Deolinda da Conceição nasceu em Macau a 7 de Julho de 1913 e faleceu no St. Paul’s Hospital de Hong Kong, a 24 de Maio de 1957. Frequentou o Liceu de Macau com distinção e estudou inglês em Hong Kong, onde fundou a Little Rose Garden, uma escola para crianças refugiadas de guerra. Foi professora de Português do ensino particular em Macau e Hong Kong, e, durante a II Guerra Mundial, dirigiu a Escola Portuguesa dos Refugiados de Hong Kong em Macau. Ainda durante o conflito partiu para Xangai, onde viveu algum tempo e sofreu na pele as contingências da guerra, tendo sido aprisionada num campo de concentração japonês juntamente com os dois filhos do seu casamento com Luís Gaspar Alves, José e Rui. Regressada a Macau, retomou a actividade jornalística, que havia iniciado como redactora do jornal A Voz de Macau, estando especialmente incumbida da tradução do serviço noticioso telegráfico de inglês para português. Integrando redacção do jornal Notícias de Macau, como secretária de redacção e responsável pelo respectivo “Suplemento Feminino”, nele publicou inúmeros editoriais; artigos de crítica literária e artística bem como de divulgação da cultura e tradições chinesas; crónicas de moda; e até uma boa parte dos seus contos. Foi também correspondente em Macau do vespertino lisboeta Diário Popular e professora de Inglês e de Estenografia na Escola Comercial. Em 1956, e causando um bom impacto na crítica, Deolinda da Conceição publica na Livraria Francisco Franco, em Lisboa, o seu único livro, Cheong Sam (Changshan 長衫), “A Cabaia” – Contos chineses, de que já se fizeram quatro edições e duas traduções para chinês. Alguns desses contos foram recentemente traduzidos para inglês e incluídos por David Brookshaw na sua antologia de contos de Macau. Pioneira da escrita no feminino em Macau e uma das raras escritoras de expressão portuguesa da sua terra, a autora retrata a condição da mulher na China e a sua própria vivência de mulher contemporânea de uma época de guerra e de sofrimento, que a marcou profundamente, testemunhando igualmente a sua identidade de macaense. Do casamento de Deolinda da Conceição com o seu colega de redacção do jornal Notícias de Macau, António Maria Conceição, nasceu, em 1951, o terceiro filho da escritora, o conhecido artista plástico de Macau, António Conceição, Júnior. – Principais Obras: Cheong Sam (Changshan 長衫), “A Cabaia” – Contos Chineses, 1956 (4.ª ed., 1995); Qi Pao, trad. de YAO Jingming, 1996; Zhong Guo Wen Lian Chu Ban She, trad. de JIN Guoping, 1999. Bibliografia: Fotobiografia de Deolinda da Conceição, Comemorativa do XXX Aniversário da sua Morte, (Macau, 1987); Deolinda da Conceição – Catálogo Fotobibliográfico, (Macau, 1995); SENA, Tereza; BASTO, Jorge, Macau nas Palavras, CD-ROM, (Macau, 1998).

Informações relevantes

Data de atualização: 2020/07/17