
Informações relevantes
Data de atualização: 2020/09/03
Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515

Data de atualização: 2020/09/03
Pensador moderno chinês, industrial e economista. Nasceu em 1842, no seio de uma família tradicional da Vila Yongmu 雍慕, Distrito de Xiangshan 香山. Estudou em Macau e, aos 17 anos, tendo sido reprovado no exame académico imperial a nível distrital, suspendeu os estudos, passando a dedicar-se a actividades comerciais. Durante a sua estadia em Xangai, aprendeu línguas estrangeiras e recebeu alguma educação de estilo ocidental. Nessa altura, constatando as dificuldades que a China atravessava, sentia intensamente a crise em que se encontrava esta nação, o que lhe inspirou um forte patriotismo e a ideia de salvar a nação com actividades mercantis. Como a sua terra natal ficava perto de Macau, localidade que visitara na adolescência e onde estudara, adquiriu profundos conhecimentos acerca das “tecnologias avançadas europeias”. Deste modo, lançou ideias sobre as “vias de se enriquecer”, afim de se poder contribuir para o desenvolvimento do capitalismo nacional chinês. Simultaneamente, apresentou propostas para melhorar os costumes sociais, revelando forte ódio contra o consumo do ópio. Durante o seu repouso em Macau, dedicou-se, de alma e corpo, à elaboração de Shengshi Weiyan (盛世危言) [Palavras Amargas para uma época Próspera], que é considerado o melhor documento teórico de todos os tempos do pensamento do reformismo moderno chinês. Apresentou, com base em informações muito pormenorizadas, os mais variados temas das reformas modernizadoras da China, alertando os chineses para a necessidade de urgentes reformas políticas. Assim, solicitava-lhes que dessem importância ao mercantilismo e à promoção da educação, de forma a possibilitar o enriquecimento da nação e o fortalecimento das forças armadas. A obra deste pensador beneficiou as reformas sociais da época com imensas mensagens inspiradoras, exercendo profunda influência nos movimentos reformistas que conduziram à queda da última Dinastia Imperial. Em 1907, Zhen Guanying 鄭觀應 viria a dar continuação à sua obra, tendo organizado a colectânea Shengshi Weiyan Houbian 盛世危言後編 [Palavras Amargas para uma época Próspera-Continuação]. [J.G.P.] Bibliografia: DENG Jingbin, O Primeiro Poeta do Meio Empresarial – Um Estudo sobre a Poesia de Zheng Guanyin, (Macau, 2000); DENG Jingbin, Zheng Guanyin Shixuan [Antologia Poética de Zheng Guanyin], (Macau, 1995); LI Jingquan; WU Xizhao; FENG Dawen, Lingnan Sixiangshi [História do Pensamento de Lingnan], (Guangdong, 1993); LIU Xianbin, “Zheng Guanyin Shengshiweiyan Zhengjia Dawu” [Shengshiweiyan (Palavras Amargas para uma época Próspera) e a Casa Grande da Família Zheng], in Revista de Cultura, n.° 6, (Macau, 1988); VONG Tak Hong, Aomen Xinyu [Crónicas de Macau], (Macau, 1996); WANG Jie, “Zheng Guanyin Yu xianggang” [Zheng Guanyin e Hong Kong], in Xueshu Yanjiu (Academic Research), n.° 10, (2002); WU Zhiliang; IEONG Wan Chong, Aomen Baikequanshu [Enciclopédia de Macau], (Macau, 1999); WU Zhiliang, Segredos de Sobrevivência: O Sistema Político e o Desenvolvimento Político de Macau, (Macau, 1999); XIA Dongyuan, Zheng Guanyin Ji [Obras de Zheng Guanyin], 2 vols., (Xangai, 1982-1988); XIA Dongyuan, Zheng Guanyin Ji [Sobre Zheng Guanyin], (Guangzhou, 1995); XU Xin, “Aomen Zheng Guanyin Guju Yiwu Chongde Houshi Hengbian Kao” [Um Estudo sobre a Placa Horizontal com a Inscrição de Respeito pelas Virtudes e Generosidade em Doações], in Revista de Cultura, n°s. 13-14, (Macau, 1993); YI Huili, Zheng Guanyin Bingzhuan [Biografia Crítica de Zheng Guanyin], (Nanjing, 1998).
ZHENG GUANYING 鄭觀應 (1842-1922)
Historiador, geógrafo e pensador pioneiro do reformismo moderno da China, natural de Shaoyang 邵陽, Província de Hunan 湖南. Cognominado Hanshi 漢士 e com o nome literário de Moshen 默深, Wei Yuan 魏源 nasceu em 23 de Abril de 1794 e aos 15 anos alcançou o grau académico de Xiucai 秀才 [Licenciado]. Em 1814, foi mandado estudar para Pequim, onde conseguiu o grau académico de Juren 舉人 [Graduado Provincial], em 1822. Em 1844, aos 50 anos, tornou-se Kinshi (Jinshi 進士) [Doutor]. No ano seguinte, foi nomeado magistrado distrital de Xinghua 興化, Província de Jiangsu 江蘇. Em 1849, tomou posse como magistrado distrital de Xinghua 興化, na mesma Província. Possui uma fértil produção literária e, de entre as suas obras mais conhecidas, pode-se destacar Haiguotuzhi 海國圖誌 [Tratados Ilustrados de Reinos Marítimos], que teve a sua primeira edição em 1844, com apenas 50 capítulos. A segunda edição, datada de 1847, foi aumentada para 60 capítulos. A terceira versão, de 1852, foi a mais volumosa, com 100 capítulos. Como o próprio autor reconhece, para o significativo enriquecimento da obra sucessivamente aumentada, serviu- se de informações recolhidas nas Sizhouzhi 四洲 誌 [Crónicas dos 4 Continentes], de Lin Zexu 林則 徐 e noutras fontes ocidentais. A obra Haiguotuzhi 海國圖誌 esclarece imensas dúvidas sobre as muitas variantes da palavra Portugal em chinês. [J.G.P.] Bibliografia: FAIRBANK, John K., The Cambridge History of China, vol. 10, Late Ch’ing, l800-l911, parte 1, (Cambridge, 1978); GAO Hong, Fangyan Shijie Wei Yuan yu Haiguotuzhi, (Shenyang, 1997); HUANG Liyong, Wei Yuan Nianpu [Biografia Cronológica de Wei Yuan], (Changsha, 1985); HUMMEL, Arthur W., Eminent Chinese of the Ch’ing Period, vol. 2, (Taipei, 1991); LEONARD, Jane Kate, Wei Yuan and China’s Rediscovery of the Marítime Word, (1984); LI Hanwu, Wei Yuan Zhuan [Biografia de Wei Yuan], (Changshan, 1988); LI Hu, Wei Yuan Yanjiu [Estudos sobre Wei Yuan], (Pequim, 2002); NA Yu; LIU Xu, Wei Yuan Zhuan [Biografia de Wei Yuan], (Pequim, 1998); TANG Si, Aomen Fengwuzhi (Xupian) [Crónica de Coisas de Macau (Continuação)], (Pequim, 1999); VONG Tak Hong, Aomen Xinyu [Crónicas de Macau], (Macau, 1996); WEI Ying, Wei Yuan Zhuanlue [Breve Biografia de Wei Yuan], (Pequim, 1990); WEI Yuan, Haiguotuzhi [Tratados Ilustrados de Reinos Marítimos], (Xangai, 1898); WEI Yuan, Wei Yuan Quanji [Obras Completas de Wei Yuan], (Changsha, 1989); WU Zhiliang; IEONG Wan Chong, Aomen Baikequanshu [Enciclopédia de Macau], (Macau, 1999); YANG Jibo; WU Zhiliang; DENG Kaisong (dirs.) Mingqingshiqi Aomenwenti Danganwenxian Huibian [Colecção Documental de Arquivos das Dinastias Ming e Qing relativos a Macau], vol. 6, (Pequim, 1999); YANG Shenzhi; HUANG Liyong, Wei Yuan Sixiang Yangjiu [Estudos sobre o Pensamento de Wei Yuan], (Changsha, 1987); Zongguo Jindaishi Cidian [Dicionário da História Moderna da China], (Xangai, 1982).
WEI YUAN 魏源 (1794-1857)
Poeta e historiador de renome de Guangdong 廣東. Juntamente com Chen Gongyin 陳恭尹 e Liang Peilan 梁佩蘭, eram conhecidos como os “3 Mestres Literários de Lingnan 嶺南 (Guangdong 廣東)”. Primeiro nome Shaolong 紹龍, cognome Jiezi 介子 e outro cognome Wengshan 翁山. Natural de Panyu 番禺, Guangdong 廣東. Em 1646, quando os manchus atacaram a cidade de Cantão (Guangzhou 廣州), participou na resistência organizada pelo seu mestre Chen Bangyan 陳邦彥. Após a segunda ocupação tártara de Guangdong 廣東, ocorrida em 1651, converteu-se em bonzo daoista para não ser perseguido. Após algum tempo de vida retirada num pagode em Panyu 番禺, percorreu o Norte da China, onde mantinha estreitos contactos com os chineses da etnia Han 漢 que resistiam à dominação tártara, numa tentativa de restabelecer a Dinastia Ming 明, pelo que foi objecto de uma ordem de captura nacional. Viu-se obrigado a se refugiar no mais restrito anonimato. Em 1662, voltou à sua natal Guangdong 廣東 e visitou Macau. Com a conquista tártara de Taiwan 臺灣, viu definitivamente perdida a causa da recuperação da Dinastia Ming 明 e passou a dedicar-se às letras. Da sua fértil produção literária, pode-se destacar Guangdongxinyu 廣東新語 (Novos Tratados de Cantão), que possui, além de uma entrada dedicada a Macau, múltiplas referências aos Portugueses desta região e uma vintena de poesias referentes a Macau nas suas antologias poéticas. [J.G.P.] Bibliografia: OU Chu; WaNg Guichen, Qu Dajun Quanji [Obras Completas de Qu Dajun], (Pequim, 1996); PTAK, Roderich, “Notes on the Kuang-Tung Hsin-Yü”, in Boletim do Instituto Luís de Camões, vol. 15, n°s. 1-2, (1981); QU Dajun, Guangdongxinyu [Novos Tratados de Cantão], 2 vols., (Pequim, 1985); TAN Kaijian, Mingqing Shidaifu Yu Aomen [Mandarins das Dinastias Ming e Qing e Macau], (Macau, 1998); WANG Zongyan, Qu Wensha Xiansheng Nianpu [Biografia Cronológica do Senhor Qu Wensha], (Macau, 1970); WU Zhiliang; IEONG Wan Chong, Aomen Baikequanshu [Enciclopédia de Macau], (Macau, 1999); ZHANG Wenqin, Aomen Yu Zhonghua Lishi Wenhua [Macau na História e Cultura Chinesas], (Macau, 1995).
QU DAJUN 屈大均 (1630-1696)
BOXER, CHARLES RALPH (1904-2000). Professor emérito da Faculdade de Estudos Portugueses do King’s College de Londres, perfila-se como o maior historiador da expansão marítima oriental portuguesa iniciada no século XV. Nasceu na ilha de Wight no dia 8 de Março de 1904 e faleceu em Londres no dia 27 de Abril de 2000, com 96 anos de idade. Descendia de uma família de tradição naval. Seu avô tinha sido oficial de marinha e Charles Boxer não conseguiu ingressar naquela arma devido apenas ao facto de usar óculos. Por isso acabaria por ingressar na academia do exército de Sandhurst, concluindo o curso como segundo tenente em 1923. Durante alguns anos prestou serviço na Irlanda até ser designado em 1930 para o Japão, a fim de servir como oficial intérprete na missão militar inglesa naquele país. Em 1936 transitou para os serviços de inteligência militar em Hong Kong, onde serviu até Dezembro de 1941, data em que os japoneses ocuparam aquele território. Ferido em combate, esteve prisioneiro num campo de concentração (em Cantão), até ser libertado no final da guerra e enviado de novo em missão ao Japão em 1946, de novo como adido militar. Em 1947 desligou-se do serviço militar, obtendo a regência da cadeira de Estudos Portugueses na Universidade de Londres. Condecorado pelo governo português com a Grã Cruz da Ordem de S. Tiago da Espada e Grã Cruz da Ordem do Infante, publicou aos 18 anos de idade o seu primeiro estudo sobre a história de Macau, sendo autor de mais de 350 trabalhos sobre a expansão portuguesa, espanhola e holandesa a Oriente, na era moderna. Apesar de não ser um académico na acepção formal do termo, começou a interessar-se pela expansão marítima portuguesa e holandesa enquanto serviu nos primeiros anos no Extremo Oriente, depois de ter contactado com elementos civis e militares holandeses na Indonésia. Em 1926 publicou os seus primeiros artigos sobre o tema, mas seria em 1930 que escreveria o seu primeiro trabalho académico: uma tradução dos Comentários de Ruy Freire de Andrade. Nesse tempo, nada ou quase nada era conhecido sobre a saga dos portugueses, japoneses e holandeses no Extremo-Oriente, nos meios universitários de língua inglesa, mas também nos de língua portuguesa. Servindo-se do facto de ser um oficial dos serviços de inteligência da Grã Bretanha, Charles Boxer, maximizou o seu interesse pela história utilizando os seus contactos no Extremo Oriente, mas particularmente em Macau, onde cultivou um conjunto de amizades junto dos círculos intelectuais macaenses, que lhe permitiram não só reunir um conjunto de informações de carácter histórico, mas também adquirir um acervo de documentos originais e livros de diversa índole, que lhe permitiram reunir em pouco tempo uma biblioteca invejável sobre o tema geral da expansão europeia no Extremo Oriente. Após a sua captura pelos japoneses, em 1941, a sua biblioteca foi considerada como tendo interesse de estado pelos japoneses, apreendida e enviada para Tóquio. Terminada a guerra, Boxer, graças à cooperação do governo britânico, conseguiria reaver o seu espólio, excepto um livro, que não constou do documento de apreensão japonês. Esse livro, veio a saber-se depois, tinha ficado nas mãos de um oficial japonês e somente viria a recupera-lo décadas mais tarde, já nos anos sessenta, recompletando assim a biblioteca da sua juventude. A nomeação de Charles Boxer para a regência da Cadeira Portuguesa de Camões no King’s College foi um evento memorável, tendo em conta a sua falta de credenciais académicas. Todavia, certo é que em 1947 Boxer seria nomeado para reger a cadeira, sucedendo ao professor George Young, seu fundador, e ao seu sucessor Edgar Prestage em 1947. Tratou-se de uma atitude inédita das autoridades universitárias do King’s College, tendo em conta que Boxer não possuía grau académico. Apenas tinha publicado uma obra e nunca tinha sido professor. Apesar disso, Boxer, não só era admitido como regente da cadeira de Prestage, como seria, em 1951, incumbido de reger o Departamento de Estudos Orientais e Africanos da Universidade, que dirigiria até 1953. Retirado do exército e dedicado à universidade, Boxer escreveu a primeira das suas grandes monografias intitulada: Fidalgos in the Far East. Essa monografia constituiu uma súmula alargada e aprofundada dos trabalhos avulsos que tinha escrito anteriormente e publicado em diversos jornais da especialidade. Logo a seguir publicou The Christian Century in Japan (1951) e no ano seguinte a obra Salvador Correa de Sá and the Struggle for Brazil and Angola (1952). Os Holandeses no Brazil seria a obra complementar que surgiria à estampa em 1957. The Great Ship from Amagon (A Grande Nau de Macau) seria o seu estudo seguinte, dedicado ao tráfico das sedas da China e da prata do Japão, no século XVI, que tinha como centro nevrálgico Macau e que surgiria em letra de forma em 1959. Na sequência dessa obra, Boxer produziria um outro livro sobre a “idade do ouro” do Brasil, em 1962, que continua por traduzir em língua portuguesa. Firmada a sua reputação em Inglaterra, com a série de obras publicadas a que se fez referência, Boxer seria naturalmente nomeado membro da Academia Britânica e o seu contributo requisitado por várias universidades, nomeadamente da Holanda e dos Estados Unidos da América. Assim, passou a ser professor convidado da universidade americana de Indiana (1967) e de Yale, onde regeria a cadeira de Estudos da Expansão Europeia Ultramarina (1969). Do ponto de vista pessoal, Charles Boxer viveu uma vida plena de aventuras, tendo em conta o facto de ser um elemento dos Special Inteligence Service da Grã Bretanha. Foi essa condição que lhe permitiu, em Macau, fazer amigos junto de um círculo de intelectuais macaenses dos anos 30, nomeadamente Jack Braga, Silva Mendes, Vicente Jorge e outros, que contribuíram para que conseguisse testemunhos históricos e fontes documentais portuguesas do Extremo Oriente a que de outro modo nunca teria tido acesso. Segundo um dos seus biógrafos, Boxer foi tudo quanto se pode ser no domínio da história: “autor, biógrafo, editor, bibliógrafo, arquivista, catalogador, tradutor e revisor”. Para além disso, a concepção de história de Charles Boxer ultrapassava qualquer ponto de vista pessoal, preferindo transmitir factos partindo dos documentos originais a que tinha acesso, segundo outro dos seus biógrafos. Neste ponto, porém, é importante salientar que uma nova escola de historiadores contesta esse comentário historiográfico que, alegadamente apenas, tem em vista “absolver” Charles Boxer das suas posições “conservadoras. Esse ponto de vista é subscrito nomeadamente pelo historiador indiano Sanjay Subrahmanyam, que afirma que Boxer não representa mais do que uma velha escola de historiadores que relatavam a história baseados apenas nos documentos coloniais, sem cuidar de consultar fontes e documentos autóctones, cujas línguas desconheciam. Saliente-se todavia, que, para além de dominar o inglês (sua língua materna), Boxer falava e lia japonês, português e holandês, embora não falasse fluentemente estas duas últimas. Todavia, saliente-se também que conseguia ler manuscritos dos séculos XVI e XVII em português e holandês, faculdade que não se encontra ao alcance de muitos historiadores e que por vezes constitui apenas domínio de alguns paleógrafos. Para além das obras mencionadas, Charles Ralph Boxer escreveu também os seguintes livros e ensaios, entre outros: O 24 de Junho. Uma façanha dos portugueses (1926); Relação da perda da nau “Madre de Deus” (1927); The Siege of Fort Zeeland and the Capture of Formosa from Dutch (1927); Subsídios para a História dos Português no Japão (1927-1928); A Portuguese embassy to Japan, 1644-1647 (1928); Notes on early European military influence in Japan (1931); European influence on Japanese sword fittings, 1543- 1853 (1931); Dutch Seaborne Empira 1600-1800; Church Militant & Iberian Expansion, 1440-1770; Dutch Merchants & Mariners in Ásia, 1602-1795; From Lisbon to Goa, 1500-1750; Studies in Portuguese Maritime Enterprise; Portuguese Conquest & Comerce in Southern Ásia, 1500-1750; Portuguese Embassy to Japan (1644-1647); Portuguese Merchants & Missionaries in Feudal Japan 1543-1640; Race Relations in the Potuguese Colonial Empire, 1415-1825. Relativamente a este último livro mencionado, de salientar que seria a obra que incorreria nas iras do regime de Salazar em Portugal e que levaria a que o governo português chefiado pelo então ditador (1931-1968) lhe retirasse as condecorações que lhe tinha anteriormente outorgado pela sua obra como historiador da expansão portuguesa ultramarina. Boxer seria, no entanto, reabilitado posteriormente à revolução de 25 de Abril de 1974, sendo-lhe não só restituídas as medalhas concedidas durante a vigência do Estado Novo, como atribuído o novo tributo da Ordem do Infante pelo presidente Mário Soares, em cerimónia solene realizada em Lisboa. Bibliografia: ALDEN, Dauril, Charles Ralph Boxer – An uncommon life, (Lisboa, 2001).
BOXER, CHARLES RALPH (1904-2000)
Autor/repórter, naturalista e explorador austríaco, com interesses nas áreas das Ciências Naturais e da Economia. A convite do arquiduque Maximilian Ferdinand, Karl von Scherzer participa, na qualidade de repórter, numa viagem de circum-navegação com o objectivo de levar a cabo investigação científica no Oceano Pacífico, a bordo da fragata Novara, entre 1857-1859, publicando, em Viena, entre 1864 e 1868, os três volumes do relato da viagem, Reise der Österreischischen Fregatte Novara um die Erde. Em 1869, o explorador acompanha uma segunda viagem à China, ao Japão e à Tailândia, publicando o relato da mesma, em 1872, Fachmännische Berichet über die Österreisch-ungarische Expedition nach Siam, China und Japan 1868-1871, tendo posteriormente desempenhado cargos diplomáticos, quer no Oriente, quer na Europa. O viajante austríaco chega a Macau, a bordo do Sir Charles Forbes, vindo de Hong Kong, em 1858, pouco depois da Guerra do Ópio e da fundação (inglesa) dessa cidade, comparando a beleza do enclave católico à da Victoria protestante. O cariz pitoresco da paisagem humanizada, sobretudo da Praia Grande e das sampanas no porto, é uma constante na descrição da urbe em que os mercadores europeus repousam nos meses de Verão e onde, de acordo com o autor, Camões, exilado, escreveu Os Lusíadas no romântico ambiente da Gruta situada no frondoso parque, criticando o mau gosto do busto do poeta, bem como o tráfico de cules para a América do Sul a partir de Macau. O autor é acolhido e guiado por Herr von Carlowitz, comentando os efeitos da Guerra do Ópio na comunidade estrangeira em Macau, o medo e a insegurança constantes, que já não se sentem nos passeios domingueiros dos inúmeros casais ao longo da Praia Grande e ao som da banda filarmónica. O visitante dirige-se posteriormente para Cantão, encontrando uma cidade ainda a erguer-se do estado de destruição em que a Guerra do Ópio a deixara. [R.M.P.] Bibliografia: DIAS, Jorge, “Macau in the Mid-Nineteenth Century: A Report by the Austrian Explorer Karl Ritter von Scherzer”, in Review of Culture, ano 2, vol. 2, n°s. 7/8, (Macau, Outubro de 1988/Março de 1989), pp. 27-31; NARCISS, George Adolf, Im Fernen Osten: Forscher und Entdecker in Tibet, China, Japan und Korea, 1689-1911, (Tübingen, 1978); VON SCHERZER, Karl Ritter, Reise der Österreischischen Fregatte Novara um die Erde, 3 vols., (Viena, 1864-1868); VON SCHERZER, Karl Ritter, Narrative of the Circumnavigation of the Globe by the Austrian Frigate Novara, Undertaken by Order of the Imperial Government, in the Years 1857, 1858, & 1859, 3 vols., (Londres, 1861-1863); VON WÜLLERSTORF-URBAIR, Bernahard Freiherr, Reise der österreichischen Fregatte Novara um die Erde in den Jahren 1857, 1858, 1859, 3 vols., (Viena, 1867-1875); VON WÜLLERSTORF-URBAIR, Die k. u. k. österreichisch-ungarische Expedition nach Indien, China, Siam und Japan, 1868-1971 […], (Estugarda, 1873).
SCHERZER, KARL RITTER von (1821-1903).
BRAGA, MARIA ONDINA SOARES FERNANDES (1932-2003). Maria Ondina Soares Fernandes Braga nasceu em Braga em 1932 e estudou na Alliance Française em Paris, licenciando-se em língua inglesa pela Royal Asiatic Society of Arts de Londres. Foi professsora de Inglês e de Português em Angola, Goa e Macau, residindo em Lisboa desde 1965. Macau e a China estão bem patentes na obra da escritora, que viveu em ambos os locais: entre 1961 e 1965 em Macau, onde foi professora no Colégio Santa Rosa de Lima, e em 1982, em Pequim, tendo leccionado na Secção de Português do Instituto de Línguas Estrangeiras. Em 1965 publicou o seu primeiro livro, Eu Vim para Ver a Terra, no qual reune crónicas de Angola, Goa e Macau. Três anos depois é a vez de dar à estampa alguns contos de inspiração chinesa, escritos em Macau, na obra A China Fica ao Lado, com diversas edições, e traduzida para chinês em 1991. Nesse mesmo ano publicou Nocturno em Macau, obra galardoada com o Prémio Eça de Queirós, da Câmara Municipal de Lisboa. A notória ligação de Ondina Braga à China passa ainda pelo facto de, mesmo a sua autobiografia romanceada, que mais tarde viria a constituir o livro Estátua de Sal, ter sido escrita em Macau (1963), sem, naturalmente, deixar de referir a sua Angústia em Pequim, publicada em 1984. Ciclo este da vida da escritora de alguma forma fechado com Passagem do Cabo (1994), em que, tal como no seu primeiro livro, reune crónicas de Angola, Goa e Macau, sendo, no entanto, patente uma postura de despedida dessas terras que viu. Em Março de 1990, Ondina Braga voltou a Macau, o que se repetiria no ano seguinte, por ocasião do lançamento da versão bilingue de A China Fica ao Lado. As impressões que então colheu da terra que lhe fora tão familiar estão registadas em diversos artigos, crónicas e entrevistas publicados na imprensa local e nacional, de que também foi colaboradora assídua. No Território, Ondina Braga tem publicação dispersa, ao nível literário e ensaístico, nomeadamente na Revista de Cultura e na Macau. Sendo uma das contistas portuguesas mais prestigiadas e galardoadas da actualidade, Maria Ondina Braga, desenvolveu, com igual êxito, a novela, a crónica, a narrativa, a biografia, o ensaio e a tradução. A sua colectânea de contos, A Filha do Juramento, composta por três livros, sendo o segundo deles dedicado à China, publicada em 1995 na cidade de Braga, assinalou a passagem do 30.° aniversário da carreira literária da autora que, entretanto, retomou a vertente autobiográfica e memorialista ficcionada em Vidas Vencidas. – Principais Obras. Romances: Nocturno em Macau, 1991 (2.ª ed., 1993); A Personagem, 1978. Contos: A China Fica ao Lado, 1968 (4.ª ed., 1991); Amor e Morte, 1970; A Revolta das Palavras, 1975; A Filha do Juramento, 1995. Crónicas: Eu Vim para Ver a Terra, 1965; Passagem do Cabo, 1995. Novelas: Os Rostos de Jano, 1973; A Casa Suspensa, 1982; Lua de Sangue, 1986. Narrativa: Angústia em Pequim, 1984 (2.ª ed., 1988). Autobiografias e memórias romanceadas: Estátua de Sal, 1969 (3.ª ed., 1983); Vidas Vencidas, 1999. Publicação de conjunto: A Rosa-de-Jericó (contos escolhidos), 1992. Bibliografia: SENA, Tereza; BASTO, Jorge, Macau nas Palavras, (Macau, 1998).
BRAGA, MARIA ONDINA SOARES FERNANDES (1932-2003)
| Personagem: | Pessanha, Camilo de Almeida |
| Tempo: | Época da República entre 1911 e 1949 |
| Após o estabelecimento da RPC em 1949 até 1999 | |
| 1916 | |
| 1990 | |
| Local: | Portugal - Lisboa |
| Palavra-chave: | Poeta |
| Português |
| Fotografia: | Pires, Daniel |
| Fonte: | Arquivo de Macau, documento n.º MNL.01.09f.Icon |
| Entidade de coleção: | Arquivo de Macau |
| Fornecedor da digitalização: | Arquivo de Macau |
| Idioma: | Português |
| Tipo: | Imagem |
| Fotografia | |
| Preto e branco | |
| Formato das informações digitais: | TIF, 1324x2000, 7.58MB |
| Identificador: | p0001240 |
Caros membros do website "Memória de Macau", olá!
Agradecemos o vosso apoio e confiança ao longo do tempo ao website de Cultura e História "Memória de Macau". A fim de otimizar a qualidade dos serviços a prestar aos membros e proteger os seus direitos e interesses, será implementada, oficialmente, uma nova versão dos "Termos e Serviços" que entrou em vigor a 28 de Abril de 2025. Por favor, leiam o texto completo da versão actualizada. O conteúdo pode ser consultado aqui:
👉 Clique aqui para tomar conhecimento da versão actualizada dos "Termos e Serviços"
Li, concordo e aceito o conteúdo actualizado dos "Termos e Serviços".
Caso tenha alguma dúvida sobre a versão atualizada, não hesite em contactar-nos.
Agradecemos o vosso contínuo apoio e confiança. O website de Cultura e História "Memória de Macau" continuará a prestar serviços aos seus membros de forma segura e conveniente.
Com os melhores cumprimentos,
Website de Cultura e História "Memória de Macau"
Data de actualização: 28 de Abril de 2025
Instruções de uso
Já tem a conta da "Memória de Macau"? Login
Comentários
Comentários (0 participação(ões), 0 comentário(s)): agradecemos que partilhasse os seus materiais e histórias (dentro de 150 palavras).