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Trata-se de um significativo conjunto de cerca de seis mil folhas manuscritas, cronologicamente situadas, na sua grande maioria, entre meados do século XVIII e a primeira metade da centúria seguinte. A temática desta documentação diz respeito às relações entre as autoridades portuguesas e chinesas a propósito do território de Macau, versando múltiplos e variados temas, no âmbito dos contactos ofic

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Após meses de preparação, a caravana constituída por três Mitsubishi Pagero, baptizados com os nomes de Macau, Taipa e Coloane partiram, do simbólico Jardim Camões, em Macau, para o II Raide Macau-Lisboa, no dia 27 de julho de 1990.

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1555

No dia 20 de Novembro de 1555, Fernão Mendes Pinto, então noviço da Companhia de Jesus, escreveu de Lampacau uma carta na qual historiou a sua chegada a Sanchoão, neste ano, e a sua viagem a Lampacau, na companhia do Pe. Belchior Nunes Barreto. Esta carta dirigida ao Pe. Baltasar Dias, Reitor do Colégio de Goa, é o primeiro documento conhecido em que aparece o nome de Macau, sob a designação de Amaquao ou Ama Cuao, mas a crítica afirma ser engano do copista, por Lampacao... (cfr. Kammerer, Albert, “La Découverte de la Chine par les Portugais au XVI ème siècle et la cartographie des portulans”. E. J. Brill. Avec des notes de toponymie chinoise par Paul Pelliot. T’oung Pao. Sup. ao Vol. XXXIX. Leiden, 1944). Catz, Rebeca; Francis M. Rogers. Cartas de Fernão Mendes Pinto e Outros Documentos. Ed. Presença/Biblioteca Nacional. Lisboa, 1983, p 61, confere: “cheguei a Lampacau, que é o ponto onde estamos, a esta Macau, que é outras seis léguas mais avante…”. Esta carta escrita de Macau, conjuga-se e completa-se com a que escreveu o Pe. Belchior, de Macau, aos irmãos do Colégio de Goa, a 23 de Novembro de 1555, dizendo que esteve nas costas da China de Agosto de 1555 a 7 de Junho de 1556 e exerceu o seu apostolado entre os cerca de 300 portugueses que se encontravam então em Macau, e dando conta dos usos, costumes, governo, etc. da China, particularmente de Cantão, para onde teve de efectuar duas viagens, a fim de negociar a libertação de Mateus Brito, que ali se encontrava preso há 6 anos com mais 2 portugueses e 3 nativos cristãos, mediante o resgate de 1000 taéis, por cabeça. Tanto esta sua carta como a de Fernão Mendes Pinto, de 20 de Novembro de 1555, são datadas de Macau.

1555

Fernão Mendes Pinto é sobretudo conhecido pela Peregrinação, título abreviado da famosa obra que, mesmo antes da sua publicação, em 1614, suscitou larga polémica sobre a veracidade ou invenção das aventuras contadas. Mas Fernão Mendes Pinto interessa-nos também como autor da carta endereçada de Macau ao Padre Baltasar Dias, reitor da Companhiade Jesus em Goa, com data de 20 de Novembro de 1555, que constitui o primeiro documento conhecido que nomeia esse lugar onde, após vários fracassos em terras da China, o estabelecimento dos portugueses, à data ainda precário, se tornará duradoiro por quase cinco séculos A carta de Fernão Mendes Pinto, escrita no período em que pertenceu à Companhia de Jesus, integra o caudal de correspondência que, desde a origem da Ordem, os jesuítas mantinham entre os irmãos e os seus superiores. Inácio de Loyola, fundador da Companhia, ordenara a elaboração destas cartas que seguiam a hierarquia e eram enviadas pelos irmãos aos reitores, destes aos provinciais que, por sua vez, escreviam um relatório anual para Roma. No caso da Província do Oriente, as cartas chegavam primeiro a Portugal onde eram feitas cópias para o destino último. A curiosidade pelos lugares distantes de onde eram remetidas decidiu Loyola a publicá-las, primeiro isoladamente, e depois em colecções cuja popularidade foi enorme e justificou a sua difusão em diversas línguas europeias. A carta endereçada de Macau trata da acção missionária no ano de 1555 num relato circunstanciado e cheio de comentários que reconhecemos na Peregrinação: a estadia e partida de Malaca, os sofrimentos da viagem, as tentativas frustradas pelas tempestades para alcançar o Japão, a emocionada missa em Shangchuan 上川 junto da campa do Padre Francisco Xavier, o estabelecimento português de Lampacau (Langbai’ao 浪白澳) com o movimento de navios e fazendas, e, por fim, a chegada a Macau e encontro com Padre Melchior Carneiro que regressa de Cantão onde fora resgatar um dos portugueses cativos. São muito escassas as informações sobre Macau – “este Macau” – praticamente restritas à situação geográfica: a seis léguas de Lampa cau e perto de Cantão. Mas a estadia de Fernão Mendes Pinto neste lugar onde encontra disponibilidade para escrever a carta anual, assim como o encontro com Padre Melchior, constituem indícios de uma presença que excede a mera passagem. Por isso se estranha que Macau esteja omisso na Peregrinação já que o autor faz a detalhada crónica das deambulações orientais. A carta escrita em Macau, bem como outra remetida de Malaca com data de 5 de Dezembro de 1554, pertencem ao breve período em que pertenceu à Companhia de Jesus o que também não consta da Peregrinação. Trata-se de um silêncio que continua a suscitar debate crítico quer pelas condições de publicação do relato de Fernão Mendes Pinto, trinta anos depois da sua morte, quer pela escassez de documento se sobretudo do manuscrito, que fazem da Peregrinação a principal fonte de informação sobre o autor e o seu pensamento. Nos capítulos de abertura e fecho consta que o Fernão Mendes Pinto parte para a Índia em 11 de Março de 1537 e regressa 21 anos depois, em 22 de Setembro de 1558: são as inúmeras aventura se percursos pelas partes do Oriente que constituema matéria do relato escrito após o regresso a Portugal quando se recolhe na sua quinta do Pragal perto de Lisboa. Infere-se que a obra terá sido elaborada entre 1560 e 1580, visto que dispomos de testemunhos, como o autor da versão castelhana, Herrera Maldonado, que referem ter visto o manuscrito pouco tempo antes da morte de Fernão Mendes Pinto em 1583. Apesar da escassez de esclarecimentos sobre as razões que levaram ao adiamento da publicação, duas têm sido sugeridas: por um lado, o estado em que se encontrava o manuscrito sem divisão de capítulos que facilitasse a compreensão e leitura de tão vasto relato; por outro lado, alguma má vontade do Tribunal do Santo Ofício que, apesar dos bons préstimos de Fernão Mendes Pinto ao Padre Francisco Xavier, não ultrapassara a desconfiança contra o autor que, de forma mal esclarecida, abandona a Companhia de Jesus para onde havia entrado num impulso de fé, depois de uma vida aventureira e de muitos excessos. Sem que haja outras provas desta mal querença que não seja ter sido riscado o seu nome da lista dos irmãos jesuítas do Oriente, tem sido lugar comum da exegese da obra considerar a possibilidade de ela estar truncada por imposição ou aconselhamento da Mesa Censória, ou até por livre iniciativa de Francisco de Andrada, o cronista do Rei Filipe II que se encarregou da organização em capítulos. Se a obra se apresenta como um extenso emaranhado de 226 capítulos, existe uma intencionalidade que conduz a subtil articulação dos episódios dada pela consciência do narrador como transparece no primeiro e último capítulos. É nessa abertura e fecho da narrativa que ressalta o sentido religioso e reflexivo da Peregrinação visto que, além da revisitação dos lugares, o sujeito percorre a sua consciência, percurso atribulado que o fará partirem busca de riqueza para regressar vinte e um anos depois, alterado e outro, percebendo os perigos da cupidez que não se cansará de denunciar ao longo do relato. No capítulo inicial, encontramos a dualidade fundamental que conduz o movimento da escrita: oscila-se entre o relato dos trabalhos e infortúnios que fazem queixar o narrador da má sorte, e a consciência de que foram os seus pecados que o conduziram a tais sofrimentos. Por outro lado, está aí expressa a atitude reflexiva que consiste em pôr “diante dos olhos os muitos e grandes trabalhos”, criando um efeito de distância que lhe permite avaliar e seleccionar o que viveu sendo também essa distância o interstício fundamental por onde circula a ficção. Não pretendemos escamotear a parte de “invenção” que a narrativa contém e as deliberadas ficções de Fernão Mendes Pinto, mas tendo em conta a orientação predominante da crítica ao longo de séculos, julgamos necessário salientar que, mais do que “mentiras”, é o olhar de uma época que aqui se encontra representado, além de que também a crítica tem sido determinadapelo seu tempo, julgando invenção aquilo que a investigação histórica vem provar ser verdadeiro. A Peregrinação é, assim, uma obra do seu tempo na grande admiração que revela pelos novos mundos descobertos. As longas descrições de lugares e gentes satisfaziam a curiosidade dos leitores que por este meio viajavam até inacessíveis lugares. É decerto a China que maior deslumbramento causa em Fernão Mendes Pinto à semelhança de outros relatos contemporâneos. Apesar da diferença de religiões e apesar das difíceis condições dos primeiros viajantes portuguese sque acabam cativos, as suas descrições projectam a imagem de uma China modelar que é expressão da capacidade de realização humana. Nesse sentido, a China consubstancia o país de felicidade imaginado na Utopia de Thomas More e demonstra o ideal renascentista de uma ordem constituída pelo homem e para o homem. Apesar das dificuldades que o narrador e seus companheiros experimentam na subida do rio, a caminho de Pequim (Beijing 北京), não deixam de se deslumbrar perante a obra do homem: muralhas, tribunais, hospedarias, campos lavrados, protecção dos pobres e enfermos, além dos propósitos de justiça que se apresentam como inversão utópica do desmandado mundo europeu. Existem dúvidas sobre a viagem de Fernão Mendes Pinto a Pequim (Beijing北京), tratando-se de um episódio com informações difíceis de comprovar. Contudo, para além das histórias que inventou, leu ou ouviu, a subida do rio Betampina a caminho de Pequim (Beijing 北京) revela uma intensa admiração pela China enquanto modelo de reino justo e próspero, o que contribuiu para exacerbar a curiosidade dos leitores europeus e serviu o êxito do relato. Logo após a publicação, em 1614, a obra conhece um enorme sucesso que se manterá ao longo do século XVII sendo traduzida nas principais línguas europeias: em 1620 aparece em castelhano, com reedições no mesmo ano e em 1627, 1645, e 1664; em 1628 é editada em francês com reedição em 1645; em 1652 surge uma edição parcial em holandês reeditada em 1653: no mesmo ano publica-se em inglês com reedição em 1663 e 1692; em 1671 em alemão aparecendo duas reedições no mesmo ano. A rápida difusão da obra demonstra o apreço do público por esta narrativa que era lida como romance de aventuras ao gosto da época, em vez do relato autobiográfico que o autor insiste em comprovar e a leitura crítica em desafiar. [A.P.L.] Bibliografia: CATZ, Rebecca (org.), Cartas de Fernão Mendes Pinto e outros Documentos, (Lisboa, 1983); Peregrinação, Lello& Irmão Editores, (Porto, 1984); Peregrinação, 2 vols., Relógio d’Água, (Lisboa, 2001); A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 3 vols., (Tóquio, 1979-80); LAS PEREGRINACIONES/Adonde se escriben muchas y extrañas cosas/ que vio y oió en losReinos de China, /Tartaria, Sornao, que vulgarmente se llama/Siam, Calamiñan, Pegú, Martarban y otros muchos de aquellaspartes Orientales, / de que/ en estas nuestras de Occidente/ hay muypoca o ninguna noticia./Según la traducción del Licenciado/Francisco Herrera Maldonado, / canónigo de la Santa Iglesia Real de Arbas, / publicada en 1620, revisada y completada/por José Agustin Mahieu. (Madrid, 1982); CATZ, RebeccaD. (ed.), The Travels of Mendes Pinto, (Chicago, 1989); Pérégrination. Récit de Voyage, (Paris: 1991); Pelgrimreis Fernão Mendes Pinto, (Baarn: de Prom, 1992); [Peregrinação. Fernão Mendes Pinto], 2 vols., (Macau, 1999).

1704

No dia 20 de Novembro de 1704, o Papa Clemente XI aprova um decreto da Inquisição contra os “Ritos”.

1845

No dia 20 de Novembro de 1845, D.Maria II declarou francos, por Decreto referendado pelo Ministro de Marinha e Ultramar, Joaquim José Falcão, os portos de Macau, “tanto o do rio como o da Taipa” ao comércio de todas as nações. O da Taipa era de ancoragem obrigatória para todos os navios com mais de 500 toneladas, impossibilitados de se aproximar da rada de Macau. Esta medida veio tarde por o comércio se ter desviado já para Hong Kong, desde 1842. Em consequência, Ferreira do Amaral extinguiu os postos aduaneiros chineses (Hopu Grande e Pequeno), que durante 171 anos tinham operado em Macau.

1845

Abrigo natural situado no Delta do Rio das Pérolas, a oeste da Península de Macau, entre esta e a Ilha da Lapa. Quando os primeiros portugueses aportaram ao sul da China em 1513, já este porto era frequentado por pescadores de Fujian 福建, que desde épocas remotas haviam reconhecidoas excelentes condições de refúgio para as embarcações em caso dos tufões – tempestades tropicais– que entre Junho e Setembro assolam constantemente a região. Os mesmos provocavam muitas vezes a destruição das embarcações e dos parcos haveres dos seus ocupantes. A importância do Porto Interior também pode ser avaliada pela construção do Templo de A-Má (Mage Miao 媽閣廟), deusa protectora dos pescadores, edificado em época anterior à chegada lusa. Nos inícios do século XVI, apenas existiam pequenas cabanas de pescadores junto do Porto Interior, para além do referido templo, e uma comunidade de pastores/agricultores no centro da península, que vivia na crença da protecção da deusa Kun Iam (Guanyin觀音). Os portugueses rapidamente se aperceberam das qualidades do porto e da sua localização geográfica, bem à entrada do Império Chinês, para além de um outro aspecto que se revelou importante mais tarde: a pouca profundidade das águas que impediram ataques próximos dos barcos inimigos, especialmente holandeses. Mesmo o tiro dos canhões de bordo eram infrutíferos, pois a distância segura encontrava-se para lá do poder de alcance das referidas peças bélicas. Como revela o historiador Anders Ljungstedt, a profundidade do rio era aceitável para barcos até 400 toneladas, mas os de 700 ou mais teriam forçosamente que aligeirar muito das suas cargas antes de o percorrerem. A questão da soberania de Macau, especialmente no que tocava aos seus limites, foi assunto polémico entre Portugal e a China. Com efeito, para os portugueses, através do Tratado de 1887, considerou-se que a China reconhecia a soberania portuguesa sobre a península de Macau até às Portas do Cerco, as ilhas da Taipa e de Coloane, bem como as zonas marítimas e fluviais. Contudo, no referido documento ficaram por definir os limites de Macau, remetendo-se o assunto para uma futura comissão mista. Aquilo que parecia razoável depressa veio a assumir contornos problemáticos, dada a atitude chinesa de pôr em questão a soberania portuguesa sobre as ilhas e as águas do Porto Interior. Tiveram lugar várias atitudes menos felizes entre ambos os lados, como as dragagens feitas no canal de acesso ao Porto Interior em 1910-1912 pelas autoridades portuguesas, que provocaram acesas críticas por parte do governo chinês. Alegavam que segundo o Tratado, enquanto a delimitação das fronteiras não estivesse concluída, nada poderia ser tocado ou alterado. Até meados do século XIX, o Porto de Macau foi um porto de exportação para Cantão, uma das poucas cidades chinesas viradas para o comércio e para o contacto com estrangeiros. A partir da Guerra do Ópio e o aparecimento dos ingleses na zona, principalmente depois do Tratado de Nanjing 南京條約 celebrado em 1852 entre a China e a Grã-Bretanha, segundo o qual a ilha de Hong Kong era cedida aos ingleses, o Porto Interior entrou em franca decadência. A concorrência com o porto de Hong Kong era impraticável, pois este último possuía águas profundas próprias para a navegação de navios a vapor, de maior calado. Desta forma, uma das grandes qualidades do Porto Interior em séculos anteriores – a sua pouca profundidade – tornou-se o seu maior defeito. Já em 20 de Novembro de 1845 a rainha D. Maria II tinha declarado o porto de Macau como franco, na sequência da abertura de Hong Kong. A partir dessa época, os habitantes do Porto Interior entraram em franca decadência, tendo exigido inúmeras vezes que as autoridades portuguesas sedeadas em Lisboa fizessem algo para melhorar as condições do porto. Tal ficou bem visível através dos artigos do jornal local, O Macaense, que além de solicitar a intervenção das autoridades no assunto, chamava constantemente a atenção para o crescente assoreamento do rio. O fenómeno já em 1850 preocupava as gentes de Macau, pois tinham consciência de quanto negativo seria para a economia do território caso o porto ficassesem uso. Os detritos arrastados pelo caudal do rio de positavam-se naturalmente na zona marítima de Macau, prejudicando a cidade a vários níveis. Como exemplo, saliente-se que nessa época o canal da Praia Grande tinha nove a dez pés de profundidade na maré baixa. Em 1882, escassos trinta e dois anos volvidos, aprofundidade era apenas de 5 a 8 pés, o que ia dificultando cada vez mais a entrada do vapor que fazia as ligações regulares entre Macau e Hong Kong. O mesmo entrava roçando a quilha no lodo, segundoos excertos noticiosos do referido jornal local. Outravistoria realizada em 1883 revelou que, nos vinte e cinco anos anteriores, os portos de Macau (do Interior e o da Taipa) haviam acumulado cerca de sessenta e nove milhões de toneladas métricas de depósito aluvial proveniente dos estuários, especialmente da zona oeste. Dada a diminuição dos navios vindos de Hong Kong por causa desse motivo, o que os levava a estarem horas à espera da maré-cheia para puderem entrar no porto, as autoridades portuguesas encomendaram estudos a várias entidades, sendo a mais célebre e alvo de chacota uma alcunhada de Creche, incumbida de efectuar estudos hidrográficos, onde se aplicaram vencimentos e gratificações de monta para a época a oficiais da Cavalaria e de Infantaria que, volvidos trinta anos, nada tinham feito, para além de estudos intermináveis. Em consequência das queixas constantes, o governo solicitou um estudo e respectiva conclusão a um engenheiro chamado Adolfo Loureiro. A investigação do mesmo só confirmou aquilo que já estava bem visível. Os depósitos haviam feito o leito do rio crescer cerca de 1, 25 metros nos últimos anos, para além de um crescimento muito acentuado que havia tido lugar nos séculos anteriores. Além da dragagem, de uma correcção do litoral desde a Barra até à Ilha Verde, o projectista propôs a construção de um molhe no Porto Exterior, desde a Pedra de Areca até ao ponto da Taipa mais próximo. O projecto orçou a quantia de $2.650.000, montante que nem Macau, nem Portugal podiam dispor de momento. Com efeito, Macau encontrava-se sobrecarregada com o envio de subsídios para Timor, considerada colónia de Portugal em dificuldades económicas. O projecto adiantado por este técnico para a melhoria do Porto Interior de Macau não chegou a ver a luz do dia, em virtude da polémica gerada e com amplo aproveitamento político. Inclusivamente, outros técnicos, como Abreu Nunes em 1903 e Castelo Branco em 1905, deram o seu parecer, consentâneo com o de Adolfo Loureiro. Sensivelmente na mesma época um consórcio francês ofereceu um empréstimo em troca de um arrendamento por quarenta e dois anos, do monopólio do jogo e de uma concessão de terreno para construir hotéis, casinos e locais de diversão. Para além disso, o referido consórcio ainda contribuiria com um subsídio anual, do qual 50% reverteriam para fundos amortizáveis de empréstimo. A proposta foi negligenciada pelas autoridades portuguesas. Nada logrou atingir o real objectivo que eram as obras de beneficiação. Interessante notar que o jornal O Macaense, já em 1884, salientava a sua profunda descrença de que algo fosse feito, e vaticinava que o porto de Macau iria serriscado do mapa em termos económicos, tanto pela navegação estrangeira, como pelas embarcações chinesas que seguiriam na demanda de outras zonas mais interessantes e competitivas economicamente. Com efeito, as grandes casas comerciais chinesas de Fukien (Fujian 福建), Chung-Chao (Zhongzhao), Tonquim e Pac-Hoi mudaram-se para Hong Kong. Em 1891, o governo português decretou um imposto sobre as embarcações que seguiam até ao Porto Interior, o que contribuiu ainda mais para a sua decadência. Por decreto português, de 3 de Novembro de 1909, foi aprovadoo Regulamento da Capitania dos Portos de Macau, que compreendia todas as costas e portos da Península de Macau e ilhas da Taipa e Coloane. Actualmente a zona do Porto Interior está dividida informalmente em quatro zonas. A primeira vai desde a Rua das Lorchas até à Avenida Almirante Sérgio. As empresas de armadores, que pescavam e distribuíam o pescado, encontravam-se nesta zona. A seca do peixe era uma das características do sector, ainda sendo possível observar tal actividade nos dias de hoje. A segunda zona dizia respeito à área interior da Rua das Lorchas, cujas grandes casas macaenses tinham barcos de comércio, nomeadamente as lorchas. A toponímia local recorda a zona do comércio, dos Faitiões, etc. A terceira parte do Porto Interior contempla as pequenas fábricas de balichão, óleo de ostra, achares, e localiza-se junto da Rua da Ribeira de Patane. A última caracteriza-se por ter sido a sede da Doca de Lamau. Até 1991 era aí que se construíam alguns dos juncos que navegavam no Mar do Sul da China. Nesta zona encontra-se a Rua da Barca da Lenha que era próxima do local onde fundeava o navio que trazia lenha para as casas de Macau. A importância do Porto actualmente é diminuta, ainda que com algum interesse económico. Em 1989, foram movimentados por via marítima cerca de 2,2 milhões de toneladas de mercadorias. Na década de 1980 foi construído um cais de contentores, cuja utilização ultrapassou as expectativas, mesmo com o porto de Ká-Hó (Jiu’ao 九澳) em Coloane, por onde passam a maioria dos contentores. De forma geral, as dimensões do Porto Interior são de cerca de 50 metros de largura por 9 km de extensão e uma profundidade que vai variando entre os 3 a 3, 5 metros de profundidade. As condições de navegabilidade e acostagem apenas permitem que as mesmas sejam efectuadas por barcos até mil toneladas. Existem 36 pontes numa área de 2300 metros, que, para além de desempenharem a sua função, realização do comércio externo, servem para inúmeras actividades não relacionadas com o sector portuário. Dessas, 6 estão desactivadas, 15 destinam-se a cargas e descargas, uma é uma fábrica de gelo, outra é um cais de passageiros, 11 servem para a descarga do pescado, uma fornece o abastecimento de combustível às embarcações e a última é utilizada na reparação de embarcações. A vida do Porto Interior começa ao romper do dia quando os primeiros juncos aportam depois da faina marítima nocturna. Como não existe uma separação entre o porto e a área comercial, o envolvimento entre as duas partes é confuso, e muitas vezes caótico. As pontes dão directamente para a via pública e assim os armazéns ligados à actividade portuária encontram-se junto de fábricas de camarão, reparação de automóveis, restaurantes, agências comerciais, armazéns de mobílias, comércio de electrodo mésticos, hotéis, etc. Inclusivamente, nas pontes estão instaladas escolas, escritórios de advogados e de agências de imobiliário e de viagens. O segundo momento de grande agitação na zona verifica-se ao final do dia, quando se regista a chegada das carreiras diurnas, constituídas por batelões que têm de ser carregados para partir novamente cerca da uma da manhã. Nos anos 1960 a agitação prolongava-se pelas 24 horas do dia, pois as carreiras regulares dos vapores que asseguravam o transporte marítimo entre Macau e a Ilha da Lapa tinham de abrir caminho entre as sampanas, cujos donos habitavam nas mesmas para chegar ao cais 16. Estas casas marítimas só desapareceram de junto das pontes em 1994. A zona é tradicionalmente alvo de grandes festejos no Ano Novo Chinês. As corridas do Barco-Dragão localizavam-se no Porto Interior nos anos 1960 e realizavam-se de forma mais ou menos espontânea entre a Ilha Verde e o Cais número 1. O público percorria a estrada paralela para acompanhar o desenrolar da prova. Nos inícios do século XX pensava-se que a situação marítima de Macau ficaria resolvida com a criação de um Porto Exterior. No entanto, este veio apadecer de alguns dos problemas do antigo porto, pois o assoreamento do rio continua a desgastar a zona marítima de Macau. Havendo consciência da perdade importância do Porto Interior a nível económico e da confusão existente na zona devido à promiscuidade económica e social existente, foi elaborado o Plano de Intervenção Urbanística da Avenida Almeida Ribeiro, pelo qual se pretendia integrar o velho porto no resto da cidade. O mesmo foi da responsabilidade do Arquitecto Fernando Távora. Em 1990, o Governo de Macau aprovou um plano de reordenamento do Porto Interior, pertencendo o projecto ao Arquitecto Lima Soares. O plano dividia a zona em duas partes: uma para a carga geral e outra para as actividades ligadas à pesca, atracação de embarcações para passeios turísticos e terminal de passageiros. Duas das novidades deste plano consistiam na criação de um terminal de sampanas, na ponte 8, perto da Praça Ponte e Horta, e na animação da zona do Casino Flutuante. O trabalho de recuperação da zona passava igualmente pela reanimação dos eixos da Praça Ponte e Horta, Avenida Almeida Ribeiro, Rua das Estalagens, Templo Tou Tei (Tudi Miao 土地廟), Igreja de Santo António e Jardim de Luís de Camões. [A.N.M] Bibliografia: JESUS, C. A. Montalto, Macau Histórico, (Macau, 1990); LJUNGSTEDT, Anders, Um Esboço Histórico dos Estabelecimentos dos Portugueses e da Igreja Católica Romana e das Missões na China & Descrição da Cidade de Cantão, (Macau, 1999); MACHADO, Álvaro de Melo, Coisas de Macau, (Macau, 1997); MESQUITA, Pedro,“Nos Cais onde Nasceu Macau”, in MacaU, n.° 34, (Macau,1995).

1862

Em 1862, na sequência e adaptação da antiga “Escola Real de Pilotos”, criada em Macau por Carta Régia de 1814, é agora criada a Escola de Pilotagem (com evolução estatutária em 1906 e 1980). No dia 5 de Julho de 1862, por Carta de Lei desta data, publicada no Boletim n.º 43, é criada uma Escola de Pilotagem em Macau, a reger por um oficial da armada ou piloto da marinha mercante. A Portaria Provincial n.º 59 de 18 de Novembro de 1862 iria nomear uma comissão para propor o respectivo projecto de regulamento.

1871

No dia 20 de Novembro de 1871, o Boletim da Província n.º 47 desta data publica a nomeação feita pelo Governador António Sérgio de Sousa na pessoa do Capitão Francisco de Mello Baracho para servir interinamente como Administrador do Concelho de Macau. Baseia-se o Governador no Código Administrativo de 1842. Até aí as funções administrativas (conforme Decreto de 5 de Julho de 1865), estavam cometidas, com respeito à população não chinesa de Macau, ao Procurador dos Negócios Sínicos, o que de facto não tinha sentido.

1873

Às 19 horas deste dia (20 de Novembro de 1873), o primeiro-tenente da Armada Vicente Silveira Maciel, comandante da escuna Príncipe Carlos, acompanhado do guarda-marinha Caminha e do Capitão de Infantaria Caetano Gomes da Silva, que jantara a bordo, quando seguiam numa baleeira para terra, veio um “fai-ai”, com uma equipagem de 60 a 70 homens, “abalroou premeditadamente contra a baleeira”, ficando esta atravessada na proa do barco chinês, que mudou de rumo para a Lapa. Tendo conseguido trepar até ao “fai-ai”, os oficiais e dois ou três marinheiros que iam na baleeira travaram rijo combate com os chineses, caindo o Tenente Maciel ao mar; mas foi salvo por um marinheiro, agarrando-se ambos a um bambu. Salvaram-se também o guarda-marinha Caminha e um marinheiro. O Capitão Silva e os outros marinheiros foram considerados como desaparecidos.

1880

No dia 20 de Novembro de 1880, o Dr. António de Meireles Garrido comunicou, na qualidade de Secretário da Faculdade de Filosofia, que foi lançado um voto de agradecimento pela oferta ao Jardim Botânico de Lisboa duma importante colecção de produtos industriais, generosamente oferecida pelo Governo de Macau e organizada pelo Secretário Geral José Alberto Corte Real. Igual comunicação foi feita de Coimbra ,sendo publicada no Boletim de 1 de Janeiro de 1881. (Cfr. esta Cronologia…, 1880, Maio, 2).

1897

No dia 20 de Novembro de 1897, apareceu o primeiro número do periódico O Porvir que segue até 1898, semanalmente.

1919

No dia 20 de Novembro de 1919, é proibida a frequência de menores de 18 anos nos lupanares, mesmo sob o pretexto de serem cantoras (“pi-pa-chais”). (Arquivo Histórico de Macau – F.A.C., P. n.° 385 – S-M).

1921

No dia 20 de Novembro de 1921, foi sagrado Bispo de Macau, na Igreja Matriz da cidade de Horta, D. José da Costa Nunes. Em Macau desde 1903, fora já por quatro vezes Governador do Bispado durante ausências pastorais de D. João Paulino. Agora era ele que se encontrava nos Açores, pelo que ficou como Governador do Bispado, até à entrada do titular a 4 de Junho de 1922 o Pe. António Augusto Cardoso. (Cfr. Beatriz Basto da Silva, Cronologia da História de Macau, 1922, Fevereiro).

1932

CARVALHO, RODRIGO LEAL DE (1932-). Nasceu na Praia da Vitória, Açores, em 20 de Novembro de 1932, tendo vivido parte da infância em Trás-os-Montes e no Algarve, para além dos Açores, onde fez a escolaridade e o Curso dos Liceus. Licenciou-se em Direito (Universidade de Lisboa), ingressando de seguida na Magistratura. Foi colocado na ilha do Pico em 1956 e, no ano seguinte, em S. Tomé e Príncipe, a que se seguiu Macau, onde viverá, se bem que de forma não continuada, cerca de quatro décadas, e a maior parte da sua vida activa. Em 1959 chegou ao Território como delegado do Ministério Público, onde ficou até 1963, ocasião em que foi colocado na Guiné como Juiz de Direito. Nessa qualidade voltou a Macau, em 1966, aqui permanecendo até 1971. Foi então colocado em Luanda, onde esteve ano e meio, sendo depois enviado para Moçambique, onde foi promovido à Relação, e donde saiu em 1975. Após uma curta estadia em Lisboa, na Direcção dos Assuntos Jurídicos do Ministério do Ultramar, regressou uma vez mais a Macau, em 1976, como Procurador da República, cargo entretanto criado no âmbito do Estatuto Orgânico do Território, e depois designado de Procurador-Geral Adjunto. Nele permaneceu até ser nomeado Presidente do Tribunal de Contas em 1996, lugar que deteve até às vésperas da transferência da Administração de Macau para a República Popular da China, regressando a Portugal ainda em 1999. Por impedimento, pediu, ao ser investido nessas funções, a suspensão dos cargos de curador da Fundação Macau e de membro do Conselho Universitário de Macau, que há anos vinha desempenhando. Rodrigo Leal de Carvalho viu os seus serviços serem reconhecidos pelo Estado português ao ser agraciado, em 1986, com o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito, enquanto que o Governador de Macau o distinguiu, em 1998, com a Medalha de Valor. Se bem que tenha despertado para a escrita ainda nos tempos do Liceu, só em 1993 deu à estampa o seu 1.º romance, Requiem por Irina Ostrakoff, o qual obteve tal aceitação pública que viria a ser reeditado logo em 1995. Galardoado com o Prémio Camilo Pessanha 1993, atribuído pelo Instituto Português do Oriente, foi recentemente (1999) publicado em língua chinesa e objecto da dissertação de Mestrado de Vânia Maria Pinto Coelho Reis. Em 1994 é a vez de publicar Os Construtores do Império, já esgotado, logo seguido, em 1996, de dois outros novos romances: A IV Cruzada, em que o autor em parte se assume como protagonista, e Ao Serviço de Sua Majestade, surgindo, em 1999, O Senhor Conde e as Suas Três Mulheres. Com fina ironia e delicadeza, Rodrigo Leal de Carvalho tem-se revelado um escritor das memórias da cidade de Macau e do universo do funcionalismo português de além-mar das décadas de 1950 e 1960, recreando ambientes e vivências testemunhadas por ele mesmo, sempre devidamente enquadradas no panorama da conjuntura mundial do século XX, o que despertou a atenção de outros investigadores como David Brookshow e Lee Shuk Yee. – Principais Obras. Romance – Requiem por Irina Ostrakoff, 1993 (2.ª ed., 1995); Os Construtores do Império, 1994; A IV Cruzada, 1996; Ao Serviço de Sua Majestade, 1996; O Senhor Conde e as Suas Três Mulheres, 1999. Bibliografia: BROOKSHAW, David, “Macau e os Macaenses: Considerações sobre a Obra de Henrique de Senna Fernandes e Rodrigo Leal de Carvalho”, vol. 2, (Porto, 1999), pp. 169-178; REIS, Vânia Maria Pinto Coelho, A Ironia em “Requiem por Irina Ostrakoff ”, policopiado, (São Paulo, 1999); SENA, Tereza; BASTO, Jorge, Macau nas Palavras, CD-ROM, (Macau, 1998).

1937

No dia 20 de Novembro de 1937, é fundado, em Macau, o periódico chinês Wa Kio Iat Po, que já existia em Hong Kong e se mantém até aos nossos dias. Foi o primeiro jornal de Macau a dispor de receptor de telegramas e, com certeza devido ao enorme fluxo noticioso, chegou a funcionar com duas edições por dia: matutina e vespertina.

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