Pioneiro e religioso norte-americano nascido em Herkimer, no ano de 1809. Em 1832, Hines muda-se para Cattargus (estado de Nova Iorque), entrando no Ministry itinerante da Igreja Episcopal Metodista (Genesee Conference), onde permanece até 1839, sendo nomeado, pelo bispo Hidding e pelo Missionary Board dessa mesma Igreja, missionário em Oregon. O religioso pioneiro parte, a bordo do Lausanne, de Nova Iorque, em 9 de Outubro desse mesmo ano, passando pela América Latina, chegando a Vancouver (Oregon), zona 'de fronteira’ então habitada predominantemente por índios, em Junho de 1840. Hines explora a região do vale de Willamette, sendo encarregado, em 1843, da missão de Willamette Falls. Dois anos mais tarde, o missionário regressa a Nova Iorque, via China e África do Sul, voltando a trabalhar na Genesee Conference, sendo transferido, de novo, para Oregon, em 1852, zona sobre a qual escreve obras como Missionary Expedition to Oregon e Oregon and its Institutions. Hines é ainda patrono da Universidade de Willamette. Na obra A Voyage Round the World· With a History of the Oregon Mission: and Notes of Several Years Residence on the Plains, Bordering the Pacific Ocean: Comprising an Account of Interesting Adventures Among Indians West of the Rocky Mountains. To Which is Appended a Full Description of Oregon Territory, its Geography, History and Religion; Designed for the Benefit of Emigrants to that Rising Country (1850), o missionário da Igreja Episcopal Metodista descreve a breve estada em Macau quando da viagem de regresso a casa (1845). O capítulo XIV intitula-se 'Voyage to China”, e, nas páginas 268-270, refere as actividades missionárias do Reverendo Robert Morrisan, bem como a história da sua chegada a Macau, o seu legado e as instituições religiosas em Hong Kong, informando o leitor acerca do estabelecimento das missões não católicas em Hong Kong, pouco depois da fundação inglesa do território. Permanecendo três semanas na colónia inglesa, Hines viaja para Macau, em 15 de Dezembro de 1845, a bordo de um fast-boat, através de um 'labirinto de ilhas', chegando ao Porto Interior ao cair da noite. A bagagem é inspeccionada pela alfândega, dirigindo-se os visitantes para a cidade por entre ruas estreitas, ladeadas de altos edifícios, estabelecendo-se na casa em que são acolhidos pelo Reverendo Dr. Happer, missionário do Presbyterian Board, que estabelecera uma escola, onde ensina inglês a cerca de 25 jovens chineses e onde um adulto nativo lhe ensina 'chinês'. O autor descreve sumariamente o enclave, como sendo uma vila portuguesa com 40 mil habitantes, dois quais 35 mil são chineses e cinco mil portugueses, na sua maioria mestiços (apenas algumas dezenas naturais do reino). O leitor é informado que os portugueses pagam um foro anual aos chineses pelo privilégio de aí residirem, encontrando-se a cidade sob o poder dos últimos. O texto resume a história do estabelecimento dos lusos no território há mais de trezentos anos, sendo daí que os primeiros missionários entram na China. A cidade sob domínio dos portugueses é 'papista” e tem vários conventos, sendo os inúmeros padres vistos em todas as partes da cidade. A crítica do missionário metodista é adensada pelo campo semântico negativo com que a dimensão religiosa de Macau é descrita, sendo no entanto os católicos de Macau mais tolerantes, quer em princípios quer na prática, do que qualquer outro católico no mundo, pois durante a missa na véspera de Natal, os norte-americanos visitam três 'esplêndidas' igrejas na cidade, não sendo forçados a ajoelharem-se em nenhuma delas. Relativamente à Guerra do Ópio, o autor afirma que Macau se manteve neutral, tendo-se desenvolvido mais nos seis anos dos conflitos do que em qualquer outro período. No entanto, a assinatura da paz anglo-chinesa, dentro das suas próprias muralhas, foi um golpe mortal para a sua prosperidade, pois Hong Kong obscureceu o enclave em apenas cinco anos. Relativamente aos 'locais de interesse', o mais importante é a Praia Grande. O passeio marginal é descrito como um local cosmopolita, onde se podem encontrar, todos os dias, portugueses, ingleses, franceses, espanhóis, americanos, alemães, chineses, indianos, parses, havaianos, misturando-se numa única multidão, 'deleitados com o cenário circundante'. O segundo local a visitar é o Bazar, o mercado da zona chinesa da cidade, onde se podem adquirir produtos locais, entre os quais fruta e uma admirável diversidade de carnes, nomeadamente de cão, gato, ratos e sapos. De seguida, o viajante descreve os rituais de culto e o edifício do templo 'pagão' chinês, bem como os jardins da Casa Garden; são ainda elogiados os passeios à sombra, a fauna e a famosa Gruta de Camões. O autor repete, à semelhança de muitos outros viajantes, o 'mito' em torno da estada do poeta na cidade e da escrita de parte de Os Lusíadas no local, criticado devido às 'obras artificiais' que o rodeiam. Os fortes contêm inúmeras armas, algumas datadas de 1625, merecendo o altaneiro 'Central Fort' e a vista que daí se tem, a subida do monte. Na descrição do enclave apresentada pelo autor são veiculados, sobretudo, uma preocupação e um olhar religiosos, o que se entende facilmente se tivermos em mente o contexto em que a visita do missionário norte-americano é realizada. Hines faleceu em Salem (Oregon), no ano de 1873. [R.M.P.]
Bibliografia: HINES, Reverend Gustavus, A Voyage Round the World: With a History of the Oregon Mission: and Notes of Several Years Residence on the Plains, Bordering the Pacific Ocean: Comprising an Account of Interesting Adventures Among Indians West of the Rocky Mountains. To Which is Appended a Full Description of Oregon Territory, its Geography History and Religion; Designed for the Benefit of Emigrants to that Rising Country, (Bufalo, l850).

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Data de atualização: 2023/06/14