Orientalista e professor dos departamentos de História e Geografia da Universidade de Paris, que 1900 recebe dessa mesma instituição, uma bolsa de estudo para viajar à China, publicando posteriormente Chine Ancienne et Nouvelle: Impressions et Réflexions (1902), cujo terceiro capítulo da primeira parte é dedicado a Macau. O “colorido” e “feliz” enclave, mais agradável que Hong Kong, agrada ao viajante, que descreve a paisagem humanizada dos palacetes da Praia Grande dos grandes mercadores chineses. O passeio marginal, adornado por postes do telégrafo, é o “orgulho de Macau”. Tal como muitos outros europeus, Weulersse visita a Gruta de Camões, afirma que o poeta aí terminara Os Lusíadas e descreve a vegetação e o observatório que então se encontrava junto do monumento, já em ruínas, bem como a Ilha Verde. As (quase) desertas calçadas estreitas, as cortinas nas janelas e uma missa transportam o visitante para a Idade Média, enquanto a igreja de São Paulo é descrita minuciosamente, embora os portugueses a deixem ao abandono. Weulersse assiste ainda a um funeral na cidade económica e comercialmente decadente, ao contrário de Hong Kong, mas bem guardada por sete fortes e militares e assistida por inúmeros religiosos. A maioria dos grandes negócios já não pertencem aos portugueses, mas aos chineses e ingleses, descrevendo o autor uma “quinta” de ópio e uma fábrica de tabaco e outra de chá, bem como uma “Casa di Jogo”, marcas da imagem do território referidas e descritas por inúmeros outros visitantes ocidentais. [R.M.P.]
Bibliografia: WEULERSSE, G., Chine ancienne et nouvelle: impressions et réflexions, prefácio de Pierre Foncin, (Paris, 1902); WEULERSSE, G., Asie, Insulinde, Afrique, (Paris, 1925); CASTELO- BRANCO, Fernando, «Macao During the Last Year of the Last Century», in Review of Culture, n.° 30, 2.a ser., (Macau, Janeiro-Março de 1997), pp. 65-78.

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Data de atualização: 2022/11/03