Congregacionalista e sinólogo que, após estudar no Rensselaer Polytechnic Institut of Troy (Nova Iorque), parte, na companhia do reverendo Ira Tracy, para a China em 1833. Desempenhava as funções de impressor da American Board of Commissioners for Foreign Missions, desenvolvendo o seu trabalho com base em Cantão, onde permanece em instalações fornecidas pela firma norteamericana Olyphant & Company. O missionário é, antes de Elijah Coleman Bridgam, o grande responsável pelo jornal Chinese Repository (editor, impressor e articulista). Em 1835, Williams muda-se para Macau para acabar de imprimir o Hokkeen Dictionary, de Medhurst (1835), mas é a sua obra The Middle Kingdom (1833) que se torna um sucesso editorial. Em 1837, o autor visita o Japão, altura em que começa a imprimir Chinese Christomathy, de Bridgman. Ausentando-se da China, entre 1844-1848 para passar algum tempo na sua terra natal, torna-se intérprete das expedições do comodoro Matthew C. Perry ao Japão (1853-1854), da delegação norte-americana a Pequim em 1855 e assistente do ministro Reed durante as negociações do tratado com a China (1858). Williams regressa definitivamente aos E. U. A. em 1877, cerca de quarenta anos após ter chegado à China, para se tornar um eminente sinólogo na Universidade de Yale, onde ensina língua e literatura chinesas. Na sua obra The Middle Kingdom: A Survey of the Geography, Government, Literature, Social Life, Arts, and History of the Chinese Empire and its Inhabitants [2.ª edição revista, Londres, 1833 (1848) vol. 2, pp. 54-70], fala da vegetação de Macau ao longo das diferentes estações e apresenta a cidade como sendo uma das mais saudáveis da Ásia, devido ao seu clima, longamente descrito por comparação ao de localidades como Hong Kong e Whampoa (Huangpu 黃埔). O autor relata que: “Macao (pronunciado Makow) é um estabelecimento português numa pequena península. [...] A sua posição é bonita e muito agradável; quase toda rodeada de água, e aberta às brisas marítimas […].” O texto refere ainda o sucesso do “governo misto” das administrações chinesa e portuguesa e indica que o porto da cidade (decadente desde a fundação de Hong Kong) se tornara franco, e que a população atinge os 80 mil habitantes, dos quais 7 mil são portugueses. Descreve também as robustas e luxuosas residências dos estrangeiros, de aspecto imponente para quem se aproxima por mar. Na arquitectura, destaca ainda “edifícios notáveis” como a Igreja de São Paulo, os fortes dentro e fora das muralhas, o edifício do Senado e a ilha e o ancoradouro da Taipa. Em «Recollections of China Prior 1840», Journal of the North China Branch of the Royal Asiatic Society, nova série, vol. 8, n.º 8, 1874, Williams volta a falar de outros locais de Macau, como o aviário e os jardins de Thomas Beale. [R.M.P.]
Bibliografia: WILLIAMS, S. Wells, Easy Lessons in Chinese, impresso nas instalações do Chinese Repository, (Macau, 1842); WILLIAMS, S. Wells, A Chinese Commercial Guide, 2.ª edição, (Macau, 1844); WILLIAMS, S. Wells, The Middle Kingdom: A Survey of the Geography, Government, Literature, Social Life, Arts, and History of the Chinese Empire and its Inhabitants, 2 vols., (Londres, 1833); WILLIAMS, S. Wells, “Recollections of China Prior 1840”, in Journal of the North China Branch of the Royal Asiatic Society, nova série, vol. 8, n.° 8, (1874), pp. 1-21; WILLIAMS, S. Wells, Our Relations with the Chinese Empire, (São Francisco, 1877); WILLIAMS, S. Wells, A History of China, (Nova Iorque, 1897); WILLIAMS, S. Wells, A Syllabic Dictionary of the Chinese Language; Arranged According to the Wu-fang yin, with the Pronunciation as Heard in Peking, Canton, Amoy, and Shangai, (Xangai, 1903 [1874]); WILLIAMS, Frederick W., Life and Letters of Samuel Wells Williams, (Wilmington- Delaware, 1972 [Nova Iorque, 1889]); JIANG, Qian, “Samuel Wells Williams and the Attitude of U. S. Protestant Missionaries toward the Opium Trade and the Opening of China, 1830-1860”, dissertação de mestrado (Toledo, 1992); DOWNS, Jacques M., The Golden Ghetto: The American Commercial Community at Canton and the Shaping of American China Policy, 1784-1844, (Bethlehem, 1997).
Comentários
Comentários (0 participação(ões), 0 comentário(s)): agradecemos que partilhasse os seus materiais e histórias (dentro de 150 palavras).