Filho de Diogo do Amaral e de Domingas Francisca, nasceu em Corvaceira (Viseu) em 1594. Ingressou na Companhia de Jesus a 1 de Junho de 1608, em Coimbra. Ordenou-se sacerdote em Évora, em 1622. A sua longa formação decorreu nos colégios de Coimbra e Évora (1608-1623), e a sua docência como professor de latinidade nos de Bragança, Braga, Coimbra e Évora (1616-1620). Aqui se ordenou sacerdote (1522) e foi destinado, a seu pedido, para a missão do Japão. Em 1623 partiu de Lisboa com um numeroso grupo de Jesuítas chefiado por Afonso Mendes, patriarca da Etiópia, e outros dois bispos da ordem. Em Macau inicia o estudo da língua japonesa, que prosseguiu com êxito entre os colonos japoneses da Cochinchina. Um piloto português ofereceu-se para introduzir Amaral e outros Jesuítas clandestinamente no Japão, mas os ventos trouxeram de volta a nau a Macau. A 1 de Dezembro de 1628, o visitador André Palmeiro escrevia: “Espero que este ano cheguem o Padre Gaspar de Amaral e o Padre Paulo [Saito] japonês e que nos possam abrir a porta para ir provendo, pouco a pouco, aquela missão por esta via de Chincheo”. Amaral ficou na Ilha Verde (Macau) onde deixou crescer o cabelo como o chineses para entrar no Japão sem levantar suspeitas, mas voltou à Indochina, desta vez a Tonquim, como superior da missão, com os padres António Cardim e António Fontes. Ali trabalhou desde Setembro de 1629 até meados de 1638, com uma breve estada em Macau (de Maio de 1630 a Fevereiro de 1631). A pedido do visitador Manuel Dias, Amaral escreveu ao Rei do Laos tentando a entrada do Evangelho nesse reino. A resposta do Rei chegou a Macau a 21 de Maio de 1637 e o visitador designou Amaral e Bartolomeu de Roboredo para fundar a nova missão, o que na realidade foi tentado, ainda que sem sucesso, pelo padre João Baptista B`onelli, em 1638. A 6 de Janeiro desse ano Amaral fez a sua profissão solene em Tonquim. Depois assistiu em Macau à Congregação Provincial do Japão (de 9 a 22 de Setembro de 1638), onde deu conta dos 40.000 neófitos baptizados em Tonquim durante o seu superiorato. A 17 de Novembro de 1640 nomearam-no Reitor do Colégio de Macau e simultaneamente vice-provincial da província do Japão. Em 1642 ofereceu-se para tomar parte na desesperada expedição preparada pelo novo visitador Antonio Rubino, mas o sua oferta não foi aceite. Em 1645 o novo visitador Manuel de Azevedo propôs-lhe regressar a Portugal e substituir o Padre António Freire como procurador, mas Amaral preferiu seguir a vida de missionário na sua missão de Tonquim. Embarcado com outros seis Jesuítas, a nau acabou por se afundar em frente à ilha de Hainão a 26 de Fevereiro de 1646. Apenas se salvou o P. Lubelli, que não sabia nadar. Amaral brilhou pela sua capacidade intelectual e o seu sentido prático e organizador. Dotado em alto grau para as línguas, achou fácil a adaptação ao meio ambiente. Deixou manuscrito um dicionário da língua anamita, que posteriormente foi utilizado por Alexandre de Rhodes. O êxito clamoroso dos Jesuítas em Tonquim durante o seu superiorato deveu-se, em grande parte, ao espírito que soube dar aos catequistas. Baseando-se na tradição Jesuíta dos Dojuku do Japão, aperfeiçoou essa Instituição incorporando nela a vida da comunidade e a hierarquia interna do tipo de instituto laico, formado por professos, membros aprovados, noviços e coadjutores. Pessoalmente distinguiu-se pela sua recusa dos bens materiais para uso próprio. A sua devoção a S. Francisco Xavier levou-o a erigir uma cruz comemorativa da sua morte na ilha chinesa de Sanchoão, com uma inscrição em português e japonês.

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Data de atualização: 2020/04/16