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Trata-se de um significativo conjunto de cerca de seis mil folhas manuscritas, cronologicamente situadas, na sua grande maioria, entre meados do século XVIII e a primeira metade da centúria seguinte. A temática desta documentação diz respeito às relações entre as autoridades portuguesas e chinesas a propósito do território de Macau, versando múltiplos e variados temas, no âmbito dos contactos ofic

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Após meses de preparação, a caravana constituída por três Mitsubishi Pagero, baptizados com os nomes de Macau, Taipa e Coloane partiram, do simbólico Jardim Camões, em Macau, para o II Raide Macau-Lisboa, no dia 27 de julho de 1990.

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1223

Fundada por S. Francisco de Assis e aprovada pela Bula 'Solet annuere’, de 29 de Novembro de 1223, do Papa Honório III, a Ordem Franciscana em breve conheceu uma expansão assinalável, de forma que ainda em vida do fundador se reuniram em Capítulo mais de cinco mil frades. Um dos ideais da nova família religiosa foi o da actividade missionária, de que Francisco de Assis começou por dar o exemplo, dedicando-se à evangelização do povo, particularmente nos meios rurais, e também partindo para novas terras de missão, como ele próprio refere nos seus escritos: (para entre mouros e outros infiéis' (2.a Regra, XII). Ainda em vida, Francisco enviou diversos dos seus companheiros para Marrocos, os quais, depois de atravessarem o território da Península Ibérica, foram acolhidos em Coimbra e dali desceram a Sevilha, entrando em Marrocos, onde foram martirizados. O próprio Francisco, com outros companheiros, partiu para o Médio Oriente e chegou ao Egipto. Recebido pelo Sultão, conseguiu com esse gesto atenuar os efeitos nefastos das represálias que os árabes, por causa das cruzadas, estavam exercendo sobre os cristãos e os Lugares Santos da Palestina. - I. Franciscanos no Oriente. Em relação ao Extremo Oriente, o trabalho missionário dos franciscanos teve igualmente honras de pioneiro. Em 1245, o Papa Inocêncio IV convocara o Concílio de Lião, decidindo enviar embaixadores à corte dos mongóis a fim de aí obter apoio para a estratégia papal de conter o poderio muçulmano que então ameaçava a Europa e a cristandade. Num primeiro momento, esta missão foi confiada a um franciscano português, Frei Lourenço de Portugal, que, por razões ainda não totalmente claras, nunca chegou a concretizar. Em seu lugar, partiu então Frei João do Monte Carpini, investido nessa missão pela carta de Inocêncio IV 'Cum non solum’. Embora os resultados desta missão fossem pouco significativos, ela foi depois continuada por outros grandes missionários: Frei João de Montecorvino, Frei Odorico de Pordenonne e Frei João de Marignolle. Apesar de seguirem a metodologia missionária que Francisco tinha traçado para os seus frades, uma presença simples e pobre entre as gentes, vivendo, convivendo e partilhando o seu modo de viver, estes religiosos partem para o Oriente bem preparados, tanto no cultivo das línguas orientais como no conhecimento dos costumes e das tradições dos seus povos. A sua acção diversificou-se e atraiu à fé muitos locais, começando assim a frutificar a semente do Evangelho por eles lançada. Para além da sua presença ter sido bem aceite junto dos imperadores da China, a estes missionários se ficaram a dever as primeiras tentativas de lançar uma hierarquia eclesiástica que pudesse dar continuidade à obra apenas iniciada. À semelhança do que sucedeu em outras paragens, particularmente na Palestina e zona do Médio Oriente, podemos dizer que o século XIII dá início a uma efectiva presença franciscana no Império do Meio e prepara, de alguma forma, o sucesso que a acção dos Jesuítas aí alcançou a partir de meados do século XVI, o que, no dizer de J. de Deus Ramos, 'constituiu um dos mais fascinantes momentos na longa história dos contactos entre o Ocidente e a Ásia'. - II. Fransciscanos e a Epopeia das Descobertas. Apesar do esforço e dos resultados do século XIII, o grande período da expansão missonária e da presença dos Franciscanos no Oriente está intimamente ligado à expansão das descobertas e ao domínio dos mares que os Reinos de Portugal e da Espanha exerceram a partir do século XVI. A epopeia missonária no Oriente conheceu então o apogeu, graças a alguns factores favoráveis que então se verificaram: a Reforma Católica, o aparecimento de novas congregações dedicadas à missão, o suporte e apoio concedido pelos governos da Espanha e Portugal, o esforço da Sé Apostólica na acção missionária da Igreja. É neste contexro que assistimos à chegada dos Franciscanos a Macau, que, à semelhança de ourras congregações religiosas, aqui se estabeleceram a fim de re-iniciarem a evangelização do grande continente chinês. É preciso ter em conta que Macau, em virtude da sua extensão e da população residente, nunca foi o objectivo das inúmeras famílias religiosas que aqui se esrabeleram. Esse objectivo apontava para algo mais além, quer se trate da China em si, quer se trate do Japão. - III. Franciscanos em Macau: chegada e primeiros tempos. A história da chegada a Macau dos primeiros religiosos da Ordem de S. Francisco de Assis continua ainda envolta em algo de mistério que talvez nunca venha a ser desvendado. Numa breve memória à maneira de introdução ao III volume da obra Macau e a sua Diocese do Padre Manuel Teixeira são coleccionadas diversas datas e hipóteses sobre a chegada dos Frades ao Território. No entanto, e apesar de presentes em Goa desde 1518, os primeiros franciscanos a demandar Macau fizeram-no a partir das Filipinas, tendo aqui chegado em 1580. Largando das Filipinas, o objectivo do primeiro grupo de frades que se fizeram ao mar em direcção às terras do Império do Meio era certamente o de atingirem a cidade de Chincheo (Zhangzhou 漳州), que ficava na província de Fujian福建 Numa mensagem enviada pelo Governador das Filipinas, Francisco de Sande, ao Rei de Espanha, em 30 de Maio de 1580, vem narrada toda a histórica aventura desse primeiro grupo de franciscanos que se fizerem ao mar em demanda das terras da China, tendo chegado ao rio de Cantão a 19 de Junho de 1579. Este primeiro grupo era constituído por Frei Pedro Álfaro, Custódio e natural de Sevilha, Frei João Baptista Locarelli, italiano, de Pesaro, Frei Sebastião de S. Francisco, natural de Baeza, e Frei Agostinho de Tordesillas, todos sacerdotes que se faziam acompanhar de alguns soldados. Depois de diversas peripécias próprias de quem chega pela primeira vez a terra estranha, foram submetidos a diversos interrogatórios, tendo sido ludibriados por um tal Simão Rodrigues, que conhecia a língua portuguesa e pensava poder apossar-se de alguns valores que os frades porventura trouxessem consigo. Trata-se, no dizer do Padre Manuel Teixeira, de um ' renegado apóstata', que tendo vivido muitos anos com os portugueses conhecia a nossa língua e assim se fez passar por intérprete e amigo dos franciscanos, acompanhando-os nos numerosos interrogatórios a que foram sujeitos durante os dias da sua estadia em Cantão. Vencidos os primeiros obstáculos da sua chegada e estadia em Cantão, os frades escreveram ao bispo de Macau, D. Melchior Carneiro, o qual de bom grado se disponibilizou para os acolher e apoiar, advertindo-os para a necessidade de serem prudentes e não se deixarem enredar nas contendas entre castelhanos e portugueses. Face às dificuldades encontradas e à ordem emitida pelo decreto do imperador Shenzong 神宗 (Wanli 萬曆, 1573-1621), e promulgado pelo mandarim de Cantão, que proibia os castelhanos de se manterem na China, resolveram então os frades aceitar o acolhimento proposto pelo bispo de Macau, para onde se dirigiram, mas agora apenas Frei Pedro Álfaro e Frei João Baptista Locarelli, uma vez que Frei Sebastião de S. Francisco, natural de Baeza, falecera durante a estadia em Cantão e os demais membros do grupo regressaram às Filipinas. Para além do acolhimento do Bispo, encontraram na Cidade do Santo Nome de Deus, onde finalmente chegaram no dia 15 de Novembro de 1579, duas outras pessoas que se prestaram a ajudar os religiosos nesta sua difícil chegada: O Padre André Coutinho, português do clero secular, e o leigo espanhol Pero Quinrero. Acolhidos com sentimentos contraditórios, coisa devida às contendas entre portugueses e castelhanos, logo foi providenciado para que aos frades fosse atribuído um lugar a fim de se dar início à construção do primeiro eremitério-convento para os religiosos. Enquanto a tal se providenciava, eles recusaram todas as ofertas de hospedagem, preferindo instalar-se no hospital dos leprosos, fundado por D. Melchior Carneiro em 1569, a quem serviam e prestavam os mais humildes serviços. Como os frades não desejavam grandes construções, foi o convento conluído no ano seguinte (1580), sendo a igreja dedicada a Nossa Senhora dos Anjos. Em simultâneo, procuraram os religiosos consolidar a integração eclesial da sua presença, denominando a sua fundação, tal como escreve Lucarelli, de 'Custódia da China de S. Gregório', apesar das contradições existentes no grupo entre os irmãos de proveniência portuguesa e os demais. A presença dos Franciscanos foi, nestes primeiros tempos, muito proveitosa para o anúncio e o testemunho do evangelho, tal como nos recordam as memórias de então. Apesar de algumas rivalidades entre nacionais e estrangeiros, próprias do contexto político que então se vivia em Portugal com a dominação filipina e das dificuldades especificas da evangelização no contexto cultural e social da região, a actividade missionária dos frades prosperou rapidamente e depressa começaram a aparecer os primeiros candidatos a postulantes para a Ordem. Um dos frades que melhor deixa transparecer nos seus escritos a satisfação pelo trabalho realizado e pelos frutos recolhidos é Frei Martinho Inácio de Loiola, sobrinho do fundador da Companhia de Jesus. Refiro, a título de exemplo, algumas das suas expressões, recolhidas por Wyngaert: 'têm-se convertido muitos Chinas [ ... ] na cidade de Macau e vão-se baptizando cada dia dando mostras e sinais de serem bons cristãos, os quais dizem que a maior dificuldade que há para se converter todo o Reino será a que farão os que nele governam[ ... ]. Além disso, eles dão-se a todos os regalos que um entendimento humano pode pensar, por terem nisso posta a sua felicidade'. Mais adiante, acrescenta o nosso cronista: 'E espanta muito que, sendo as mulheres deste reino castíssimas e recolhidas, tanto como as que mais o são, os homens são muito viciosos e especialmente os senhores e governadores, creio que não deixará de ser grande impedimento à entrada do Evangelho'. Todavia, e apesar destes sucessos,o primeiro grupo de frades manteve-se durante pouco tempo na cidade do Santo Nome de Deus, começando então a chegar novos missionários da família de Francisco de Assis. Um desses primeiros grupos, dirígido por Frei Jerónimo de Burgos, comissário-visitador, partiu a 21 de Junho de 1582 de Manila 'para sua consolação a fim de visitar a casa de Macau'. O grupo de sete religiosos foi aprisionado nas costas de Fujian e levados para Cantão. Tendo aí morrido um por causa dos maus tratos recebidos, foram os demais salvos e trazidos para Macau devido à intervenção do capitão-mar desta cidade, Aires Gonçalves de Miranda. Como era de esperar, e devido à situação política, não foi fácil estabelecer um consensus vivendi entre os religiosos das duas nacionalidades, portugueses e espanhóis, uma vez que a obediência à Casa-Mãe de Manila em nada agradava às autoridades locais e aos portugueses de Macau. Como diz Henri Bernand, 'os portugueses [ ... ] obrigaram-nos a erigir em custódia independente das Filipinas as duas Fundações de Macau e de Malaca; eles toleravam ali os súbditos espanhóis, mas na condição de virem por Lisboa e Goa'. Foi este o ambiente que rodeou os Franciscanos durante os primeiros tempos da sua estadia em Macau até à chegada de um novo grupo de sete religiosos de que era superior Frei Jerónimo de Burgos, em Agosto de 1582. Teve então lugar o primeiro Capítulo local dos frades, no qual foi eleito como Custódio Frei Martinho Inácio. Procedeu-se também então à erecção da Custódia de S. Gregório da China, constituída pelos conventos de Malaca e Macau e autónoma da casa-mãe das Filipinas. Com esta decisão deu-se um passo em frente na autonomia da estrutura do governo regional da Ordem nestas paragens e, ao mesmo tempo, foi possível começar a fazer a implantação local dos frades, ultrapassando assim as contendas entre portugueses e espanhóis em razão da sua obediência à Custódia de Manila. Na sequência desta decisão, deu-se início a uma nova etapa na ainda curta presença dos Fransciscanos no Território de Macau, podendo estes estabelecer agora uma relação mais estreita com os responsáveis da cidade, ultrapassando assim as anteriores reservas face à presença de espanhóis. Todavia, e apesar deste passo decisivo, a história dos Fransciscanos nesta porção do território chinês não foi fácil. Logo após a sua chegada a Manila, Frei Jerónimo de Burgos teve de voltar à China, em 1583, agora com o objectivo de anular o que antes tinha fundado: a Custódia de Macau-Malaca. É que a existência desta, independente da casa de Manila, impedia os castelhanos de manterem aberta a única porta de acesso à China que até então tinham conseguido abrir. No entanto, e apesar das diligências feitas, os objectivos desta missão não foram alcançados, resolvendo então apelar para o Padre Geral da Ordem a fim de solucionar as dissensões entre portugueses e castelhanos nestas paragens. Face a esta situação, as autoridades da Ordem decidiram confiar aos religiosos portugueses o convento de Malaca, constituindo uma custódia portuguesa de S. Francisco, dependente de S. Tomé da Índia, e de voltar a integrar o convento de Macau na Custódia das Filipinas. Ao contrário das decisões que trazia de Roma, e também em parte pelas opções tomadas pela Santa Sé no sentido de confiar aos Jesuítas as missões da China e do Japão, a decisão de fazer voltar o convento de Macau para a obediência da Casa-Mãe de Manila não foi bem aceite e os religiosos espanhóis tiveram de deixar Macau em Agosto de 1586, regressando às Filipinas após um tempo de espera por condições favoráveis. O cronista da Ordem refere que foram nove os religiosos castelhanos que tiveram de abandonar Macau, entre os quais estavam alguns dos fundadores da primeira hora. - IV. Acção Missionária dos Franciscanos. As missões foram a principal e a mais importante actividade dos Franciscanos desde a sua chegada a terras do Oriente. O objectivo dos primeiros frades que partiram de Manila em demanda da China, tal como rezam as crónicas do tempo, foi exactamente esse, pois em Espanha como em Portugal este era o ideal que animava os que partiam para o Oriente. Todavia, a actividade missionária não se limitava ao império chinês. Em breve os frades foram enviados para o Japão, dando apoio à missão já iniciada pelos Jesuítas e que apresentava já abundantes frutos. O início da missão franciscana no Japão continua ainda hoje um pouco envolto em mistério. O Padre Lorenzo Pérez, numa longa e bem documentada série de artigos, diz que os primeiros religiosos franciscanos entraram no Japão em 1582, sendo depois seguidos por novos grupos nos anos subsequentes. Um dos primeiros a demandar o Japão foi Frei Juan Pobre que antes, como capitão e membro do grupo, havia acompanhado o Padre Alfaro a Cantão e a Macau, regressando depois a Manila onde ingressou na Ordem Franciscana. O testemunho dado por este religioso fez despertar nos próprios padres da Companhia o desejo de que outros religiosos fossem enviados ao país do Sol Nascente para ali difundirem a mensagem cristã. Partindo de Macau e das Filipinas, em breve os frades começaram a colher os primeiros frutos do seu trabalho pastoral. Num primeiro momento, a missão em terras japonesas revelou-se proveitosa e fecunda, mas a curto prazo tornou-se difícil e foi marcada pelo sangue dos mártires. Por mais de duas décadas, a perseguição não abrandou e os mártires desse período contam-se às centenas, entre os quais cerca de 45 franciscanos, religiosos e leigos da Terceira Ordem, tanto estrangeiros como nacionais. Um dos documentos mais notáveis deste período é constituído pelo célebre Quadro dos Mártires do Japão, feito em Macau e enviado para Espanha e Roma a fim de perpetuar a memória dos corajosos mártires desta época. Dentre os mártires da primeira vaga sobressai também a figura de S. Gonzalo García, que no momento do martírio não apenas animava os companheiros como deixou a todos um vivo testemunho de fé e de entrega a Cristo, ele que conhecera o Japão como negociante antes de ingressar na vida religiosa, tudo deixando pela causa do evangelho. No dizer do grande pensador franciscano Agostino Gemelli, 'o Japão tranquilo e quase benévolo no início do século [XVI ... ] , mostra-se cruel e, em 1614, por instigação dos mercadores holandeses, o imperador emana o decreto de expulsão de todos os missionários', tendo a perseguição durado por mais de uma vintena de anos. Para além da sua presença missionária, os Franciscanos, em alguns momentos da história, desempenharam igualmente um importante papel nas relações diplomáticas entre a Santa Sé e os estados orientais. No caso do Japão, assume particular importância a missão de Frei Luis Sotelo de Sevilha, que em 1615 acompanhou o emissário do Japão em Espanha e conseguiu que este se fizesse baptizar em Madrid, apresentando-o depois em Roma ao Papa Paulo V, por quem veio a ser recebido duas vezes. Apesar das promessas feitas, a perseguição aos missionários e aos cristãos intensificou-se, e quando regressou ao Japão em 1662, Luis Sotero conheceu idêntico destino dos demais, tendo sido queimado vivo juntamente com outros missionários. Assim se concluiu a primeira fase da experiência missionária franciscana em terras japonesas, só retomada dois séculos mais tarde em virtude do tratado comercial com a França. Quanto às missões na China, depois dos primeiros contactos já iniciados no século XIII e mais tarde nas últimas décadas do século XVI, a partir de Manila e Macau, assumem agora no século XVII um novo vigor, principalmente a partir do segundo quartel, com a chegada de novos missionários, particularmente vindos de Manila. Dentre estes destaca-se a figura de Frei António de Santa Maria, chegado a Fujian em 1634 e que entretanto fora nomeado pelo Papa Urbano VIII Vigário Apostólico para as missões franciscanas no Oriente. Das diversas viagens que fez passou também por Macau, na tentativa de se deslocar à Europa para aí apresentar a célebre questão dos ritos chineses. Para além da acção missionária e das inúmeras conversões feitas, este franciscano legou-nos cerca de 30 cartas, datadas de 1648 a 1662. Trata-se de um conjunto de escritos de grande importância para a compreensão da questão dos ritos, questão esta que opunha as chamadas Ordens Mendicantes à pastoral realizada pelos Jesuítas acerca da incompatibilidade entre certos ritos e costumes chineses com o culto católico. Apesar das vicissitudes da sua história e das questões de natureza política sobre o relacionamento entre religiosos portugueses e espanhóis, Macau constituiu sempre um espaço de acolhimento e de apoio às missões franciscanas na China, tendo por aqui entrado muitos dos missionários que demandavam em seguida as terras de missão. No entanto, muitas das contendas que aqui tiveram lugar devemos enquadrá-las no âmbito de uma problemática mais complexa com que os missionários chegadas ao Oriente, especialmente à China, se viram confrontados: a compatibilidade entre os dogmas da sua fé e as tradições culturais dos povos a evangelizar. Longe estava ainda a capacidade de inculturação da fé. Por isso, as dificuldades de relacionamento entre os missionários de origem portuguesa, mormente os da missão portuguesa, que tinha a sua sede em Macau, e os missionários de outras proveniências encontram uma boa parte da sua razão de ser nesta incapacidade de compreensão dos chamados ritos chineses face aos preceitos evangélicos. Apesar de tudo isso, Macau deu certamente um grande contributo para a história das missões franciscanas no Oriente. -V. Outras Obras dos Franciscanos. Para além da acção pastoral e missionária, tanto na China como em outras paragens do Oriente, os Franciscanos dedicaram-se também às obras de assistência, começando, logo após a sua chegada, servindo os leprosos e doentes no hospital, tal como salientam as crónicas da época. Este serviço de apoio aos pobres e necessitados está no centro da espiritualidade da Ordem, pois a própria vocação de Francisco de Assis está associada à sua experiência entre os leprosos. Por isso, uma das obras que mais os notabilizou em terras de Macau foi a célebre botica do Convento de S. Francisco. No que ao Convento diz respeito e à sua construção, isso será objecto de tratamento específico. Quanto à botica, não são muitos os dados disponíveis. Temos, no entanto, alguns ecos que nos falam da sua existência e da importância que assumiu para as gentes de Macau após a expulsão dos Jesuitas do Território, já que passou a ser a única existente. Servindo-se deste meio, alguns irmãos exerceram uma benemérita actividade em prol da população carenciada de assistência. Dentre os frades referidos nas crónicas de então, destacam-se o Frei Braz Garcia, falecido em 1678 no Convento de S. Francisco, e o Irmão Martinho, que deu continuidade ao seu trabalho. Ao longo dos anos, religiosos houve que se notabilizaram também nas artes e nas letras, tendo-nos legado alguns deles obras notáveis para o conhecimento da realidade social e eclesial da sua época. Apesar da atenção específica que lhes é conferida na menção individual que este Dicionário lhes dedica, refiro aqui alguns daqueles que mais se salientaram pelo seu saber: Frei Paulo da Trindade, Frei Jacinto da Mãe de Deus, Frei António de Santa Maria Caballero e Frei José de Jesus Maria. [J.L.]Bibliografia: GEMELLI, Agostino, Il Francescanesimo, (Milão,1947); LOPES, Félix, 'Os Franciscanos no Oriente Português de 1584 a 1590', in Studia, n.o 9, (Lisboa, 1962), pp. 29-65; PÉREZ, Lorenzo, 'Origen de las Misiones Franciscanas en el Extremo Oriente', in Archivo Ibero~Americano, vol. 1, (Madrid, 1914), pp. 100-120 e 301-328; RAMOS, J. de Deus, A História das Relações Diplomáticas entre Portugal e China, (Macau, 1991); TEIXEIRA, Padre Manuel, Macau e a sua Diocese, vol. 3, (Macau, 1956-1961); TRINDADE, Paulo da, Conquista Espiritual do Oriente, 3 vols., (Lisboa, 1962-1967); VAN DEN WYNGAERT, Sinica Franciscana, vol. II, (Florença, 1933).

1579

No dia 15 de Novembro de 1579, chegam a Macau vindos das Filipinas e, mais recentemente, de Cantão os franciscanos Fr. Pedro de Alfaro e Fr. Giovanni Battista Lucarelli, que foram recebidos pelo comerciante Pero Quintero e pelo Pe. secular André Coutinho. A obra que iniciaram na cidade (o Convento de N. Sra dos Anjos), os seus agentes, a literatura que produziram e, neste domínio – já no sec. XVII, a figura e a obra de Fr. Jacinto de Deus, tudo é apresentado no artigo de Leonor D. de Seabra, “A Descrição da China de Fr. Jacinto de Deus”, incluido na Revista de Cultura, nº 29, RAEM, Outubro 2008, pp. 55-69.

1755

No dia 15 de Novembro de 1755, o Bispo D. Bartolomeu escreve ao Conselho Ultramarino sobre o cativeiro dos chinas, mostrando a inconveniência de os macaenses comprarem crianças para serem suas escravas. O Rei D. José I respondeu em 20 de Março de 1758, declarando “barbara e nula” a referida escravatura.

1787

No dia 15 de Novembro de 1787, o Vice-Rei da Índia, Francisco da Cunha e Meneses, propõe a fundação de uma Companhia Comercial que englobasse os comerciantes de Goa e Macau.

1819

A fragata D. Maria II foi um navio mercante inglês que Portugal adquiriu à Inglaterra em 1831. D. Maria II, a sua patrona e 29.o soberano de Portugal, nasceu no Rio de Janeiro a 4 de Abril de 1819 e morreu em Lisboa, a 15 de Novembro de 1853. Casou em primeiras núpcias com o príncipe Augusto Leuchtenberg, a 28 de Janeiro de 1835, e em segundas núpcias com o príncipe D. Fernando de Saxe-Coburgo Gota, a 9 de Abril de 1836. Personalidade forte, mulher de grande coragem, D. Maria II liderou a Coroa portuguesa num período de grandes convulsões políticas: Portugal lutava pela liberdade e a Constituição, que a Rainha defendeu e respeitou, era o garante dessa liberdade. Foram muitos e historicamente notáveis os movimentos e acções a que esta fragata esteve associada. A fragata D. Maria II esteve presente, em Março de 1832, na expedição liberal à ilha da Madeira, aquando da restituição do arquipélago a D. Pedro IV. Em 1832, integrou a expedição, também liberal, que desembarcou próximo da praia do Mindelo, quando D. Pedro IV, partindo da ilha Terceira, nos Açores, vinha ao Reino para restituir a Coroa a sua filha, D. Maria. Participou nos bloqueios do Tejo em Julho e Agosto de 1832, e regressou ao Porto com a esquadra. Em 21 de Junho de 1833 largou do Porto, inregrada na esquadra liberal, rumo ao Algarve, juntamente com as fragatas Rainha de Portugal e D. Pedro, a corveta Portuense e o brigue Vila Flor. Bateu-se então com a fragata miguelista Princesa Real que tomou, junto ao Cabo de S. Vicente. Em Julho de 1833 participou no bloqueio liberal a Lisboa. A cidade rendeu-se e, a partir deste momento, a causa absolutista – de D. Miguel- ficou sem futuro. Em Setembro de 1833 estava em Sines, para dar protecção a terra. Ainda em Setembro, o capitão-de-mar-e-guerra inglês Charles Napier, que em Junho de 1833 assumira as funções de major-general da armada e de comandante-em-chefe da esquadra liberal, com o posto de vice-almirante, mandou a fragata D. Maria II para Setúbal, sob o comando de Frederick Henry, dada a importância deste porto no desenvolvimento das lutas liberais. O Forte de S. Filipe foi então ocupado. Para além desta presença constante nas movimentações da esquadra liberal, a fragata D. Maria II fez percursos regulares para o Oriente. A 4 de Junho de 1838 largou para a Índia como nau de viagem. Quando regressou ao Tejo, em Setembro de 1839, transportava passageiros e carga de pimenta, rotim, café, cairo, e tamarindo, entre outros produtos. A 7 de Junho de 1842, largou novamente para a Índia como nau de viagem. Levava passageiros para Moçambique e Índia, e ainda armamento e fardamento para o batalhão expedicionário. Chegou a Goa a 23 de Novembro de 1842 e regressou ao Tejo a 2 de Agosto de 1843. A 7 de Maio de 1844 saiu mais uma vez para a Índia e voltou ao Tejo a 25 de Maio de 1845. Trouxe passageiros para Moçambique e carga para Lisboa. A 13 de Junho de 1849, fez mais uma viagem para a Índia, com escala em Moçambique, transportando passageiros e degredados. Entretanto, no intervalo destas duas últimas viagens, mais precisamente em Outubro de 1846, a fragata D. Maria II chefiou o bloqueio à cidade do Porto, com o objectivo de impedir a saída dos navios da Junta Revolucionária. A 5 de Junho de 1847 estava novamente no Tejo. É no Oriente que a fragata D. Maria II termina a sua história, em circunstâncias dramáticas associadas à morte violenta de João Maria Ferreira do Amaral, governador de Macau. Ferreira do Amaral, que tomou posse a 21 de Abril de 1846, determinou imediatamente algumas medidas radicais, como foram a declaração de Macau como porto franco, o estabelecimento de um imposto predial e industrial, que também se aplicava aos chineses, e a determinação do registo dos barcos de transporte. Promoveu a abertura de vias no Território cujo traçado implicou a destruição do cemitério chinês. Desagradados com tais medidas, os chineses levaram a cabo uma revolta em Outubro de 1846, revolta dominada pelo governador, que, em 1847, ocupou militarmente a ilha da Taipae no mesmo ano, mandou edificar o Forte da Taipa. Algumas dificuldades rodearam a construção do forte, nomeadamente decorrentes da oposição manifestada pelos mandarins do Sul. O vice-rei de Cantão chegou mesmo a pedir a suspensão da obra, mas Ferreira doAmaral acabou por convencê-lo da oportunidade e necessidade do forte para a segurança das pessoas e da actividade comercial, quer de portugueses quer de chineses. A bandeira portuguesa foi hasteada pela primeira vez no Forte da Taipa em Setembro de 1847, como corolário da ocupação militar da ilha. A partir de então, o Forte da Taipa tornou-se 'um pequeno baluarte de protecção contra os ataques de piratas que ameaçavam constantemente a vida da população'. Outras determinações de Ferreira do Amaral, como o arrolamento de todos os chineses residentes em Macau, a extinção das alfândegas chinesas (hopu), e a proibição de os mandarins entrarem no território tocando bátega - o que significava a afirmação da soberania chinesa-, criaram ao governador um clima de hostilidade que havia de lhe ser fatal. A 22 de Agosto de 1849 é assassinado por um grupo de chineses, em cuja retaguarda estaria a organização secreta Sociedade dos Rios e dos Lagos. Esta organização representava o movimento chinês de oposição aos projectos de alargamento da soberania portuguesa. Em Setembro de 1849, o vice-rei de Cantão comunicou formalmente ao governo de Macau que o assassino de Ferreira do Amaral havia sido preso e executado. Simbolicamente, em Janeiro de 1850, eram enviadas a mão e a cabeça do governador assassinado. Mas o clima não estava definitivamente pacificado. A fragata D. Maria II, que se encontrava na Índia, entrou em Macau a 3 de Junho de 1850 e fundeou no ancoradouro da Taipa a 24 do mesmo mês. Quando, em Outubro, se preparava para largar, é surpreendida pela violenta explosão do paiol. Era o dia 29 de Outubro de 1850. De manhã embandeirou em arco, porque se celebrava o aniversário do rei D. Fernando. À tarde, a explosão. Ficava assim comprometida a expansão da influência portuguesa por via militar. Junto a um dos muros do Forte, foi erigido em 1851 um monumento evocador das vítimas da explosão da fragata D. Maria II. Perderam a vida 188 dos 224 tripulantes, e cerca de 40 chineses que estavam a bordo ou em embarcações próximas. [M.T.O.]Bibliografia: ESPARTEIRO, António Marques, Três Séculos no Mar (1640-1910), vol. 13, (Lisboa, 1974).

1827

No dia 15 de Novembro de 1827, retirando-se de Macau, por doença, o Governador Joaquim Mourão Garcez Palha, assumiu o governo da Colónia o Conselho Governativo constituído por D. Frei Francisco Chacim, Bispo da Diocese, pelo Desembargador José Filipe Pires da Costa e pelo Major Alexandre Grand-Pré. Este foi depois substituído pelo Tenente –Coronel Dionísio de Melo Sampaio, Comandante do Batalhão Príncipe Regente. Por morte do Bispo ficou servindo o Vigário capitular, Inácio da Silva, e depois o Deão da Sé.

1853

No dia 15 de Novembro de 1853, morre a Rainha D. Maria II com 34 anos de idade e 19 de reinado. D. Fernando de Saxe-Coburgo e Gota assumiu a regência do trono visto o herdeiro, futuro D. Pedro V, ter apenas 16 anos.

1856

No dia 15 de Novembro de 1856, as embarcações miúdas no rio de Macau e Praia Grande passaram a ser divididas em 6 classes para o efeito de numeração e pagamento de licenças: 1) Embarcações de descarga e as chamadas de “pedra”; 2) embarcações de prático chamadas “acao”, tanto de um como de dois mastros; 3) as “chatas” e as pequenas embarcações de transporte de peixe fresco; 4) as chamadas “mãe de tancar” (shin-sun-tiang); 5) os “tancares”; 6) as embarcações de venda de frutas, bolos, etc..

1879

Segundo o Edital de 15 de Novembro de 1879 do Procurador, 'tendo o inspector do serviço de incêndios informado o Conselho Governativo, pelo modo o mais honroso, acerca da coragem e dedicação com que se apresenta e trabalha nos incêndios o pessoal das bombas particulares, que alguns proprietários de lojas e estabelecimentos industriais chinas, costumam enviar no lugar de sinistro, prompta e espontaneamente, logo que a fortaleza de Monte dá o sinal de incêndiao, determina o Conselho Governativo que sejam publicamente louvados os proprietários e o pessoal dessas bombas, o que faço pelo presente edital, assegurando aos referidos proprietários e aos bombeiros voluntários, que o relevante serviço que eles prestam é devidamente apreciado pelo Conselho Governativo que o tem na mais subida consideração. No dia 25 de Outubro de 1879, saíram 12 bombas ao sinal de incêndio dado pela fortaleza do Monte, o inspector mandou gratificar à razão de $4 cada uma, segundo o antigo costume em casos de rebate falso.

1924

No dia 15 de Novembro de 1924, é apresentada temporada da Companhia da Ópera Italiana de Carpi, no Teatro D. Pedro V, sendo representadas as óperas Mme. Butterfly, Cavalleria Rusticana, Palhaços e Manon, com o esplêndido tenor Giletta.

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