BONNETAIN, PAUL (1858-1899). Escritor e jornalista francês, nascido em Nimes, que se dedica a questões marítimas e coloniais, autor de obras como Tour du Monde d’un Troupier (1882); Charlot s’Amuse e L’extrême orient, Chine et Japon (1888) e L’ópium (1886), sendo esta última obra uma reportagem-testemunho sobre os mistérios orientais e o vício de fumar. Bonnetain participa numa expedição a Tonqui, como correspondente do jornal Le Figaro, sendo os artigos epistolares reunidos e publicados em 1885. Na sua narrativa sobre o Extremo Oriente o autor descreve a sua estada em Macau, para onde se desloca de Hong Kong, cuja fundação, juntamente com a abertura dos demais portos chineses ao comércio ocidental após a Guerra do Ópio, são apontados como factores que contribuem para o empobrecimento do enclave sino-português, que, durante cerca de três séculos, detivera o monopólio comercial entre a Europa e o Império do Meio. O repórter refere ainda os antigos barracões do tráfico dos cules, vivendo Macau do jogo e da lotaria. Tal como George Busquet (1846-1937), autor que Bonnetain poderá ter lido, este último sente-se em Macau, transportado para a Europa após ter percorrido quatro mil léguas até à China. Aliás, as semelhanças entre a descrição da cidade nas obras destes dois viajantes continuam, pois tal como Busquet, também Bonnetain refere a destruição ainda visível do tufão de 1847 e aproxima Macau de uma pequena cidade no Sul da França. O visitante apresenta ainda as coloridas e sonolentas fachadas, enquanto a cidade deserta dorme a sesta adornada por inúmeras igrejas sombrias e silenciosas. O grupo de visitantes franceses desloca-se à Gruta de Camões, rodeada de “banalidades”, que são mais tarde novamente criticadas. De regresso, a comitiva encontra mulheres macaenses envoltas por véus, parecendo freiras (comparação idêntica à de Benjamin Lincoln Ball), enquanto nos bairros mais agitados marujos se acotovelam com chineses, por entre aromas, sons orientais e casas de jogo. O narrador faz uma pausa na descrição, afirmando, com um pendor lírico, que Macau é dos locais mais silenciosos que visitara. Curiosa é a descrição do encontro do autor com o velho guarda português que se encarrega do jardim da Gruta de Camões, pedindo aos visitantes que assinem um caderno de registo da visita, ficando claro para o primeiro, pelas poucas páginas utilizadas, que os turistas em Macau são poucos. Paul Bonnetain faleceu no Laos em 1899. Bibliografia: BONNETAIN, Paul, Charlot s’Amuse, 12.ª edição, (Bruxelas, 1884); BONNETAIN, Paul, L’Opium, (Paris, 1886); BONNETAIN, Paul, Le Monde Pittoresque et Monumental: L’Extreme Oriente, (Paris, 1887).

Anotações: Bibliografia: BONNETAIN, Paul, Charlot s’Amuse, 12.ª edição, (Bruxelas, 1884); BONNETAIN, Paul, L’Opium, (Paris, 1886); BONNETAIN, Paul, Le Monde Pittoresque et Monumental: L’Extreme Oriente, (Paris, 1887).

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Data de atualização: 2020/04/17