
Informações relevantes
Data de atualização: 2023/06/19
Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515
Data de atualização: 2023/06/19
No dia 20 de Novembro de 1704, o Papa Clemente XI aprova um decreto da Inquisição contra os “Ritos”.
Decreto da Inquisição contra os “Ritos”
COUPLET, PADRE PHILIPPE (?-1694). O padre Jesuíta Philippe Couplet, talvez mais recordado pelo seu papel na propagação da missão da China Jesuíta na Europa, por alturas de 1680, e por ter publicado os Confucius Sinarum Philosophus (Confúcio Filósofo dos Sinos) em Paris, durante este período, nasceu em Mechlin, na Bélgica, no dia 31 de Maio de 1623. Após ter frequentado uma escola Jesuíta, entrou para o noviciado Jesuíta em 1640, mas as suas esperanças iniciais de servir na América do Sul não tiveram sucesso. Um encontro com Martino Martini S.J. inspirou-o também para ir para a China, mas foi só em 1656 que finalmente deixou a Europa, juntamente com François de Rougemont S.J.. Depois de numerosas tentativas falhadas de viajar de Goa para a China, Couplet e Rougemont fizeram finalmente uma viagem por terra para o Sião, e foi a partir daí que chegaram a Macau em finais de 1658. Após uma breve estadia em Macau, Couplet obteve autorização para seguir para a China, tendo ficado instalado em Fuzhou 福州. Em 1551, o Imperador Kangxi 康熙 subiu ao trono e, durante algum tempo, a actividade Jesuíta foi proibida e um certo número de padres, incluindo, tanto Ferdinand Verbiest, como Adam Bell von Schall, foram aprisionados em Pequim. Outros, incluindo Couplet, voltaram para Macau, onde aproveitaram o tempo para melhorar as suas capacidades, e foi neste período que começou o trabalho sobre o Confucius Sinarum Philosophus, a tradução da filisofia de Confúcio para o Latim. Em 1670, a proibição da actividade Jesuíta foi levantada e os padres voltaram para a China, onde Couplet estabeleceu a sua missão na Província de Jiangnan 江南. Em 1679, Couplet foi eleito Procurador da Missão Jesuíta na China e, nessa capacidade, foi nomeado para viajar para a Europa e para ver o Papa para avançar a causa Jesuíta, especialmente no que se referia à Questão dos Ritos. Foi inicialmente decidido que ele iria acompanhado por cinco cristãos chineses, incluindo Wu Li 吳歷 (Wu Yushang 吳漁山/Simão Xavier da Cunha), mas esse número foi eventualmente reduzido para dois, e Philippe Couplet deixou Macau em 1681, juntamente com um jovem chinês, Michael Shen, Fuzon 沈福宗 e um outro cuja identidade não é conhecida. Sofreram um naufrágio próximo de Batávia, e só um ano depois é que conseguiram prosseguir até à Europa, ainda que o segundo noviço cujo nome se desconhece haja decidido não continuar. Desembarcaram na Holanda no dia 8 de Outubro de 1683, de onde viajaram para a Flandres natal de Couplet e fizeram os preparativos para a sua ronda pela Europa. A complexidade política desta ronda havia já sido originada em Macau, onde a nomeação de Couplet como procurador havia tido a intenção de fazer avançar a missão Jesuíta através de um apelo à nobreza católica da Europa, mas igualmente de publicar o Confucius Sinarum Philosophus em Paris, a fim de produzir um impacto em pleno centro da actividade intelectual e científica de finais do século XVII. Em Macau, alguns padres tinham sérias dúvidas quanto à capacidade de Couplet para atingir estes vários objectivos e havia resistência também em relação ao jovem chinês Shen 沈 que o acompanhava, uma vez que o seu Latim não era suficientemente fluente para conversar nas cortes da Europa. Contudo, Couplet e Shen 沈 obtiveram algum sucesso e foram recebidos por Luís XIV em Versalhes, onde o uso dos pauzinhos foi demonstrado e as orações recitadas em Chinês para impressionar o monarca. Este interesse em Michael Shen 沈福宗 era exactamente o que os Jesuítas haviam esperado despertar e Luís XIV obsequiou os seus convidados com uma mostra das fontes de Versalhes, normalmente reservada aos embaixadores e à realeza estrangeira. De França, seguiram para Roma, onde foram recebidos pela Raínha Cristina da Suécia, mas tiveram de esperar até 1685 antes de serem recebidos pelo Papa Inocente XI. Esta missão estava particularmente preocupada com questões que iriam mais tarde explodir na con-frontação dos Jesuítas com a política do Vaticano e com a tentativa de conciliar a prática confuciana com a doutrina católica. Couplet teve de ser especialmente cauteloso ao lidar com o Papa, uma vez que assinar um juramento à Propaganda Fide teria alienado a monarquia portuguesa, cujo controlo do seu padraodo eles insistiam continuamente. Assim, Couplet encontrava-se preso entre rivalidades contestatárias, já que a submissão a Roma teria significado a exclusão da missão chinesa, que os Portugueses controlavam, enquanto que a desobediência a Roma teria conduzido a uma séria proscrição papal, o que acabou eventualmente por acontecer alguns anos mais tarde. A missão a Roma foi largamente um falhanço e Michael Shen 沈福宗, juntamente com um outro Jesuíta, Francesco-Maria Spinola, viajou para Londres, enquanto que Couplet voltou para Paris. Em Londres, Shen 沈 foi apresentado à Corte e Jaime II encomendou um retrato do cristão chinês a Godfrey Kneller, que se encontra agora no Castelo de Windsor. Shen 沈 viajou igualmente para Oxford, onde ajudou a catalogar os livros chineses na Bodleian Library (Biblioteca Bodleiana). Em Paris, Couplet atarefou-se com preparações para a publicação do Confucius Sinarum Philosophus. Juntou-se depois a Shen 沈 e Spinola, em Londres, e juntos viajaram para Lisboa, onde chegaram em 1688. Michael Shen 沈福宗 entrou então para o noviciado Jesuíta e pronunciou os seus primeiros votos no dia 9 de Outubro de 1690 e, na Primavera de 1691, partiu para Macau. No dia 22 de Setembro de 1691, Michael Shen 沈福宗 morreu no mar, um dia antes de chegar à Ilha de Moçambique. Não foi autorizado a Couplet viajar de volta para a China com Shen 沈, porque ele e Spinola haviam jurado obediência à Propaganda Fide, e foi só em 1693 que conseguiu embarcar para Macau. A viagem de volta foi particularmente difícil, com a quase totalidade dos dezasseis Jesuítas a caírem doentes. Couplet ficou muito penalizado ao saber da morte de Shen, no ano anterior, quando chegaram a Moçambique. O desastre continuava a rondar o grupo, e numerosos padres Jesuítas morreram e Couplet entrou cada vez mais em depressão, e no dia 9 de Setembro sofreu uma série de ataques. Contudo, a sua saúde melhorou e continuou para Goa mas, aquando de uma violenta tempestade, Couplet foi apanhado pala bagagem que caía e morreu, provavelmente a 15 ou 16 de Maio de 1694. [G.T.] Bibliografia: “Philippe Couplet: A Short Biography”, in HEYNDRICKX, Jerome, Philippe Couplet S.J. (1623-1693): The Man Who Brought China to Europe (Nettetal, 1990), pp. 17-19; FOSS, Theodore Nicholas, “The European Sojourn of Philippe Couplet and Michael Shen Fuzong: 1683-1692”, in HEYNDRICKX, Jerome, Philippe Couplet S.J. (1623-1693): The Man Who Brought China to Europe (Nettetal, 1990), pp. 121-140; MALATESTA, S.J.; EDWARD, J., “The Last Voyage of Philippe Couplet”, in HEYNDRICKX, Jerome, Philippe Couplet S.J. (1623-1692): The Man Who Brought China to Europe (Nettetal, 1990), pp. 163-181; SERRURE, C.P., Het Leven van Pater Petrus-Thomas Van Hamme, Missionaris in Mexico en in China (1615-1772), (Ghent, 1871).
COUPLET, PADRE PHILIPPE (?-1694)
No dia 20 de Março de 1709, morre no Convento de St.º Agostinho D. Álvaro Benavente, O.E.S.A., vigário apostólico de Kiangsi, que se refugiara em Macau 3 meses antes, ou seja, a 1 de Dezembro de 1708. Os portugueses, o clero local e os missionários estrangeiros, aqui refugiados, tomaram parte nas solenes exéquias fúnebres em Stº. Agostinho, onde foi sepultado na nave central a 21 de Março; a tropa assistiu também ao funeral. Na capela-mor de St.º Agostinho, no local da sua sepultura, está uma inscrição latina, que diz: “Aqui jaz o il. D. Fr. Álvaro, nascido da nobre familia de Benavente em Salamanca, onde ingressou na Ordem do Nosso Padre Agostinho. Pelo zelo de propagar a Fé, demandou a Provincia das Filipinas, foi transferido para o Império da China e, depois de ter administrado brilhantemente a mesma Provincia e a Missão da China, foi promovido a Bispo de Ascalona e a Vigário Apostólico; faleceu em Macau aos 20 de Março de 1709, com 63 anos de idade, 9 de Episcopado. Descanse em paz. Amen”.
Morre no Convento de St.º Agostinho D. Álvaro Benavente
No dia 18 de Julho de 1847, o Sendo Bispo da Diocese D. Jerónimo José da Mata, foi fundada em Macau a Arquiconfraria do Imaculado Coração de Maria, na Paróquia de Santo António. O 1.º Centenário foi solenemente lembrado em 15 de Abril de 1947, sendo pároco o Padre José António Augusto Monteiro. Ao longo dos primeiros 100 anos inscreveram-se, segundo o livro do catálogo,1691 associados. (Cfr. esta Cronologia…, 1947).
Fundada Arquiconfraria do Imaculado Coração de Maria em Macau
CARDIM, ANTÓNIO FRANCISCO (?-1659). Os seus pais residiam em Viana do Alentejo, mas António Francisco nasceu na cidade do Porto, entre 1594 e 1596. Foi admitido no noviciado de Évora da Companhia de Jesus a 24 de Fevereiro de 1611 e a 18 de Outubro emitiu os seus votos de devoção no colégio de S. Roque, Lisboa. Voltou a Évora para terminar o noviciado e estudar humanidades e artes (Filosofia). Em 1618 viajou para Goa, dedicou quatro cursos ao estudo da teologia e celebrou a sua primeira missa em Fevereiro de 1621. Em 1623 foi nomeado para a província do Japão no Exílio. Cardim foi destinado ao Sião (Tailândia) a 8 de Dezembro de 1625, até ao seu regresso a Macau a 2 de Julho de 1629. Novos destinos foram dois meses em Tonquim, dois anos na Conchichina e uma breve estadia em Tonquim desde Março de 1631, depois da qual voltou a Macau, onde esteve três anos como mestre dos noviços e quatro como reitor, sendo simultaneamente comissário do Santo Ofício. Na congregação provincial realizada em Macau de 9 a 22 de Setembro de 1638, foi eleito para participar em Roma na Congregação Geral, como representante do Japão. Saiu de Macau em 1638, mas só em Setembro de 1642 chegou a Lisboa. Em Roma, enfermo, esteve prestes a morrer, antes de assistir à Congregação, de 21 de Novembro de 1645 a 14 de Abril de 1646. Em Maio e em Junho redigiu uma informação e um memorial referentes às actividades dos Jesuítas no Oriente. Em 1647 promoveu o envio de uma legação do rei de Portugal ao Japão, para suster a perseguição do shogun Tokugawa Iemitsu. Em 1649 empreendeu a viagem de regresso a Macau, mas a nau naufragou na costa antes de chegar a Moçambique e os expedicionários tiveram que seguir a pé. A etapa seguinte levou-o a Goa e, em 1652, embarcou a caminho de Macau, mas a 15 de Junho foram feitos prisioneiros por corsários holandeses. A 2 de Julho desembarcaram em Malaca, tendo sido levados para o cárcere de Negumbo na ilha de Ceilão e depois para a prisão da fortaleza de Gale. Três anos depois chegou a Goa, seguindo a pé por Cochim, Coulão, Travancor, pela costa da Pescaria e Negapatão. Aqui embarcou para Tenasserim, e de novo por terra até ao Sião. O barco que o levava a Macau foi desviado por ventos junto à ilha de Hainão (Hainan 海南), onde foi recebido com carinho pelos Jesuítas dessa missão, que lhe prepararam outra nau para atravessar até ao continente e seguir a pé para Macau. Cardim ofereceu-se para a missão do Cambodja, mas acabou por morrer em Macau a 30 de Abril de 1659. Embora nunca tenha podido pisar o solo japonês, a figura do infatigável Cardim ocupa um lugar importante na história da Província do Japão no Exílio. Precedido por Pedro Morejón e outros, dedicou-se à glorificação dos mártires do Japão, religiosos e laicos, primeiro como testemunha e depois como procurador no processo de Macau 1635-36. São bem conhecidas dos historiadores as obras das quais fazemos a resenha no final, algumas publicadas durante a sua estadia em Roma. Também são dignas de menção as suas intervenções a favor da Província do Japão, opondo-se a algumas pretensões administrativas do visitador Manuel Dias e do superior Álvaro Semedo, tendo ainda em outras ocasiões favorecido a causa da Vice-Província da China. – Principais Obras. Relatione della provincia del Giappone, 1645; Memoriale ad Reverendum admodum Patrem Nostrum Generalem, 1646; Fasciculus e Iapponicis Floribus, suo adhuc madentibus sanguine, 1646; Informação sobre a pretenção dos Padres da China em destruir a Província de Jappam, 1648; Batalhas da Companhia de Jesus na sua gloriosa Província do Japão, c.1651. Bibliografia: Dehergne, Joseph, Répertoire des Jésuites de Chine de 1552 à 1800, (Roma, 1973); TEIXEIRA, Padre Manuel, “Os Cardins”, in Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, (Macau, 1972), pp. 443-460.
CARDIM, ANTÓNIO FRANCISCO (?-1659)
CASAL, D. JOÃO DO (?-?). Nasceu em Castelo de Vide, província do Alentejo, por volta de 1641. Doutorou-se em Teologia pela Universidade de Évora. Tinha 49 anos, quando, em 1690, foi nomeado bispo de Macau. Sagrado em Lisboa pelo cardeal Alencastre, que foi assistido pelo arcebispo de Goa, D. Frei Agostinho da Anunciação, embarcou para Goa a 25 de Março de 1691. Chegou a Goa a 18 de Setembro desse mesmo ano e a Macau a 16 de Julho de 1692, sendo o primeiro bispo a governar a diocese desde a morte de D. Diogo Correia Valente, em 1633. Esta prolongada vacância tem-se atribuído ao não reconhecimento da Restauração da Independência de Portugal por parte da Santa Sé, que impediu o restabelecimento das relações diplomáticas com a cúria romana até 1668. Este facto teve a sua influência, mas não explica por si mesmo que só em 1690 se tivesse nomeado um bispo para Macau. Na verdade, esta prolongada dilação foi mais determinada pela Sagrada Congregação de Propaganda Fide, que pretendia confinar o direito de padroado aos territórios politicamente dominados pelo padroeiro, que pela questão do reconhecimento da Independência de Portugal. A nova definição do direito de padroado levantava problemas nas dioceses de Cochim, Cranganor, S. Tomé de Meliapor e Malaca, onde a coroa portuguesa não exercia qualquer domínio político, e ainda em Macau, por este bispado incluir na sua jurisdição toda a China e Indochina, cujos territórios, segundo o princípio dos propagandistas, teriam de ser desintegrados do Padroado Português. A situação das primeiras dioceses ficou resolvida em 1689 com a nomeação dos respectivos bispos, mas o provimento das sés de Macau e de Malaca levantava ainda outros problemas relacionados com a instituição de vicariatos apostólicos, em 1657, no Tonquim, na Cochinchina e na China, e, em 1668, no Sião. O estabelecimento da nova jurisdição eclesiástica não foi reconhecido pela corte portuguesa, mas isso não obstava a que a Santa Sé mantivesse os vigários apostólicos designados antes do reatamento das relações diplomáticas com Portugal. Acresce ainda que o Sumo Pontífice tinha aprovado o estabelecimento dos vicariatos apostólicos sem ter abolido formalmente o Padroado, pelo que passou a funcionar nesses territórios uma dupla jurisdição, que esteve na origem de graves conflitos e de acesas polémicas entre os missionários adstritos ao Padroado e os enviados directamente pela Propaganda Fide. A ascensão do cardeal Pedro Ottoboni ao sólio pontifício em 1689, com o nome de Alexandre VIII, permitiu dar um primeiro passo para que se ultrapassasse o impasse existente entre o Padroado e a Propaganda. A pedido de D. Pedro II, o padre António Rego, assistente em Roma da província portuguesa da Companhia de Jesus, solicitou ao novo pontífice a nomeação de um bispo para Macau e a criação de mais duas dioceses na China. Alexandre VIII tinha estado ligado à Propaganda Fide e pertencido à comissão cardinalícia que tratava dos negócios da China, estando, por isso, bem inteirado das questões que existiam em relação ao Padroado Português. Foi, pois, com grande surpresa que os propagandistas tomaram conhecimento de que o novo Pontífice estava na disposição de criar as duas dioceses solicitadas pelo rei de Portugal para a China. Os cardeais aceitaram a nomeação de um bispo para Macau, desde que fossem claramente definidos os limites territoriais do bispado, e opuseram-se terminantemente à criação dos dois novos bispados, por a sua erecção colidir com os vicariatos apostólicos já em funcionamento no Império do Meio. Alexandre VIII recusou o parecer da Propaganda e aprovou a proposta do rei de Portugal. Esta deliberação, totalmente contrária ao que vinha sendo defendido pela cúria romana desde a criação da Sagrada Congregação da Propaganda, em 1622, tem levantado alguma perplexidade, levando os autores que se têm debruçado sobre esta matéria a sugerir que se tivesse tratado de uma decisão tomada sem a devida ponderação ou sob a influência de factores mais ou menos obscuros. Cremos, porém, que a explicação desta determinação pontifícia se deva buscar, por um lado, nas dissensões introduzidas na China com a entrada dos vigários apostólicos em 1684 e com a chegada dos Jesuítas franceses em 1687 e, por outro, no quadro das tensas relações existentes entre Luís XIV e a corte pontíficia, onde a figura do padre de la Chaize, Jesuíta e confessor do rei, assumiu uma grande importância. Com esta decisão a favor de Portugal, o Papa apenas terá pretendido travar o processo que estava a levar à hegemonia da França nas missões do Sião, da China e da Indochina, evitando o reforço do ‘galicanismo’ que atingia o seu apogeu na França. Foi, portanto, neste quadro que D. João do Casal foi escolhido para bispo de Macau, onde, após a sua chegada em 1692, teve de enfrentar os problemas decorrentes do falecimento de D. Gregório Lopes e da indecisão de D. Frei Bernardino della Chiesa, que esperava por instruções mais concludentes, dado que, com a criação das dioceses, não tinham sido formalmente abolidos os vicariatos apostólicos na China. Além disso, por qualquer razão até hoje não esclarecida, nos documentos portugueses da época, D. Gregório Lopes apareceu designado para a diocese de Pequim, enquanto que D. Frei Bernardino della Chiesa vinha indicado para a de Nanquim. Este equívoco, que os adversários do Padroado sustentam ter sido intencional, motivou situações contraditórias antes de se ter definido a situação, o que só aconteceu com a apresentação de D. Alexandre Cícero para a diocese de Nanquim. Nessa mesma altura, D. Pedro II propôs à Santa Sé que D. Frei Bernardino della Chiesa passasse para Malaca, sendo substituído em Pequim pelo Jesuíta padre Filipe Grimaldi. A oposição da Santa Sé à transferência de Mons. della Chiesa levou a corte portuguesa a propor que o bispado de Macau fosse elevado à categoria de arquidiocese, passando a ter as outras duas dioceses chinesas como sufragâneas. Esta proposta foi igualmente rejeitada, pelo que, após diligências feitas pelo padre Quémener das Missões Estrangeiras de Paris, que tinha sido enviado a Roma como representante dos missionários dependentes da Propaganda Fide, a Santa Sé decidiu que a diocese de Macau ficava com jurisdição sobre as províncias de Guangdong e de Guangxi, ficando o resto do território chinês dividido entre as duas dioceses de Nanquim e de Pequim e os nove vicariatos apostólicos entretanto criados. Ultrapassados estes problemas, D. João do Casal continuou a enfrentar os que decorriam da resistência do Senado de Macau em cumprir a ordem régia que o incumbia de proceder ao pagamento da côngrua episcopal. Esta situação foi em diversas ocasiões objecto de estudo no Conselho Ultramarino, mas nenhuma das decisões viria a ser executada, de modo que só cerca de 1720 se ultrapassou o impasse, assumindo o Senado de Macau a obrigação de satisfazer a côngrua do respectivo bispo. Outra situação altamente problemática vivida por D. João do Casal foi a que decorreu da presença do Patriarca de Antioquia, D. Carlo Tommaso Maillard de Tournon, enviado como Legado a latere à China e que permaneceu em Macau desde 30 de Junho de 1707 até à sua morte a 8 de Julho de 1710. Enviado para ajudar a ultrapassar as graves dissensões que havia entre os missionários na China, o Legado Apostólico acabou por agravar todas as questões devido à sua inflexibilidade e precipitação no que concernia à controvérsia dos ritos chineses. O bispo de Macau não se tinha manifestado claramente nem a favor nem contra a incompatibilidade dos ritos chineses com a doutrina católica, mas a promulgação do decreto do Patriarca de Antioquia, em Nanquim (Nanjing 南京) a 7 de Fevereiro de 1707, obrigou-o a tomar partido pelos missionários que se opunham à aplicação das imposições do Legado Apostólico. Este, no seu diploma, definia as respostas que os missionários deviam dar ao Imperador, quando fossem chamados para receber a autorização para continuarem na China a sua actividade missionária. Na prática, as novas orientações eram contrárias à posição defendida pela maioria dos Jesuítas e conformes com o decreto pontifício de 20 de Novembro de 1704 que condenava os ritos chineses. D. João do Casal opôs-se à execução das deliberações do Legado Apostólico, apresentando um agravo e uma apelação ao Papa. Com este expediente, o bispo desobrigava os missionários da sua diocese de obedecerem às determinações do Patriarca de Antioquia, mas contrariava a sua anterior declaração de que reconhecia e obedecia a Mons. de Tournon como representante pontifício. Com efeito, em 1705, quando o Legado ia a caminho de Pequim, o bispo de Macau tinha-se deslocado com o governador José da Gama Machado à Ilha Verde, a fim de lhe apresentar cumprimentos. O prelado romano tinha chegado ao largo de Macau a 2 de Abril de 1705, e como viesse com o propósito de não entrar nos domínios portugueses, apenas se deslocou à Ilha Verde, propriedade dos Jesuítas, onde pernoitou de 4 para 5 de Abril. Na manhã desse mesmo dia dirigiu-se para Cantão, e foi desde esta cidade que o Legado Apostólico exigiu ao bispo de Macau que publicasse o Breve Pontifício, que lhe tinha entregue no apressado encontro que tinham tido na Ilha Verde. O prelado macaense, que tinha recebido ordens do vice-rei da Goa para receber condignamente o representante pontifício, acedeu às suas imposições, publicando o breve em que declarava reconhecer Mons. de Tournon como Legado Apostólico. Entretanto informou as instâncias de Goa e pediu instruções mais rigorosas sobre esta matéria. O Arcebispo Primaz e o vice-rei responderam proibindo o reconhecimento da jurisdição do Legado Apostólico e a obrigatoriedade de o impedirem de exercer qualquer autoridade em territórios adstritos ao Padroado. Estas novas imposições estiveram na origem dos graves conflitos e contendas que ocorreram em Macau entre 1707 e 1710. O Patriarca de Antioquia insistia na sua pretensão de exercer a sua jurisdição em Macau e o bispo, com o apoio do governador Diogo de Pinho Teixeira, opôs-se por todos os meios a que o prelado romano conseguisse concretizar o seu intento. Neste preciso contexto se devem integrar as excomunhões que mutuamente decretaram e que só foram levantadas quando o novo Legado Apostólico, D. Carlo Ambrogio Mezzabarba, passou por Macau em 1719. Dividido entre a necessidade de obedecer às orientações pontíficias e a fidelidade ao rei de Portugal, D. João do Casal foi criticado pelo cardeal de Tournon por se ter deixado dominar pelos Jesuítas e censurado pelo governador de Macau e pelo vice-rei da Índia por não se empenhar decididamente na defesa dos direitos e regalias do monarca português. O bispo manifestou, de facto, algumas hesitações e parece ter agido mais por pressão dos Jesuítas e do governador de Macau do que por convicção. Era certamente um convicto defensor do Padroado, mas, tal como os seus sucessores no século XVIII, não manifestou um grande empenho em cuidar directamente as duas províncias chinesas que integravam a diocese. O rei recomendava, no início de setecentos, a visita do bispo àquelas cristandades, mas os detractores do Padroado continuaram a criticar o facto de o prelado macaense entregar o governo dessas importantes parcelas do bispado, situa¬das além das Portas do Cerco, a um vigário forâneo. Para além do múnus episcopal, D. João do Casal interveio intensamente na vida da cidade desde que chegou a Macau. No final de seiscentos, alertava para a carência de moradores e para os desmandos de alguns gover-nadores. Nos muitos anos que permaneceu em Macau, testemunhou períodos de violentas contendas entre os governadores e o Senado, destacando-se neste capítulo os episódios que envolveram Diogo de Pinho Teixeira, no final do seu mandato, e o seu sucessor Francisco de Melo e Castro. Mais tarde, testemunhou os excessos de D. Cristóvão Severim Manuel, considerando que, dos muitos governadores que tinham passado por Macau, nenhum tinha sido tão desrespeitador das ordens régias como este. Nos últimos anos assistiu aos conflitos que eclodiram entre o governador António Moniz Barreto e o ouvidor António Moreira de Sousa. Nos últimos meses de vida exerceu interinamente o cargo de governador, na sequência do extemporâneo regresso de António Amaral de Meneses a Goa. Tomou posse em Janeiro de 1734 e entregou o governo a Cosme Damião Pereira Pinto em Agosto de 1735. Este foi, certamente, o seu último acto público, porque em Setembro desse mesmo ano viria a falecer com 94 anos de idade, 44 de episcopado e 42 de vividos em Macau. Bibliografia: GUENNOU, Jean, Missions Étrangères de Paris, (Paris, 1986) ; METZELER, J. (dir.), Sacra Congregationis Propaganda Fide Memoriae Rerum 1622-1972, vol. I, 2 tms., (Roma, 1972-1973); MENSAERT, Georges, L’établissement de la Hierarchie Catholique en Chine de 1684 a 1721, (Florença, 1953) ; REGO, António da Silva, O Padroado Português do Oriente. Esboço Histórico, (Lisboa, 1940); TEIXEIRA, Manuel, Macau e a sua Diocese, vol. II, (Macau, 1940); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau e a sua Diocese, vol. XIII, (Macau, 1977).
CASAL, D. JOÃO DO (?-?)
BELO, D. CARLOS FILIPE XIMENES (1948- ). Nascido na pequena aldeia de Walakama, perto de Vemasse, a 3 de Fevereiro de 1948, quinto filho de um professor primário, Domingos Vaz Filipe, e de Ermelinda Baptista Filipe, D. Carlos Filipe Ximenes Belo assistiria ao falecimento do seu pai com apenas dois anos. Seguiu o itinerário educativo das escolas católicas de Baucau e Ossu, graduando-se mais tarde, em 1960, no colégio de Dare. Depois de demorada formação sacerdotal salesiana em Macau e Portugal, D. Ximenes Belo viria a ordenar-se sacerdote a 26 de Julho de 1980. Regressa a Timor um ano mais tarde, em Julho de 1981, tornando-se professor e mesmo, durante um curto período, director do colégio salesiano de Fatumaca. Depois da resignação de Monsenhor Martinho da Costa Lopes, em 1983, acabaria D. Ximenes Belo, a 21 de Março de 1988, por ser apontado administrador apostólico de Díli e bispo titular de Lorium, recebendo o título episcopal a 19 de Junho desse mesmo ano. Imediatamente, em 1989, o novo administrador apostólico da capital de Timor Leste escreve ao então secretário-geral das Nações Unidas, Javier Perez de Cuellar, denunciando a situação humana do território e a repressão difícil da ocupação militar e política indonésia. Em 1989, coube a D. Ximenes Belo acolher a visita de João Paulo II, oficialmente o responsável pela diocese de Díli, mobilizando intensamente a população de maioria católica do território. A partir daqui, a biografia de D. Carlos Filipe Ximenes Belo torna-se progressivamente mais conhecida, destacando-se o modo intransigente como defende os direitos humanos do povo timorense. Para tanto, denuncia a violenta ocupação indonésia e pugna pelos valores culturais e nacionais da parte oriental da ilha de Timor, antiga colónia portuguesa. Apesar das enormes dificuldades, muitas incompreensões e frequentes calúnias, D. Ximenes Belo não vacilou nesse caminho de defesa do direito à auto-determinação do povo timorense, concorrendo para ampliar uma resistência cívica, moral e cultural, que haveria de ganhar definitivamente eco internacional quando o bispo foi laureado com o Prémio Nobel da Paz de 1996. Abriam-se, assim, três vertiginosos anos de luta pela auto-determinação, que se concluiriam com o referendo ganho claramente pela via da independência. A violência subsequente encontraria, também, em D. Ximenes Belo, um dos mais relevantes protagonistas da defesa da identidade nacional e dos direitos do povo timorense. Mais recentemente, a 26 de Novembro de 2002, o bispo de Díli viria a resignar da sua administração apostólica, ganhando algum descanso para novas etapas vivenciais que o levam a cruzar a actividade cultural, a reflexão e também o aconselhamento das novas autoridades políticas timorenses, finalmente, eleitas democraticamente pela vontade popular expressa através do sufrágio directo universal. Até aqui, sumariam-se eventos e temas que se poderiam facilmente visitar em qualquer enciclopédia geral minimamente preocupada com o mundo actual ou com as figuras mais proeminentes do catolicismo contemporâneo. Menos conhecida é a estada de D. Ximenes Belo, entre 1975 e 1976, em Macau, para estudar no colégio salesiano de Dom Bosco, precisamente durante o período em que se concretiza a violenta ocupação militar indonésia de Timor Leste, que ecoa também, entre resistências e solidariedades, no território macaense. A passagem do bispo de Díli por Macau reveste-se de um duplo significado: recorda as ligações históricas e religiosas continuadas entre Macau e Timor e relembra, igualmente, a presença em Macau de uma comunidade timorense que sempre encontrou no território um especial apoio para a sua formação sacerdotal e intelectual. Deste modo, o itinerário macaense de D. Ximenes Belo representa um ponto de chegada da história da instalação dos salesianos em Macau, desde 1906, comunicando também com a sua vocação missionária em território timorense. A obra educativa salesiana seria marcada, sobretudo, pela inauguração, na década de 1950, do Colégio de Dom Bosco, abraçando filhos e descendentes de portugueses e concretizando um projecto de formação em língua portuguesa dirigido a muitos jovens que viriam a preencher as administrações, ofícios e igrejas coloniais no mundo asiático, de Macau a Timor. Bibliografia: CARMO, António, A Igreja Católica na China e em Macau no Contexto do Sudeste Asiático. Que Futuro?, (Macau, 1997); KOHEN, Arnold S., From the Place of the Dead: The Epic Struggles of Bishop Belo of East Timor, (Inglaterra, 1999).
BELO, D. CARLOS FILIPE XIMENES (1948- )
CASTRO, PADRE ÁUREO DA COSTA NUNES E (1917-1993). Compositor, pedagogo e maestro, nasceu nos Açores, ilha do Pico, em 1917, e faleceu em Macau, em 1993. Iniciou seus estudos musicais em família. O seu primeiro contacto com a música ocorreu quando era ainda criança no coro da igreja da freguesia da Candelária, onde vivia, no qual cantou como sopranino. Sobrinho de Dom José da Costa Nunes e Castro, Bispo de Macau, é trazido, em 1931, para Macau, para frequentar o Seminário de São José onde estuda Teoria, Solfejo e Harmonia com os padres Wilhelm Schmid (n. 1910) e António André Ngan (1908-1982). É ordenado sacerdote em 1943 tendo sido, a partir de então, nomeado para vários cargos eclesiásticos em Macau: capelão e vigário paroquial da Sé Catedral, director do semanário católico O Clarim, pároco da Igreja de S. Lourenço. Foi também professor das disciplinas de Canto Coral, Religião e Moral no Liceu Nacional Infante D. Henrique e na Escola Comercial Pedro Nolasco. Em 1951 fez os exames do Curso Geral, como aluno externo, no Conservatório Nacional de Lisboa. Mais tarde, obtém permissão para permanecer em Lisboa e continuar os estudos musicais. Forma-se em Composição com distinção pelo Conservatório Nacional (onde também estuda canto e piano com Biermann, Arminda Correia e Croner de Vasconcelos), na classe do compositor e pianista Croner de Vasconcelos (1910-1974). Ainda estudante, é assistente, em Lisboa, do maestro e musicólogo português Mário Sampayo Ribeiro (1898-1966) no Coro do Centro Universitário da Universidade de Lisboa. Retorna a Macau em fins de 1958, onde é colocado como professor de música do Seminário de S. José. Em 1959 funda o Grupo Coral Polifónico e, em 1962, juntamente com o Padre Cesare Brianza (1918-1986), cria a Academia de Música S. Pio X, existente até hoje. Em 1983, ao lado de Stuart Bonner, cria a Orquestra de Câmara de Macau, composta por músicos amadores e professores da Academia, mais tarde absorvida pelo Instituto Cultural de Macau. Animador e entusiasta das actividades musicais, Áureo Castro, dedicou-se sempre à Composição, tendo escrito um grande número de obras para coro, de câmara e peças para piano. Suas obras abrangem um grande diversidade de estilos musicais (que vai de fugas barrocas a música de inspiração chinesa), e revelam a sólida formação teórica e técnica aprendida em Lisboa com Croner de Vasconcelos, emoldurada por uma rica inspiração melódica, onde, com frequência, são encontradas influências das tradições musicais orientais, das quais era profundo conhecedor. É autor de diversas obras para piano e órgão, coro e um Te Deum para coro e grande órgão (mais tarde transcrito para orquestra) que foi apresentado em Lisboa, merecendo de Croner de Vasconcelos o comentário: “até que enfim aparece neste país uma obra deste género.” As obras de inspiração chinesa de Áureo Castro não correspondem à estereotipada imagem sonora de um oriente distante, fantasioso e mágico tal como definido por Edward Said e que nos habituamos a encontrar nas obras dos compositores orientalistas europeus do século XIX. Suas composições, ao contrário, possuem uma linguagem extremamente original: um autêntico hibridismo musical onde encontramos reconciliadas a harmonia tonal ocidental e o modalismo pentatónico chinês. Estas características, raramente encontradas num compositor ocidental, fazem com que Áureo Castro ocupe um lugar especial na história do encontro musical entre e o Ocidente e o Oriente. – Obras. 1. Música Sinfónica. Tocata e Minuete em ré menor (Transc. para quarteto de cordas da peça com o mesmo nome de Carlos Seixas); Scherzo (Orq. para grande orquestra do Scherzo da Sonata no 12, Op. 26, em lá bemol de L. van Beethoven). 2. Piano ou Órgão. Fuga em lá bemol, a três partes. 3. Piano. Suite China (Cenas de Macau), em três andamentos; Três corais sobre melodias gregorianas; Sonata n.º 1, Allegro (incompleta); Sonata n.º 2, Allegro (incompleta); Sonatina; Danças da Siu Mui Mui, em três andamentos; Nostalgia. 4. Órgão. Fuga coral em Mi Maior. 5. Canto e Piano/ Órgão. Te Deum Laudamus; Hino (Texto de Osório Goulart). Lembra-te Papá (Texto de Santa Teresinha); A Recalling Moonlight; Hossana (Moteto para canto e órgão); Oração da Noite; Lembrai-vos; 1961, Dá shê tchin mei; Carandá Madu; 1972, Menina de Olhos Verdes (poema de Luís de Camões); Oração da Noite (Canção religiosa para canto e órgão); Duas Melodias Religiosas para uso Litúrgico. 6. Coro e Orquestra. Te Deum Laudamus; Adeste Fidelis; Hodie Christus Natus est (arr. para orquestra de câmara e coro a quatro vozes mistas da canção de Natal da autoria de Feltz); Santa Cecília (Cantata para solo, coro e orquestra de câmara. Incompleta). 7. Coro a Capella. Música de Cena para o “Auto da Alma” de Gil Vicente (Três vozes iguais); O Menino está dormindo (Cânone circular duplo para seis vozes); Ay, Santa Maria (Arr. para três vozes iguais de vilancico de autor anónimo); Stella de dia (Arr. para quatro vozes iguais de uma cantiga de Afonso, o Sábio); Jesus a dormir(Moteto para quatro vozes brancas); Milho Verde (Harm. para três vozes masculinas de canção popular); Hodie Scietis (Moteto para três vozes brancas); A Belém Pastores (Arr. para coro de quatro vozes mistas de canção natalícia portuguesa); Christmas is begun (Harm. para coro de quatro vozes mistas de canção natalícia); Seniores Populi (Responsório da Semana Santa, para coro de quatro vozes mistas); Seniores Populi (Responsório da Semana Santa, para coro de três vozes masculinas); Puer Natus – Allelluia (Harm. para quatro vozes masculinas de canção trad. natalícia inglesa); O Senhor é meu amparo (Invocação para quatro vozes mistas); Cor Jesu (Jaculatória para três vozes iguais); Pie Jesu (Jaculatória para três vozes iguais); A Vós Senhor (Harm. para quatro vozes mistas de melodia da autoria do Padre Alfredo); Neve, Neve sem cessar (Harm. para quatro vozes mistas de canção popular russa); O Quam Suavis (Moteto para três vozes mistas); Et Incarnatus (Moteto para três vozes mistas); Hung tau tsi (Harm. para soprano solo e quatro vozes mistas de canção chinesa); Hu pien shau nu (Harm. para quatro vozes mistas de canção chinesa); Chian kun yu, miao fa (Coeli Enarrant Gloriam Dei, Arr. para quatro vozes mistas de melodia original de Chiang Wen Yeh sobre o salmo 19); Gong tsi fa tchoi (Harm. para quatro vozes mistas de canção chinesa comemorativa do Ano Novo Lunar); O Cor Amoris (Moteto para três vozes iguais); Cremos em vós (Moteto para três vozes iguais); Inter Vestibulum (Moteto para três vozes iguais); Dezoito melodias religiosas para uso litúrgico (para três e quatro vozes iguais); Astronautas do amor (para coro de três vozes masculinas, texto do Mons. Manuel Teixeira). 8. Coro com Acompanhmaento Instrumental. Te Deum Laudamus (para coro misto a quatro vozes e órgão). Cantica Psalmonica (Motetos salmódicos e pequenas peças para duas ou três vozes iguais, com acompanhamento de órgão baseadas nos salmos bíblicos); Cinco Motetos (para uma e duas vozes iguais e órgão, dedicados ao grupo coral da Igreja de S. Lourenço); Alma Minha Gentil (para coro de três vozes brancas e piano, sobre o soneto de Camões); Terra Tremuit (Moteto para quatro vozes masculinas e órgão); Surrexit Dominus (Moteto para três vozes mistas e órgão); Senhor, eu não sou digno (Moteto para duas vozes iguais e órgão); Panis Angelicus (Moteto para duas vozes mistas e órgão); Tantum ergo (Moteto para duas vozes mistas e órgão); Yu guan chu (Pescador de Rede, Harm. para quatro vozes mistas e piano de canção tradicional chinesa). – Cenas de Macau ou Suite China. Suite para piano, de Áureo da Costa Nunes e Castro, dividida em três andamentos, “Invocação”, “Oração num Templo Budista” e “Barcos-dragão”, também conhecida pelo nome de Suite China. Segundo notas escritas em 1976 pelo próprio compositor, “estas cenas, escritas quando o autor era ainda estudante do Conservatório Nacional, representam os primeiros passos em busca de uma linguagem harmónica a prescindir dos clássicos trâmites da harmonia tonal, e que pudesse, ao mesmo tempo, servir de roupagem a melodias do folclore chinês, muitas das quais se baseiam nas escalas pentatónicas. Composições originais, elas foram escritas com o único propósito de pintar algumas cenas de Macau com tintas a respirar a atmosfera chinesa das mesmas cenas. O primeiro número tenta descrever um pôr-do-sol na Barra, com o regresso dos barcos da pesca […]. Uma quase evocação. A segunda peça foi sugerida por uma oração num templo budista, com o canto melopaico dos bonzos acompanhado de ocasionais toques de sinetas e de gongs. A terceira, Barcos-dragão, é uma reminiscência da regata dos bar-cos-dragão realizada da Ilha Verde à Barra, quando, em 1932, Macau recebia, pela terceira vez, o governador Tamagnini Barbosa. Escrita em forma de sonata, a peça começa com ritmo e temas melódicos sugeridos pela calma do rio e a regata.” Bibliografia: BARRETO, Simão, “Áureo Castro (1917- 1993)”, in Revista de Cultura, n.° 26, II Série, (Janeiro-Março de 1996), pp. 131-140; CASTRO, Áureo da Costa Nunes e, Aurei Carmina, Obras para piano e órgão, (Macau, 2001); LYNN, Margaret, Folheto do CD Áureo Castro Piano Works, Phonoart PACD 005, (Macau, 2002); JARDIM, O. Veiga, “Música em Macau: Tema e Variações”, in Revista Macau, n.° 8, (Macau, 1992), pp. 146-154.
CASTRO, PADRE ÁUREO DA COSTA NUNES E (1917-1993)
Filho de Diogo do Amaral e de Domingas Francisca, nasceu em Corvaceira (Viseu) em 1594. Ingressou na Companhia de Jesus a 1 de Junho de 1608, em Coimbra. Ordenou-se sacerdote em Évora, em 1622. A sua longa formação decorreu nos colégios de Coimbra e Évora (1608-1623), e a sua docência como professor de latinidade nos de Bragança, Braga, Coimbra e Évora (1616-1620). Aqui se ordenou sacerdote (1522) e foi destinado, a seu pedido, para a missão do Japão. Em 1623 partiu de Lisboa com um numeroso grupo de Jesuítas chefiado por Afonso Mendes, patriarca da Etiópia, e outros dois bispos da ordem. Em Macau inicia o estudo da língua japonesa, que prosseguiu com êxito entre os colonos japoneses da Cochinchina. Um piloto português ofereceu-se para introduzir Amaral e outros Jesuítas clandestinamente no Japão, mas os ventos trouxeram de volta a nau a Macau. A 1 de Dezembro de 1628, o visitador André Palmeiro escrevia: “Espero que este ano cheguem o Padre Gaspar de Amaral e o Padre Paulo [Saito] japonês e que nos possam abrir a porta para ir provendo, pouco a pouco, aquela missão por esta via de Chincheo”. Amaral ficou na Ilha Verde (Macau) onde deixou crescer o cabelo como o chineses para entrar no Japão sem levantar suspeitas, mas voltou à Indochina, desta vez a Tonquim, como superior da missão, com os padres António Cardim e António Fontes. Ali trabalhou desde Setembro de 1629 até meados de 1638, com uma breve estada em Macau (de Maio de 1630 a Fevereiro de 1631). A pedido do visitador Manuel Dias, Amaral escreveu ao Rei do Laos tentando a entrada do Evangelho nesse reino. A resposta do Rei chegou a Macau a 21 de Maio de 1637 e o visitador designou Amaral e Bartolomeu de Roboredo para fundar a nova missão, o que na realidade foi tentado, ainda que sem sucesso, pelo padre João Baptista B`onelli, em 1638. A 6 de Janeiro desse ano Amaral fez a sua profissão solene em Tonquim. Depois assistiu em Macau à Congregação Provincial do Japão (de 9 a 22 de Setembro de 1638), onde deu conta dos 40.000 neófitos baptizados em Tonquim durante o seu superiorato. A 17 de Novembro de 1640 nomearam-no Reitor do Colégio de Macau e simultaneamente vice-provincial da província do Japão. Em 1642 ofereceu-se para tomar parte na desesperada expedição preparada pelo novo visitador Antonio Rubino, mas o sua oferta não foi aceite. Em 1645 o novo visitador Manuel de Azevedo propôs-lhe regressar a Portugal e substituir o Padre António Freire como procurador, mas Amaral preferiu seguir a vida de missionário na sua missão de Tonquim. Embarcado com outros seis Jesuítas, a nau acabou por se afundar em frente à ilha de Hainão a 26 de Fevereiro de 1646. Apenas se salvou o P. Lubelli, que não sabia nadar. Amaral brilhou pela sua capacidade intelectual e o seu sentido prático e organizador. Dotado em alto grau para as línguas, achou fácil a adaptação ao meio ambiente. Deixou manuscrito um dicionário da língua anamita, que posteriormente foi utilizado por Alexandre de Rhodes. O êxito clamoroso dos Jesuítas em Tonquim durante o seu superiorato deveu-se, em grande parte, ao espírito que soube dar aos catequistas. Baseando-se na tradição Jesuíta dos Dojuku do Japão, aperfeiçoou essa Instituição incorporando nela a vida da comunidade e a hierarquia interna do tipo de instituto laico, formado por professos, membros aprovados, noviços e coadjutores. Pessoalmente distinguiu-se pela sua recusa dos bens materiais para uso próprio. A sua devoção a S. Francisco Xavier levou-o a erigir uma cruz comemorativa da sua morte na ilha chinesa de Sanchoão, com uma inscrição em português e japonês.
AMARAL, PADRE GASPAR DO (1594- 1646)
Personagem: | Suarez, Luis Ruiz, 1913-2011 |
Palavra-chave: | Clero |
Panchões | |
Motocicleta |
Entidade de coleção: | Companhia de Jesus em Macau |
Fornecedor de trabalho digital: | Macau Documentation and Information Society |
Autoridade: | Autorização do uso à Fundação Macau concedida por Companhia de Jesus em Macau. Em caso de precisar usar este material, deve pedir a autorização do titular do direito de autor. |
Idioma: | Chinês |
Tipo: | Imagem |
Fotografia | |
A cores | |
Formato das informações digitais: | JPG, 2920x1841, 1.16MB |
Identificador: | p0005800 |
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