Chamo-me Liu Wangjing. Teho 72 anos. Estou no negócio há 54 anos. Quando acabei o liceu, aos 18 anos, aprendi a fazer salsichas com o meu pai, e é o que faço até hoje. Mas o verdadeiro mestre foi o meu primo mais velho. Ele era um salsicheiro. Eu estudei com ele e aprendi as bases da salsicharia, picar a carne de porco, temperá-la, rechear as salsichas, torcer a extremidades e fazer uma bela fiada de salsichas. Como posso explicar? Os mais velho da geração anterior, queriam que os filhos e netos aprendessem a profissão e o negócio da família. Não tive escolha, tive de aprender. Tenho alguns clientes de geração mais novas.

Antes vinha o avô, depois o filho e agora o neto. Mais de 3 gerações. Alguns clientes são muito bons e fiéis. Antes da minha esposa se juntar a nós eu e o meu irmão geriamos o negócio. Há 11 anos o meu irmão reformou-se e a minha esposa veio ajudar-me. Há já quase 11 anos. Macau a partir dos anos de 1970 começou a receber turistas. Vêm ver as vistas, viajar e Macau começou a desenvolver-se. Na altura, pensamos que as salsichas não se comem diariamente. O negócio só é bom no final do ano. Então porque não vender outras coisas e diversificar o negócio para complementar o rendimento? Passámos de 40 a 50 bancas para apenas 2 ou 3. Como pode haver futuro no negócio? Eu acho que não há. Daquilo que vejo, todas as profissões desaparecem. Se eu pedir aos meus filhos ou netos para me seguirem, estou a enviá-los para um beco sem saída. Por isso não lhe peço. Não lhe vou pedir. E não vou achar que é uma pena. É altura de sair, como eu disse. Não há nostalgia neste negócio.

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Data de atualização: 2019/08/06