
Informações relevantes
Data de atualização: 2020/09/03
Surgimento e mudança da Ribeira Lin Kai de San Kio
Macau e a Rota da Seda: “Macau nos Mapas Antigos” Série de Conhecimentos (I)
Escravo Negro de Macau que Podia Viver no Fundo da Água
Que tipo de país é a China ? O que disseram os primeiros portugueses aqui chegados sobre a China, 1515
Data de atualização: 2020/09/03
No dia 18 de Abril de 1667, o mandarim de Heong-San comunicou que viria a Macau; a Porta do Cerco estava fechada há 39 dias; mas no dia seguinte informou que não poderia vir e convidou o Senado a avistar-se com ele na Casa Branca. O Senado, receando alguma armadilha, mandou-lhe dizer que não era seu costume sair do lugar em que sempre têm sido tratados os negócios desta cidade e que, querendo, viesse ele, portanto, a Macau. Todo o ano os chineses exerceram pressão sobre Macau, invocando serem ordens do Imperador. Mas não eram. O Suntó ou Vice-Rei de Cantão provou as suas culpas acabando por se enforcar.
Mandarim de Heong-San comunicou que viria a Macau
No dia 15 de Fevereiro de 1667, o mandarim de Heong-San intimou a cidade de Macau a cumprir a ordem de Pequim de transferir a cidade para o interior, prometendo, no entanto, tratar de conseguir a sua reabertura comercial, no caso de lhe serem dados 250 000 taéis. Dias antes, chegaram 12 barcos para porem o cerco à cidade da banda de Oitem (Lapa) e da Taipa, impedindo a saída das lorchas para a pesca e para buscar lenha, fechando-se também a Porta do Cerco, por onde já era impedida a vinda do arroz há 20 dias. Feita a promessa, reabriu-se a Porta do Cerco três dias depois, retirando-se também a flotilha. .
Mandarim de Heong-San intimou a cidade de Macau a cumprir a ordem de Pequim
Natural de Xiatian 夏田, Distrito de Fuliang 浮梁 (actual Município de Jingdezhen 景德鎮), Província de Jiangxi 江西, Wang Bai 汪柏 alcançou o grau académico de Juren 舉人 [Graduado Provincial], em 1531, e Jingshi 進士 [Doutor], em 1538. Exerceu funções públicas em Guangdong 廣東 por duas vezes, a primeira entre 1553 e 1555 (ou inícios de 1556), na qualidade de Anchasifushi 按察司副使 [Sub-comissário da Administração Judicial], com competência para o Haidao 海道 [Circuito Marítimo], e a segunda em 1557, desta vez promovido a Anchashi 按察使 [Comissário da Administração Judicial] da Província de Guangdong 廣東. Durante o seu mandado como Haidao 海道, estabeleceu a paz juntamente com Leonel de Sousa, permitindo que os Portugueses tivessem acesso a Macau. A verdade é que, apesar dos pacto com os portugueses ter sido bastante criticado, Wang Bai 汪 柏 não foi castigado, antes promovido. A promoção teve a ver com a aplicação da política central de pacificar os Portugueses, sobretudo com o âmbar cinzento que adquiriu a estes. Gaspar da Cruz relata o episódio do seguinte modo: “Porque o comia para sustentar a vida, e havia já muitos dias que o pediam aos portugueses, mas como lhe não sabiam o nome que nós usávamos, não se acabavam de entender até que o ano dantes (1555) houve o Aitao de Cantão um pouco por via de soltar um português: pelo que acrescentaram ao Ponchássi”. Antes de ir para a Corte de Guangdong 廣東, exerceu, sucessivamente, as funções de Dalishi Pingshi 大理寺評事 [Examinador Judicial no Supremo Tribunal da Razão e Justiça] e Guanglusi Cheng 光 祿寺丞 [Presidente do Tribunal dos Banquetes Imperiais]. A última posição fez com que fosse indigitado Anchasifushi 按察司副使 [Sub-comissário da Administração Judicial] de Guangdong 廣東, a fim de tentar obter o âmbar cinzento junto dos comerciantes estrangeiros que frequentavam os portos cantonenses. Levando em consideração as circunstâncias em que ele foi destacado da Corte para Guangdong 廣東, percebe-se melhor o porquê de ter assentado paz com os Portugueses. Sendo um mandarim central com importantes funções dentro do palácio imperial, o seu envio para Guangdong 廣東 teria sido muito mais do que uma simples mudança de posição. Wang Bai 汪柏, ao ser mandado para Guangdong 廣東, tinha bem expressa a missão de adquirir, para o Imperador, o âmbar cinzento comercializado pelos estrangeiros. Como se vê, não tinha ainda a missão de estabelecer a paz com os Portugueses, mas a verdade é que, apesar de ser Haidao 海道 e ocupar apenas o segundo lugar na Administração Judicial, podia ser mais influente do que o próprio Comissário. Além disso, Wang Bai 汪柏 teria sido o fundador do sistema dos Hanistas, que perdurou até à Dinastia Qing 清 (1644-1911). Como se destacou na aniquilação, em São João, do grupo de piratas chefiado por He Yaba 何亞八 (com uma ajuda indirecta dos Portugueses, fé certo), foi transferido, em 1556, para Zhejiang 浙江, onde tomou posse como Chengxuan Buzhengshisi Zuocanzheng 承宣布政使司左參政 [Sub-comissário da Esquerda da Administração Civil], a fim de ajudar o Yushi 御史 [Censor Imperial] Zhao Wenhua 趙文 華 e o Zongdu 總督 [Supremo Comandante] Hu Zongxian 胡宗憲 a combaterem a pirataria japonesa. Aliás, a este último chegou mesmo a propor, em rela ção aos japoneses, a utilização do mesmo tipo de medidas reconciliadoras tomadas para com os Portugueses em Macau. Como Anchashi 按察使 [Comissário da Administração Judicial] da Província de Guangdong 廣東, Wang Bai 汪柏 tornou-se o chefe imediato do Haidao 海道 e o máximo responsável pelo controlo dos comerciantes estrangeiros. Permaneceu no cargo até 1559 e os seus dois mandatos foram decisivos para os Portugueses. Se no primeiro permitiu que eles se livrassem das perseguições começadas em Liampó (Ningbo 寧波) e continuadas em Chincheo (Zhangzhou 漳州) e tivessem acesso a Macau, no segundo permitiu que eles se convencessem que podiam residir nesta cidade em absoluta segurança. Talvez isto ajude a explicar o motivo pelo qual os Portugueses consideram 1557 como o ano da fundação de Macau. Os rasgados elogios contemporâneos de que Wang Bai 汪 柏 foi objecto, bem como o reconhecimento dos seus méritos, traduzidos em sucessivas promoções, ilibamno definitivamente não só das acusações de corrupção, fantasiadas pela historiografia moderna, mas também da responsabilidade da autorização de residência dada aos Portugueses, à revelia do “Filho do Céu”. A antiga residência de Wang Bai 汪柏, com uma superfície de 27,966m2, que se encontrava na sua aldeia natal Xiatian 夏田, foi, em 1986, totalmente desmontada e transladada para o actual Município de Jingdezhen 景 德鎮, onde está patente ao público como monumento histórico. [J.G.P.] Bibliografia: ALVES, Jorge Manuel dos Santos, Um Porto entre Dois Impérios. Estudos sobre Macau e as Relações Luso-Chinesas, (Macau, 1999); “Biografia de Wang Bai”, in WU Zongci, Jiangxi Tongzhi Gao [Esboço da Crónica Geral de Jiangxi], vol. 72, (Jiangxi); JIN Guo Ping, “Combates a Piratas e a Fixação Portuguesa em Macau”, in Revista Militar, II século, vol. 51, n.° 1/99, n.° 2.364, (1999); JIN Guo Ping, Zhongpu Guanxi Shidi Kaozheng [As Relações Luso-Chinesas Histórica e Geograficamente Falando], (Macau, 2000); JIN Guo Pin; WU Zhiliang, “A Reformulated Approach to the Origins of Macau”, in Revista MacaU, n.° 1, (Macau, 2000); JIN Guo Pin; WU Zhiliang, “Reformular as Origens de Macau: Imperadores, Âmbar-Cinzento e Macau”, in Revista Encontros de Divulgação e Debate em Estudos Sociais, n.° Especial Macau, (Macau, 1999); JIN Guo Pin; WU Zhiliang, “Aomen yu Longxianxiang” [Âmbar cinzento e Macau], in Aomen 2000, (Macau, 2000); JIN Guo Pin; WU Zhiliang, Aomen yu Longxianxiang” [Ambar cinzento e Macau], in Jinghai Piaomiao [História(s) de Macau-Ficção e Realidade], (Macau, 2001); JIN Guo Pin; WU Zhiliang, “Reformular as Origens de Macau”, in MacaU, n.° 92, (Macau, 1999); JIN Guo Pin; WU Zhiliang, “Reformular as Origens de Macau: Imperadores, Âmbar-Cinzento e Macau”, in Revista da Cultura, n°s. 38/39, (Macau); JIN Guo Pin; WU Zhiliang, Dongxiwangyang [Em busca de História(s) de Macau Apagadas pelo Tempo], (Macau, 2002); JIN Guo Pin; WU Zhiliang, “Razões Palacianas na Origem de Macau”, in MacaU, III ser., n.° 14, (Macau, 2003), pp. 82-95; JIN Guo Pin; WU Zhiliang, “The Chinese Imperial Court and the Origins of Macau”, in MacaU, III série, n.° 14, ed. inglesa, (Macau, 2003), pp. 68-81; LOUREIRO, Rui Manuel, Fidalgos, Missionários e Mandarins Portugal e a China no Século XVI, (Lisboa, 2000); RUAN Yuan, Crónica Geral de Guangdong, vol. 1, (Xangai, 1990); TAN Shibao; CAO Guoqing, “Dui Wang Bai yu Suosa Xieyi de Zaitantao” [Ainda sobre o Primeiro Acordo Sino-Português entre Wang Bai e Leonel de Sousa], in Revista de Cultura, n°s. 40/41, ed. em Chinês, (Macau, 2000); USELLIS, W. Robert, As Origens de Macau, (Macau, 1995); WAN Bai, Qingfeng Wenji [Antologia de Qingfeng], (1867); WU Zhiliang, Segredos de Sobrevivência O Sistema Político e o Desenvolvimento Político de Macau, (Macau, 1999); YANG Jibo; WU Zhiliang; DENG Kaisong (dirs.), Mingqingshiqi Aomenwenti Danganwenxian Huibian [Colecção Documental de Arquivos das Dinastias Ming e Qing relativos a Macau], vol 5, (Pequim, 1999); Zhang Tingyu Mingshi [História Oficial dos Ming], (Pequim, 1974).
WANG BAI 汪柏 (Século XVI)
Natural de Pizhou 邳州, actual Distrito de Pi 邳縣, Província de Jiangsu 江蘇. No seu percurso profissional, chegou a ser Fuzongbing 副總兵 [Comandante Regional Adjunto] e Zongbing 總兵 [Comandante Regional] de Guangdong 廣東. Durante o Reinado de Jianjing 嘉靖 (1523-1566), destacou-se nos combates contra os piratas japoneses, na Província de Zhejiang 浙江. Foi transferido juntamente com Yu Dayou 俞 大猷 para Guangdong 廣東, onde também lutou contra os piratas japoneses. Em 1564, aquando do motim dos marinheiros de Zhelin 柘林, e após ter perdido várias batalhas navais com os amotinados, foi a Macau solicitar auxílio militar aos portugueses. Tang Kekuan faleceu no ano de 1576. [J.G.P.] Bibliografia: ALVES, Jorge Manuel dos Santos, Um Porto entre dois Impérios. Estudos sobre Macau e as Relações Luso-Chinesas, (Macau, 1999); JIN Guo Ping; WU Zhiliang, Jinghai Piaomiao [História(s) de Macau – Ficção e Realidade], (Macau, 2001); LOUREIRO, Rui Manuel, Em Busca das Origens de Macau, (Lisboa, 1996); LOUREIRO, Rui Manuel, Fidalgos, Missionários e Mandarins Portugal e a China no Século XVI, (Lisboa, 2000); WU Zhiliang; IEONG Wan Chong, Aomen Baikequanshu [Enciclopédia de Macau], (Macau, 1999); YE Quan, Xianbobian [Colectânea de Virtude e Sabedoria], (Pequim, 1997); Zhang Tingyu Mingshi [História Oficial dos Ming], (Pequim, 1974).
TANG KEKUAN 湯克寬 (século XVI)
De cognome Zhifu (志輔), natural de Heshi (河市), Jinjiang (晉江), Província de Fujian (福建), alcançou o título académico de Wujinshi (武進士) (doutor militar), em 1535. Militar de renome, que se destacou na luta contra a pirataria chinesa e japonesa no litoral das províncias de Zhejiang (浙江), Fujian (福建) e Guangdong (廣東), foi também o principal estratega da operação opressiva ao motim dos marinheiros de Zhelin (柘林), em 1564. Após a vitória sobre os amotinados, propôs ao Supremo Comandante de Guangdong (廣東) e Guangxi (廣西) Wu Guifang ( 吳桂芳) que acabasse com a presença portuguesa em Macau, mas este não aceitou a proposta por motivos vários, dos quais se podem destacar não só o interesse em manter Macau como a via de obtenção do âmbar cinzento e de artilharia mas também os motivos financeiros e de direitos comerciais. É autor de Zhengqitang Ji (正氣堂集) [Antologia da Sala de Rectidão], na qual abundam informações sobre os Portugueses e Macau. [J.G.P. e W.ZL.] Bibliografia: GOODRICH, Carrington; CHAO-ying Fang, Dictionary of Ming Biography, 1368-1644, vol. II, (Nova Iorque, 1976); JIANG Fuyu (dir.), Yu Dayou Yanjiu [Estudos sobre Yu Dayou], (Xiamen, 1998); JIN Guo Ping; WU Zhiliang, Dongxiwangyang [Em Busca de História(s) de Macau Apagada(s) pelo Tempo], (Macau, 2002); ALVES, Jorge M. dos Santos, Um Porto entre Dois Impérios: Estudos sobre Macau e as Relações Luso-Chinesas, (Macau, 1999); LOUREIRO, Rui Manuel, Em Busca das Origens de Macau: Antologia Documental, (Macau, 1997); LOUREIRO, Rui Manuel, Fidalgos, Missionários e Mandarins: Portugal e a China no Século XVI, (Lisboa, 2000); SHAHAR, Meir “Ming-Period Evidence of Shaolin Martial Practice”, in Harvard Journal of Asiatic Studies, n.° 61 (2), (Dezembro de 2001), pp. 359-413; TANG Kaijian, Mingqing Shidaifu yu Aoemn [Mandarins das Dinastias Ming e Qing e Macau], (Lisboa, 1998); USELLIS, W. Robert, As Origens de Macau, (Macau, 1995); WU Zhiliang, Segredos de Sobrevivência O Sistema Político e o Desenvolvimento Político de Macau, (Macau, 1999); YANG Jibo; WU Zhiliang; DENG Kaisong (dirs.), Mingqingshiqi Aomenwenti Danganwenxian Huibian [Colecção Documental de Arquivos das Dinastias Ming e Qing relativos a Macau], vol. 5, (Pequim, 1999); YU Dayou, Zhengqitang Ji [Antologia da Sala de Rectidão], 12 vols., (Jiangsu, 1934); ZHANG Tingyu, Mingshi [(História Oficial dos Ming], (Pequim, 1974).
YU DAYOU 俞大猷 (1503-1579)
No dia 12 de Março de 1666, os mandarins de Heong-San e da Casa Branca, como emissários do Vice-Rei de Cantão, intimaram pela 2.ª vez a cidade para que afastasse os barcos da Taipa. Quebrada para mais longe, pelo que os mesmos foram levados para a enseada de André Feio. Já em 1665 tinham exigido cerca de 5 mil taéis para autorizarem a Macau a navegação. No final de 1666 já eram precisos 150 mil, com satisfação imediata de 30 mil taéis. Como a Cidade não os tinha, pagou “em fato miúdo e outras peças”. (cfr. Ta-Ssi-Yang-Kuo, I, 36, ed. da Fundação Macau, Macau, 1995).
Mandarins de Heong-San e da Casa Branca intimaram pela 2.ª vez a cidade
Personagem: | Ho, Hung-sun Stanley, 1921-2020 |
Tempo: | Após o estabelecimento da RPC em 1949 até 1999 |
1983 | |
1984 | |
1985 | |
Palavra-chave: | Comerciante chinês |
Macaense |
Fonte: | Arquivo de Macau, documento n.º MNL.03.25.121.F |
Entidade de coleção: | Arquivo de Macau |
Fornecedor da digitalização: | Arquivo de Macau |
Tipo: | Imagem |
Fotografia | |
A cores | |
Formato das informações digitais: | TIF, 1427x2000, 8.17MB |
Identificador: | p0004145 |
Caros membros do website "Memória de Macau", olá!
Agradecemos o vosso apoio e confiança ao longo do tempo ao website de Cultura e História "Memória de Macau". A fim de otimizar a qualidade dos serviços a prestar aos membros e proteger os seus direitos e interesses, será implementada, oficialmente, uma nova versão dos "Termos e Serviços" que entrou em vigor a 28 de Abril de 2025. Por favor, leiam o texto completo da versão actualizada. O conteúdo pode ser consultado aqui:
👉 Clique aqui para tomar conhecimento da versão actualizada dos "Termos e Serviços"
Li, concordo e aceito o conteúdo actualizado dos "Termos e Serviços".
Caso tenha alguma dúvida sobre a versão atualizada, não hesite em contactar-nos.
Agradecemos o vosso contínuo apoio e confiança. O website de Cultura e História "Memória de Macau" continuará a prestar serviços aos seus membros de forma segura e conveniente.
Com os melhores cumprimentos,
Website de Cultura e História "Memória de Macau"
Data de actualização: 28 de Abril de 2025
Instruções de uso
Já tem a conta da "Memória de Macau"? Login
Comentários
Comentários (0 participação(ões), 0 comentário(s)): agradecemos que partilhasse os seus materiais e histórias (dentro de 150 palavras).