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Data de atualização: 2020/07/21
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AZEVEDO, MANUEL JOAQUIM BARRADAS DE (1746-1819). Nascido em Macau e baptizado na Sé, em 1746, Manuel Joaquim Barradas de Azevedo era neto de um “reinol” que, de seu nome Gaspar Barradas de Azevedo, conseguiu prosperar no início do século XVIII investindo nos tratos mercantis da cidade e, como sempre acontecia, chegando à vereação camarária e à mesa da Santa Casa da Misericórdia. A fortuna deste primeiro Barradas de Azevedo passaria para o seu filho varão Sebastião, mas seria consolidada e ampliada pelo seu activo neto Manuel Joaquim. À imagem do avô, cerzindo estreitamente poder económico e representação política, encontrámos Manuel de Azevedo a ocupar sucessivamente os cargos de almotacé camarário, em 1778, depois de alferes-mor, em 1792, chegando no ano seguinte à prestigiada posição de juiz ordinário do, nesta altura, ainda poderoso, Leal Senado. Em 1777, um estratégico casamento com Francisca Antónia Correia de Liger permite concretizar uma aliança fundamental com uma das mais poderosas dinastias políticas e comerciais da parte cristã do enclave. Ao lado do todo poderoso António Correia de Liger, muitas vezes vereador, procurador do Senado e provedor da Santa Casa, e do seu filho Filipe Correia de Liger, Manuel Barradas de Azevedo investe regularmente vários milhares de taéis de prata, sobretudo a partir de 1779, nos barcos e principais destinos comerciais animados por Macau: da Cochinchina a Surate, de Timor a Batávia. Acabaria por falecer na Sé, em 1819, mas deixando descendência que continuou a sua lucrativa actividade mercantil, mas já conveniente e estrategicamente baptizada com o poderoso apelido de Correia de Liger. Bibliografia: SOUSA, Ivo Carneiro de, A Outra Metade do Céu de Macau. Escravatura e Orfandade Femininas, Mercado Matrimonial e Elites Mercantis (Séculos XVI-XVIII), (Macau, 2006).
AZEVEDO, MANUEL JOAQUIM BARRADAS DE (1746-1819)
Em 1696, Giovanni Francisco Gemelli Carreri (1651-1725), viajante italiano, regressa a Macau vindo de Pequim, para voltar à Itália (via México). Deixa impressões sobre a cidade de Macau e ilhas circundantes no seu relato Giro del Mondo, publicado em seis volumes entre 1699 e 1700. (Cfr. Jorge, Cecília e R. Beltrão Coelho em Viagem Por Macau. Comentários, Descrições e Relatos De Autores Estrangeiros (Séculos XVII a XIX). Ed. Livros do Oriente. Governo de Macau, Macau, 1997, pp. 10-11).
Giovanni Francisco Gemelli Carreri regressa a Macau
Francisco António Pereira da Silveira faleceu na Sé a 16 de Setembro de 1873. Filho mais velho de Gonçalo Pereira da Silveira, nasceu na Sé a 2 de Dezembro de 1797. Frequentou o Seminário de Macau até à morte de seu pai, tendo desistido da ideia de ir para Coimbra cursar Direito, a fim de assumir a chefia da família e da casa comercial. Foi almotacé da Câmara em 1815, vereador do Leal Senado em 1822, escrivão do juiz de direito de Macau, irmão, tesoureiro e provedor da Santa Casa da Misericórdia. Casou com D. Francisca Ana Benedita Marques. Tem 5 filhos, o terceiro filho é Albino Pedro Pereira da Silveira.
Francisco António Pereira da Silveira faleceu
Faleceu Francisco João Marques em S. Lourenço a 16 de Fevereiro de 1869. Primeiro filho de Domingos Pio Marques de Noronha e Castelo Branco, da 4ª geração da família macaense 'Marques', nasceu em S. Lourenço a 25 de Junho de 1807. Capitão de navios. Em 1837 comandava a barca «Tranquilidade», que viajava para Bombaim e Singapura. Mais tarde fixou residência em Ning-Pó, no norte da China, onde foi cônsul de Portugal. Aí recebeu em 1854 a visita da corveta «D. João I» que fora enviada pelo governo de Macau para combater o pirata Apak.
Faleceu Francisco João Marques
AZEVEDO, JORGE PEREIRA DE (?-?). Soldado, capitão e comerciante português que viveu no século XVII. Pouco se sabe dele. No entanto, deixou um manuscrito sobre o relato das suas viagens pelo Oriente, encontrando-se uma das cópias na Biblioteca da Ajuda, com o título Advertência de muita Importância há Magestosa Coroa del Rey N. Sor D. João V e Apresentadas ao Conselho de Estado da Índia na Mão do V Rey D. Filipe por Jorge Pereira(?) de Azevedo, Morador na China em 1646 (cód. 54-XI-21-9). No referido documento fornece uma visão geral do império português do Oriente, por onde passou, realizando em simultâneo uma análise crítica sobre a decadência do mesmo, sugerindo diversas maneiras de ultrapassar a crise utilizando os recursos existentes. Refere que o Estado da Índia se encontrava completamente miserável e era pouco evangelizado, indicando que a Coroa portuguesa corria sérios riscos de o perder. Na sua opinião, havia uma má gestão do mesmo. Começa o texto destacando que teve uma experiência de vinte e quatro anos na Índia, servindo como militar, mas ao mesmo tempo como comerciante, referindo ser prática na época. Fundamenta as advertências que faz ao rei D. João V através da experiência adquirida nas zonas em análise, como militar, mas essencialmente como comerciante. O relato das suas viagens começa em Moçambique, onde afirma ter conhecido a zona dos rios Cuama, e as cidades de Mombaça e Melinde. Ao longo do texto vai indicando nomes de capitães, como o de Nuno Álvares Botelho, capitão do navio onde viajou, atravessando o estreito de Mascate e aportando a Diu. Percorreu também a área de Samatra, dizendo que foi através dos holandeses que visitou Jacarta. No entanto, diz concretamente que até à data da redacção do documento não tinha estado no Bornéu, Macassar, Solor e Timor. Indica que a época mais próspera para a gente lusa no Oriente foi quando se deslocavam por ano nove naus com cerca de quinhentos a mil homens. Relativamente a Macau, a que dedicou uma parte do manuscrito, visitou-a por volta de 1643, referindo haver um número muito elevado de mulheres cristianizadas. Considera que a viagem do trato ao Japão já não era suficiente, devido ao crescimento excessivo da cidade. No texto vai tomando em consideração várias hipóteses de como Macau se recuperar devido à perda do comércio com o Japão e a tomada de Malaca pelos holandeses, sugestões baseadas em rotas comerciais alternativas dentro da zona. Todo o texto está escrito de forma fluente e, aparentemente, com conhecimento directo dos lugares indicados. Bibliografia: MATOS, Artur Teodoro de (ed.), “‘Advertências’ e ‘Queixumes’ de Jorge Pinto de Azevedo a D. João IV, em 1646”, in Povos e Culturas, n.° 5, (Lisboa, 1996), pp.431-545.
AZEVEDO, JORGE PEREIRA DE (?-?)
ARAÚJO, ALBINO JOSÉ GONÇALVES DE (1797-1832). Nascido no Rio de Janeiro em 1797, Albino José Gonçalves de Araújo pertence a esse muito pouco estudado grupo de funcionários, militares e comerciantes brasileiros que viria a deixar o Brasil após a sua declaração de independência, em 1822, dispersando-se por vários outros horizontes coloniais portugueses. Araújo decidiria fixar-se em Macau ainda na década de 1820 para encetar próspera actividade mercantil. Beneficiando do seu conhecimento das produções das terras brasileiras, conseguiu tornar-se proprietário de um navio em Macau, o Conde de Rio Pardo, imediatamente especializado em tratos com o novo país independente, sobretudo na importação lucrativa de tabaco em pó, depois vendido com grandes vantagens económicas nos mercados chineses e asiáticos. A sua promoção económica sustentou, como era normativo na sociedade macaense epocal, o seu acesso aos dois principais pilares do “regime” da cidade: o Leal Senado e a Santa Casa da Misericórdia. Assim, em 1824, encontrámos já Albino de Araújo a desempenhar o cargo de almotacé do Senado para, a seguir, em 1829, ser consensualmente eleito irmão da Santa Casa, uma consideração absolutamente indispensável para integrar a sua actividade económica e situação social na comunidade da burguesia comercial católica que continuava a dominar os tratos animados por Macau. Falecido no enclave em 1832, o rico comerciante deixava ao seu único filho uma importante fortuna, em capitais mobiliários e imobiliários, avaliada em fartos quatrocentos contos que o seu singular descendente se encarregou de dissipar ao longo da sua europeia vida. Chamava-se Albino Francisco de Araújo este dissoluto varão que, nascido em S. Lourenço, em 1832, rumou para as atractivas boémias parisienses, percorreu as outras grandes capitais da Europa, instalou-se com excessiva generosidade nas noites portuenses e lisboetas, acabando por se suicidar em Paris, em 1872. Uma “história” que vários outros grandes comerciantes macaenses da primeira metade de Oitocentos foram dramaticamente partilhando: quando não era a concorrência económica a destruir-lhes firmas e negócios existia sempre essa transmissão de uma fortuna a filhos que preferia dirigir-se para o mundo europeu, entre educação e fascínio cultural, muitos acabando rapidamente por dissolver os fartos cabedais paternos. Uma sorte de legado e transformação sócio-simbólica, convidando os capitais da burguesia comercial macaense de outrora a investir na educação quase aristocrática dos filhos nos meios mais elitários europeus. Muito poucos conseguiram acumular e utilizar esta educação, muitos outros destruíram celeremente as operosas fortunas paternas destes grandes comerciantes oitocentistas de Macau. Bibliografia: FORJAZ, Jorge, Famílias Macaenses, vol. I, (Macau, 1996), 261-263; MOURA, Carlos Francisco, “Relações entre Macau e o Brasil no Século XIX”, in Revista de Cultura, n.° 22 (Macau, 1995), pp. 31-49.
ARAÚJO, ALBINO JOSÉ GONÇALVES DE (1797-1832)
BOWRING, SIR JOHN (1792-1872). Filho mais velho de Sarah Jane Ann Lane e de Charles Bowring, mercador unitário inglês, John Bowring torna-se também mercador, além de diplomata e escritor. Desde novo, enquanto funcionário de uma firma comercial, demonstra uma enorme aptidão para as línguas estrangeiras, dominando cerca de seis idiomas, entre os quais o português e o chinês, viajando frequentemente por razões comerciais, nomeadamente a Lisboa (1815). O diplomata é defensor do comércio livre, político Whig, amigo do ministro dos negócios estrangeiros inglês, George Villiers, e secretário pessoal de Jeremy Bentham, que conhecera em 1821, e que financia a sua Westminster Review e o recomenda, em termos profissionais, nesse mesmo ano, ao ministro português da Justiça. Após ter sofrido enormes prejuízos comerciais em 1847, em 1849 Bowring é nomeado cônsul inglês em Cantão por Lord Palmerston, tendo-se familiarizado rapidamente com as especificidades quer do China Trade quer da cultura chinesa, enquanto luta pelo alargamento dos direitos defendidos no Tratado dos Portos sino-britânico assinado após a primeira Guerra do Ópio. Com o início da revolta dos Taiping 太平, e face ao assassinato do governador João Maria Ferreira do Amaral, diversos portugueses emigram para Hong Kong, mas uma parte da comunidade inglesa refugia-se em Macau, onde o diplomata redige, provavelmente em 7 de Julho de 1849, no álbum do Conselheiro Lourenço Marques, o “Sonnet to Macao”. Em 1852, Sir Samuel George Bonham, ausenta-se de Hong Kong (1852-1853) e Bowring, aos sessenta e dois anos de idade, é nomeado ministro plenipotenciário, governador da colónia e superintendente do comércio inglês durante esse período, tendo sucedido oficialmente a Bonham dois anos depois, em Abril de 1854, após uma curta viagem a Inglaterra durante a qual recebe o título de Sir. Em Hong Kong, o português J. M. D’Almada e Castro é proposto para o cargo de secretário-geral do Secretariado Colonial, o que não acontece devido à oposição da comunidade inglesa em entregar um cargo tão importante a um residente não britânico. O governador planeia a construção de uma estrada ao longo da marginal do território, desde Navy Bay até Causeway Bay, projecto denominado “praia”, em honra da acção e influência dos portugueses no delta do rio das Pérolas, e, em 1854, é formado um grupo de 127 voluntários para defesa do território dos quais dezasseis são portugueses, o que demonstra a importância, empenho e estatuto da comunidade lusófona emigrada de Macau durante o período de formação da colónia britânica, nomeadamente durante a administração de Bowring. O diplomata demite-se em 1859 e volta a Inglaterra para casar, mais uma vez, aos sessenta e oito anos de idade e escrever sobre o Oriente. De acordo com alguns biógrafos do poeta, a cruz no topo da fachada das ruínas de São Paulo inspira os versos iniciais de um dos seus mais famosos hinos religiosos, que referem “a cruz de Cristo”. O escritor publica algumas das suas poesias na revista The Chinese Repository (Cantão, Outubro de 1851), a par de obras como “Some Account of the State of the Prisons in Spain and Portugal”, Pamphleteer, Londres, 1813, e The Kingdom and People of Siam (1853). Durante a sua estada em Hong Kong, Bowring visita várias vezes Macau, con¬tacta com a administração portuguesa e escreve sobre o pitoresco enclave, refúgio e casa oriental dos ingleses desde o século XVII até à fundação de Hong Kong. O diplomata-poeta redige ainda o já referido “Sonnet to Macao”, gravado numa lápide na Gruta de Camões em Macau, datado erroneamente de 30 de Julho de 1840, pois nesse ano Bowring ainda não tinha partido para o Extremo Oriente. Bibliografia: AAVV., Memoria dos Festejos Celebrados em Hong Kong por Occasião do Tricentenário do Principe dos Poetas Portuguezes Luiz de Camões, (Hong Kong, 1880); AA. VV., “Album da Gruta de Camões Copia Enviada à Sociedade de Geographia de Lisboa pelo Governo de Macau por Occasião de se Preparar a Reunião do Congresso Internacional dos Orientalistas em Lisboa (1892)”, in Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa, 12.ª série, n.°2, (Lisboa, 1893), pp. 81-100; BARTLE, G. F., “The Political Career of Sir John Bowring (1793-1872) between 1820 and 1849”, Dissertação de Mestrado, (Londres, 1959); BOWRING, John, in BOWRING, Lewin B. (ed.), Autobiographical Recollections of Sir John Bowring (Londres, 1877); BRAGA, J. M., Hong Kong and Macao: A Record of Good Fellowship, (Hong Kong, 1960); DYSON, Verne, “A Hong Kong Governor and his Famous Hymns”, in The Macao Review, vol. 2, n.° 2, (Macau, Agosto 1930), pp. 48 e 69; ENDACOTT, G. B., A History of Hong Kong, (Hong Kong, 1977); PUGA, Rogério Miguel, “Macau na Poesia Inglesa: Sir John Francis Davis; Sir John Bowring; W. H. Auden; Gerald H. Jollie e Alexandre Pinheiro Torres”, in AMARO, Ana Maria; MARTINS Dora (coords.), Estudos Sobre a China VII, vol. 2, (Lisboa, 2005), pp. 847-882; TEIXEIRA, Padre Manuel, A Gruta de Camões (Macau, 1999); YOUINGS, Joyce (ed.), Sir John Bowring 1792-1872: Aspects of his Life and Career, (Plymouth, 1993).
BOWRING, SIR JOHN (1792-1872)
Faleceu João Lourenço de Almeida em Macau a 4 de Setembro de 1864 (sepultado no Cemitério de S. Miguel). Da terceira geração da família macaense 'Almeida', nasceu em S. Lourenço a 29 de Maio de 1788. Foi Capitão de navios, aprovado por carta de Agosto de 1811, comandante do brigue «Elisa» (1823), do navio «Gratidão» (1825) e da escuna «Genoveva», que em 1837 viajava para Bombaim e Singapura. Irmão da Santa Casa da Misericórdia de Macau, eleito a 1 de Novembro de 1833 e almotacé da Câmara em 1834.
Faleceu João Lourenço de Almeida em Macau
Personagem: | Ho, Stanley, 1921-2020 |
Hotung, Robert, 1862-1956 | |
Tempo: | Época da República entre 1911 e 1949 |
12/1941 | |
Palavra-chave: | Comerciante |
Fonte: | Silva, Beatriz Basto da, Cronologia da História de Macau, Vol. III, Livro do Oriente, 2015, p. 268, ISBN 9789996575006 |
Idioma: | Português |
Identificador: | t0007553 |
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