O primeiro hospital fundado em Macau ficou conhecido durante muito tempo como “Hospital dos Pobres”; e só passou a designar-se “Hospital de S. Rafael” quando, em 1842, se colocou sobre o portão principal do edifício um nicho com a estátua de S. Rafael e as palavras Medicina Dei. As origens do Hospital remontam a 1569 e o seu fundador, assim como da Santa Casa da Misericórdia, foi D. Melchior Carneiro, Bispo titular de Niceia e Governador Episcopal do Japão e da China. Os motivos que levaram D. Melchior Carneiro a fundar o Hospital vêm expressos numa carta que o próprio dirige ao Superior Geral dos Jesuítas, em 1575, em que refere a necessidade de se criar um estabelecimento hospitalar, onde se admitissem tanto cristãos como pagãos. Este hospital estava integrado no espírito das Casas de Misericórdia e constitui um marco na história da assistência médica em Macau, pois com ele introduzem-se os conhecimentos de medicina ocidental. A estrutura interna do hospital e as normas mais antigas referentes ao mordomo, ao enfermeiro e aos servidores vêm referidas no Compromisso da Misericórdia (1627), e poucas alterações sofreram ao longo dos séculos. Durante trezentos anos, o Hospital de S. Rafael foi o único de Macau. Assistia não somente a enfermos, mas aos desamparados e aos famintos. Era um hospital-albergue. Devido às dificuldades económicas da Santa Casa, e como o Hospital de S. Rafael se encontrava sob a sua administração, entrou em declínio. O estado de decadência a que chegou o hospital é descrito pelo Dr. José Gomes da Silva, em 1886, no seu relatório sobre os Serviços de Saúde de Macau e Timor, e em 1910, no relatório elaborado pelo Chefe dos Serviços de Saúde, Dr. Evaristo Expectação Pinheiro de Almeida. O período moderno pode chamar-se de ressurgimento e esplendor. Devido essencialmente à reconstrução de 1912-1913 e à contratação do médico José Caetano Soares, em 1916, que contribuiu eficazmente para elevar o bom nome do hospital. Data desta época a série de reformas mais importantes que sofreu o edifício, mas também os serviços médicos. Em 1938-1939, o Hospital de S. Rafael sofreu a sua última reconstrução. A Fundação Oriente, em 1989, adquiriu o Hospital de S. Rafael, restaurando-o. Foi, posteriormente, a Autoriadade Monetária e Cambial de Macau e é, actualmente,o Consulado Geral de Portugal. [M.J.C.]
Bibliografia: SOARES, José Caetano,
O Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Macau, (Macau, 1927); SOARES, José Caetano,
Macau e a Assistência (Panorama Médico-social), (Lisboa, 1950); TEIXEIRA, Padre Manuel,
O Hospital de S. Rafael, (Macau, 1939).
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