrificado, que livraram a cidade da devastadora epidemia. Cecília Jorge relata outra versãodalenda: “Um dia um homem caiu ao rio onde vivia uma enorme serpente, horror das povoações ribeirinhas. Os conterrâneos, acorrendo em massa, retiraram-no da água, salvando-lhe a vida. Para o reanimar e evitar que apanhasse frio, encheram-no de aguardente, levando-o a um estado de embriaguez tal que ele, esquecendo todo o pavor que a sobriedade lhe daria, num gesto estóico desafiou e matou a serpente e cortou-a aos bocados, para que esta nunca mais ameaçasse a povoação” (numa das várias versões desta lenda, a personagem que enfrentou e esquartejou a serpente, ou o dragão, foi o próprio Buda). De acordo com a versão relatada pela autora macaense, os homens do mar ligados às lotas do peixe fresco, ao celebrarem esta festividade, pretenderão assinalar o feito heróico do seu antepassado. A mesma autora refere ainda que esta festa “parece não ser celebrada em mais nenhum local senão em Macau, ancoradouro último das tradições desta velha região de Heong San (Xiangshan香山), a “Montanha Perfumada”. Num espectáculo deveras insólito, algumas centenas de pessoas, normalmente sóbrias er ecatadas, dançam e embriagam-se ao som de tambores. O cortejo inicia-se com oferendas e preces, no pequeno e antigo templo de Kuan Tai (Guandi 關帝) (ou Kuan Kung [Guangong 關公]), o Deus Guerreiro, junto ao mercado de S. Domingos. Queimam-se pivetes de incenso, tão do agrado dos deuses, “batem-se as cabeças” e fazem-se invocações. O desfile segue entre panchões para uma volta ao Porto Interior. Os maus espíritos são vigorosamente atacados por peixeiros que esgrimem armas de Kung Fu (Gongfu 功夫). Detêm-se nalguns locais, junto aos mercados e lotas, para executar exorcismos. O significado purificador dos gestos parece confirmado pelas “folhas de pomelo, presentes em todo o ritual”. Ao longo da estranha procissão, que dura horas, a organização distribui pela assistência arroz cozido com vegetais,alimento que não é encarado pelos presentes como mera “sopa dos pobres”, assumindo antes um valor sacralizante. As pessoas acorrem com malgas e marmitas, sendo muitas as quetrans portam consigo para casa, para repartir com os seus familiares, aquela ração purificadora, garantia de sorte, de prosperidade nos negócios e de longevidade.Terminado o cortejo, as cabeças e as caudas de dragão que foram em punhadas para simular a luta assustadora do homem contra os monstros, são cuidadosamente guardadas, ainda que por pouco tempo. No mês seguinte, as mesmas cabeças e caudas, e outras idênticas, voltarão a surgir, mas então colocadas na proa e na popa dos barcos-dragão. Com esta festividade, os homens ligados aos negócios da pesca recriam um acto heróico. Simulam a luta terrível de um homem com uma serpente/ dragão. Mais do que uma orgia, a dança do dragão embriagado será uma luta do homem contra o mito. [A.J.G.A.] Bibliografia: BREDON, Juliet & MITROPHANOW, Igor, The Moon Year, (Hong Kong. 1982); CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain, Dicionário dos Símbolos, (Lisboa. 1982); CHRISTIE, Anthony, Chinese Mythology, (Hong Kong. 1983); COULING, Samuel, The Encyclopaedia Sinica, (Hong Kong. 1983); EBERHARD, Wolfram, A Dictionary of Chinese Symbols, (New York. 1998); JORGE, Cecília, Embriagar o Dragão, in Revista Macau, II série, (Macau, Maio de 1992), p. 5; JORGE, Cecília, Dragão, Dragão, in Revista Macau, II série, n.° 13, (Macau, 1993), pp. 22-31; ROCHA, Rui. O Início do Milénio sob o Signo do Dragão, in Revista Macau, II série, n.° 92, (Macau, 1999), pp. 274-283; WERNER, E.T.C, Myths and Legends of China, (New York. 1994); WILLIAMS, C.A.S, Outlinesof Chinese Symbolism& Art Motives, (NewYork. 1976).
FESTIVIDADE DO DRAGÃO EMBRIAGADO
Tempo: | Após o estabelecimento da RPC em 1949 até 1999 |
1999 | |
Local: | Península de Macau-Freguesia da Sé |
Largo do Leal Senado | |
Palavra-chave: | Dança de dragão |
Fonte | |
Santa Casa da Misericórdia |
Fotografia: | Wai-Keong, Lok |
Fonte: | Arquivo de Macau, documento n.ºMNL.01.79b.Icon |
Entidade de coleção: | Arquivo de Macau |
Fornecedor da digitalização: | Arquivo de Macau |
Tipo: | Imagem |
Fotografia | |
A cores | |
Formato das informações digitais: | TIF, 1333x2000, 7.63MB |
Identificador: | p0005491 |
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